O meu tempo foi sempre demasiadamente fugidio devido a minha incapacidade de ter um saudável gerir do tempo. Sou sempre um descuidado e acelerado, deixando escapar entre os dedos sempre momentos e unidades de tempo preciosas que no meu espirito deixam a sensação de terem sido perdidas.
Cada vez mais tenho a ansiedade voraz e um apetite ávido por consumir cada segundo naqueles momentos mais importantes, como se houvesse um medo deles não se repetirem, ou não ter a hipótese de os gozar novamente. Esta sensação de não querer esbanjar o meu tempo de vida é também um perigo de na sofreguidão destruir o pleno saborear, castrando a sua essência e valor.
Talvez a vida tenha sido feita para ser desfrutada com temperança, de forma plena e em equilíbrio mas também sem estar languido refastelado ao sol, à espera que nos caia do céu o maná muito generoso para o esforço praticado.
Uma coisa podemos ter como certa: a areia da ampulheta não cessa de cair até ao momento que se esgotar. E é com esse axioma que posso contar, reavaliando alguns dos meus momentos mais sofregos ou mais apáticos.