O último dos Lellos


O último dos Lellos

Não será propriamente uma raça em extinção, mas é certamente um caminho difícil que muitos não querem seguir. Não é fácil trazer a casa e os pertences numa mala de cartão e buscar um novo paradeiro, onde afinal não se vai parar.

É a raça e a força interior dos que não vacilam perante os novos desafios e suportam a crueldade do constante abrir e fechar de portas. Talvez o gozo de abrir novas portas e não saber o que está do lado de lá seja a pimenta da vida, mas há sempre aquela bofetada seca quando se ouvem as dobradiças a ranger e a porta a bater. É o sabor do sangue que jorra no nariz depois do baque, que dói bem alma, apesar do trilho que já seguimos.

E muitas portas se têm fechado ultimamente, mesmo para aqueles que menos o merecem.

Mas como um petiz que começa a dar as primeiras pisadas sem andarilhos, cai-se levanta-se, volta-se a cair, tropeçar, esfolar as mãos e os joelhos e a exibir um belo galo na testa, e volta-se a erguer com um sorriso da descoberta e da vontade e levantar-se o orgulho e o corpo até não se cair mais. Até correr e correr.