Este calor abrasador é uma benção, mas repercute-se nas oscilações dos meus humores. Lembra-me a América do Sol, dos timmings mais relaxados, de noites aprazíveis e longas. De conversas languidas e olhares indiscretos.
Fez-me bem massacrar M. por uns dias de férias e descanso, abstraído de pequenas coisas que me roem o juízo. Soube bem estar longe, voar na A8 e A1, ter topado a tempo o carro descaracterizado da Brigada de Trânsito (ainda bem que aquelas camisas azuis não enganam ninguém), ouvido as experiências de duas simpáticas estagiárias de Jornalismo, partilhado umas horas pacatas com amigos.
Mas um Verão quente é sempre um Verão quente, e a minha costela Beirã chama-me à natureza e a um ritmo de vida lento no estio. Como tenho um ganha-pão pouco compatível com este tipo de vivência, fico algo taciturno. De certo uns ares de festa Joanina resolverão esta questão.
Ontem acordei algo ressacado, após uma noite algo movimentada no talho da cidade. Verificar uma despedida de solteiro feminina, acabando por ser um encontro bem aprazível, pode ter os seus encantos, mas se se torna um hábito não tem piada nenhuma. Nunca percebi bem esta tradição das despedidas de solteiro: alguém (em geral os amigos ou amigas conforme o sexo de quem se vai enforcar) quer apenas um pretexto para deambolar por casas de má fama, um cometer alguns pecadilhos visuais ou tácteis com stripers ou afins. Felizmente as meninas não estavam assim tão entusiasmadas, e acabou por ser bastante revelador.
Felizmente ontem estive a dormir na minha casinha, enquanto aquele sol da beira-mar me queimava através de um protector solar de factor 30.