Dezembro 2015

A política interessa-me e simultaneamente dá-me um enorme nojo. Primeiro porque gere o presente, o nosso dia-a-dia, direta ou indiretamente, e além disso é uma espécie de planear do futuro que envolve toda a nação. Porém a repulsa que me apoquenta é enorme e prende-se com as personagens que temos na campo político que temos.

Depois das eleições assistimos uma guerra palaciana, entre ajuntamentos improváveis e compadrios insólitos, agendas ocultas e insultos. Dramas teatrais com tomadas de posse de governos de duas semanas e a atitudes de um Presidente da República que mais parecia um dirigente desportivo. Tudo se jogou debaixo da mesa e os perdedores que se acharam vencedores fizeram birra.

Foi talvez demasiado triste e deixou óbvio que por detrás de divisões de doutrina e ideias políticos apenas se escondem egos e ambições e não o civismo e cidadania que são a génese do que idealizamos por democracia.

Não nos enganemos que o que chama um líder ao poder não é o dever de estado, mas sim a ambição de poder, mas atualmente neste Portugal infelizmente não há líderes. Tão só não há líderes, como também os que tentam fazer esse papel não passam de técnicos maquiavélicos de intrigas de bastidores. São pessoas que fizeram carreira na política sem darem mostras de nenhum predicado a não ser a retórica, troca de favores e movimentos de bastidores. São tão só lambe-botas que chegaram ao poleiro. E como é só isso que são capazes de fazer, seus únicos predicados, tornam-se dirigentes de um país totalmente incapazes de governar e fazer reformas necessárias.

E assim parece que a nossa democracia se vê mergulhada num ciclo vicioso de governos medíocres e ausência de lideres capazes. Mas pensando bem esse foi sempre o cariz da história portuguesa: somos um país e um povo com potencial desbaratado por chefes incapazes.

Faz já umas longas seis semanas que me vejo impossibilitado de correr. Num dos treinos noturnos tardios em que me propunha a fazer uma leves 10 km urbanos eis que a desviar-me de o camião do lixo e dos funcionários de recolha de resíduos urbanos não vi que o asfalto da rua estava armadilhado e fiz um entorse no tornozelo esquerdo. E como um principiante apesar de ter esmurrado todo ao deslizar pelo chão tentei ainda voltar a correr. Dez metros depois percebi que a aquela corrida acabara e que me esperavam dos dolorosos quilómetros a marcar até casa.

Passados estes dias todos sinto o corpo entorpecido e a reclamar por uma boa corrida. Mas pior é a minha mente que exige o relaxante exercício e passeio higiénico de uma corrida, como se o meu cérebro fosse já um junkie pelo running.

Já sabia que correr pode ser tornar uma espécie de dependência, salutar mas um vicio onde as endomorfinas que a corrida origina abastecem o cérebro de boas sensações durante e após a corrida.

Privado da minha fix além de acumular um quilogramas a mais tenho também que me deparar com as pequenas depressões da ressaca da corrida. Não vejo a hora de me sentir capaz de fazer meia milha sem sentir o meu tornozelo a ser trespassado por agulhas de tricot. Resta-me ser paciente e esperar.