Roma e Pavia


Começa um novo ano e voltam as promessas de uma nova forma de estar na vida. Contabilizam-se sucessos ou fracassos dos últimos trezentos e sessenta e cinco dias e lançam-se objectivos pouco claros baseados em sonhos íntimos.

A experiência diz-me que nenhum ou quase nenhum desses sonhos objectivados se concretizara, mas mesmo assim sinto a necessidade de colocar essa atitude derrotista para trás e olhar em frente, imaginar novos horizontes que estão ao virar da esquina prontos para serem concretizados. E se o passado nos ensina algo, deveria ensinar que cruzar os braços tem sempre uma consequência expectável que é um incontrolável nada.

No sentido de parametrizar cientificamente os meus objectivos de 2019 será importante escreve-los, consubstancia-los em palavras escritas e não serem apenas pensamentos desconexos empilhados de forma desordenada. Torna-os mais eficientes e simbólicos das minhas necessidades como ser humano, homem e pai e filho. Independentemente da minha idade, das minhas convicções e do meu grau de motivação é urgente priorizar e definir aquilo que eu quero e desejo materializar para o ano corrente. A parte mais difícil é encontrar nessas listas as dificuldades que se deparam logo à partida e encontrar itens que a primeira vista parecem ter obstáculos impossíveis de superar. Eu que sempre tive uma matriz mais pessimista de encarar os obstáculos sofro e sofrerei de um síndrome de desmotivação que me mergulha num mar de preguiça e procriastinação quase incontornável.

Este ano quero encarar toda esta época deprimente de uma forma mais produtiva e realista: as grandes metas não se alcançam sem passar por metas intermédias. Como a celebre frase atribuída a Mao – Uma viagem de mil milhas começa por um passo – e é exactamente nesse passo ou passos que devo focar a atenção e vontade de superação. Começar a caminhar e não focar nas mil milhas que faltam, mas sim nos passos para a jornada diária que deveria conseguir caminhar hoje, para que num futuro próximo essa distância quase irrealizável seja atingida. Se hoje fizer um milha, amanhã estou mais perto do que hoje para atingir esse sucesso que desejo. Um marco de cada vez, passo a passo com mil pequenas vitórias rumo ao sonho que afinal não era impossível, mas que exigia trabalho e perseverança.

E é neste pensamento de encarar o copo como meio cheio e não meio vazio que se enche gota a gota que devo focar o meu animo e vontade. Afinal Roma e Pavia não se fizeram num dia.


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