Julho 2008

Navegando em mares recorrentes, sem nenhuma água salgada na companhia das mulheres da minha vida, foi uma experiência nova e alegre. Muito me apraz pensar que sou um gajo afortunado e que o destino me foi muito favorável, na vida confortável que me reservou.

Com horários rígidos e responsabilidades diferentes a minha praia foi aproveitada a conta-gotas e o solário foi o solução recorrente. A calma e o descanso pautaram um gosto pela preguiça e pelo prazer de estar a viver um doce sonho.

Mas além do mar salgado, tive ainda tempo para desfrutar da urze raiana, das longas viagens entre as três fortalezas fronteiriças, por entre ondas de vales e montanhas. As cidadelas estavam lindas, bem cuidadas e remontavam a um presente orgulhoso do passado, agradável à vista e aos turistas.

Foi bom , terno e curto.

Um bom período de férias em família é motivo de regozijo, nem que seja por um espaço temporal reduzido. Deliciei-me com um proverbial dulce fare niente na companhia dos dois seres que mais amo.

Agora sei que o tempo é algo de muito escasso, que a vida é, tal como o tempo escassa e irrecuperável. Sendo assim nada como parar para saborear cada instante presente e abstrair de todas as distracções temporais do passado e futuro.

Tal como o mestre me relembrou, devemos valorizar o presente e abstrair das ânsias fictícias do futuro e ignorar os fados passados. O caminho do meio, do presente. Nada nos desgraça mais que o peso de trazemos escusadamente do passado, ou por nos preocuparmos com conjecturas voláteis para futuros remotos. No meio desta presença pouco definida da mente no espaço-tempo esquecemos de sentir no nosso espírito o presente, a única e verdadeira faceta da realidade.

Por isso vou-me esforçar por me situar mais no presente vivido e real, sentir a vida tal como ela é, sentir a comunhão com o eterno que só se pode ter no momento presente.