mental

Recentemente tenho me encontrado em situações que me recordam o que há uns bons anos aprendi a muito custo: se tu te mostras com um temperamento pacífico muitas pessoas te vão encarar como um fraco.

Na nossa sociedade competitiva, ser paciente e apaziguador é interpretado como uma falha de carácter, não como um predicado que se constrói conscientemente. Alguém que não responde a uma provocação e visto como acovardado ou sem poder de decisão e não por alguém que percebeu que pelo caminho do conflito e até da violência não se consegue criar.

Embora eu reconheça que tenho um pouco de passividade em excesso – um dos meus principais defeitos – maioritariamente tenho preferido viver de uma forma que me afasta da resposta emocional, o tal sangue quente latino, e prefiro encontrar na minha mente a resposta racional ponderada para as grandes e pequenas equações da vida. É uma tentativa de ter uma vida mais iluminada e menos reativa – a mente a tentar sobrepor-se ao animalesco que gere a nossa vida.

Tentar racionalizar leva a um processo mental como que meditativo que não se projeta o «Eu» , as nossas vontades e expectativas nos outros que nos rodeiam – como a criança que se julga o centro do universo – e busca-se o equilíbrio interno e externo. Porém isto não é nada fácil quando confrontado com as situações que nos rodeiam e o que os outros entendem de nós. A ideia que somos frágeis e «bons», tipo cordeiros ou lobos ómega – leva a comportamentos mais agressivos de impulsividade animalesca de certas personalidades, numa falsa sensação de superioridade. E apesar de me imiscuir de procurar conflitos há momentos que em que não podemos ser tidos como o ómega da alcateia. É preciso mostrar os dentes e delinear um limite, sobpena de sermos usados como saco de pancada.

Apesar de todas as mudanças e metamorfoses que me tenho obrigado, algo não consigo alterar: a minha incapacidade de descanso propriamente dito. Ultimamente só paro quando os meus ossos já não se movem nas articulações ferrugenta e os músculos estão tão tensos que tremem.

Não sei se este meu ardor é permanente, mas o desgaste é preocupante. Mesmo durante férias sou incapaz de dormir mais de umas seis horitas, só passando esse valor quando tenho vários dias acumulados sem esse valor mínimo. Apesar de cansado, exausto mentalmente a minha mente fervilha, mesmo que desatenta. Estou permanentemente a Leste.

Não é um stress crónico, muito pelo contrário é um estado de vigília, do prazer de existir consciente, mesmo que as barreiras mentais e físicas já se tenham quebrado. Dou por mim só a adormecer apenas quando a hora tardia não me garante nenhum descanso susbtancial e já estou tonto de cansasso.
Acumulando todas essas horas infindáveis, de desgaste emocional e profissional, carrego às costas milhares de horas que deveria ter dormido. Tenho sono e estou cansado. Mas a vida tem pavio curto e por isso há a velha máxima:

descansarás quando estiveres morto.