Sobre despedidas


As despedidas são difíceis. A dificuldade de meter uma desejada pedra no assunto para que aquela situação penosa não se arraste funde-se com a sensação de perda que queremos recusar.

Ontem fui-me despedir do astrólogo inglês, numa noite tórrida, numa esplanada repleta de turistas. De certa forma tendo a tornar-me emotivo demais no que toca a dizer adeus seja a quem for, e tendo em conta que o considero um amigo que tem tido alguns infortúnios senti-me ainda mais com um aperto no coração.
Definitivamente odeio despedidas, não só pela sua significância de partida, de rotura e descontinuidade, mas também pelo embaraço. Não há despedidas alegres, apenas existem despedidas menos dramáticas, onde implicitamente se tenta contornar algum desalento e tristeza com alguma força de vontade.

Mas apesar de dolorosas, todas as despedidas são necessárias pois sustentam a nossa evolução e marcam uma espécie de sombrio enterro que nos ajuda a formar resistência e vontade de seguir novas aventuras. São o necessário marco para interiorizar uma nova ausência física ou metafísica, um reorganizar de sentimentos.
Mas ficará sempre a saudade.


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