A borboleta e a luz


juntas

Recordo um texto de um manual escolar. Era ainda criança e o texto apesar de simples motivava alguma subjectividade poética em crescimento.O texto falava na noite escura e da borboleta que encontrou um luz forte irresistível, longínqua e tentadora.

A luz brincava e dançava, hipnótica chama pela borboleta que esvoaçou ao seu encontro, levada pela beleza da luminosidade no meio da escuridão. A borboleta estava confusa pois nunca tinha visto nada de tão belo na sua efémera vida e num impulso seguiu aquilo que de mais belo vislumbrava no negro da noite.

Aproximou-se rapidamente num voo gracioso e à medida que se aproximava, rodopiava feliz, pois aquele branco amarelado subia de intensidade, apagando os resquícios de sobras e de negritude que imperavam na noite. Cada vez mais a luz da chama brilhava mais intensamente e o seu calor fazia-se sentir terno e acolhedor rompendo com o frio nocturno.

A borboleta feliz e ofuscada, já extasiada, não podia deixar de voar em direcção àquela sensação que a enchia de prazer, deslumbrada pelo brilho cintilante e pelo calor que emanava a chama.

O texto terminava, não me recordo concretamente como. Talvez a borboleta queimasse suas delicadas asas nas chamas da vela, talvez louca insistisse em embater no vidro do candeeiro num frenesim de demência. Prefiro pensar que a bolboleta mergulhasse na luz, embebida em prazer, abraçada pelo branco e o calor que emanaria também. A borboleta tornar-se-ia também essa luz, essa chama que a atraiu tanto.


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