O ás de copas e as três damas


É difícil manter a serenidade ou o equilíbrio quando se está perante situações limites ou pelo menos não esperadas. Infelizmente é essa a minha história durante as últimas semanas, que já se acumulam em meses. Dir-se-ia que estava predestinado a ser um fim de Inverno e inicio de Primavera fulgurante e quase cruel para mim.

Tenho de facto perdido a calma e só às custas de algum auto-controle que me resta e de algumas horas de reflexão semanais é possível não ansiar por um Xanax ou um Prozac como forma de acalmar os ânimos. É difícil ser solicitado e solicitar alguém que se gosta, sem que as emoções sejam levadas ao extremo. Mas mais difícil é fazer isso em três frentes, sem saber para qual o nosso interesse vai com mais fulgor.

Mas mais difícil ainda é tentar não cair nas artimanhas do jogo, tentando ganhar tempo para ver para que lado pende o coração e as ideias. Fazer assim um malabarismo muito ao estilo de triplo-salto-mortal sem rede, nunca foi a minha maneira de ser.
Tento jogar limpo e fazer contorcionismos extremos para que nenhuma das três bolas caia ao chão, mas a tarefa é cada vez mais complicada, e sei no fundo que me arrisco a deixar cair as três bolas sem agarrar nenhuma.

Mas o mais difícil de tudo é não pensar nas três, é não tremer quando o telemóvel toca, é imaginar uma agenda algo pesada aos fins-de-semana, que acaba invariavelmente numa ou em duas noites de euforia, com uma pesada divida e cenas de ciúmes no dia seguinte.

Por isso abraço com grande satisfação a ideia que vou conseguir fugir por uns dias rumo à terra da Vera Cruz, só que infelizmente não me parece que consiga manter as bolas no ar até lá.

Estou baralhado e a minha mão está a ficar sem trunfos. Não me lembro se o Ás de copas já saiu e estou com o terno e a manilha de copas… e é a minha vez de jogar!


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