Resta o tempo


Resta o tempo e uma nova vida resplandece.

E depois dos festejos carnavalescos com perucas e equipamentos afis, nas terras famalicenses, volta-se a tentar juntar os ossos e recuperar as maleitas de duas festanças quase seguidas. O tempo passa ligeiro e as semanas sucedem-se, umas mais banais e rotineiras, outras cheias de dramatismo e comédia do teatro da vida.

G. permanece um ponto de referência e cruza-se comigo quando menos espero. Aqui, ali, acolá. Como se nada de previsto servisse para nos juntar de forma estranha como um conjunto de encontros clandestinos. Seus olhos me hipnotizam e sempre sinto como que um grito estranho da sua alma, mas que nunca concretiza no exterior e eu não me sinto com forças, ou à vontade para lhe arrancar cá para fora. É sempre noite, é sempre fashion, é sempre dois mundos à parte.
E eu ainda não pulei. E há sempre um nó por desatar nas nossas vidas que sabemos que podia ter sido simples de abrir.

As últimas semanas foram ensombradas pelo desassossego. O Meu Muito Caro Inspector P. foi finalmente pai. Mas logo após as felicitações ouve a sombra do anjo negro rondando Ana para desespero dos jovens pais. Nessas alturas de suspense pouco à a fazer senão dar o nosso apoio e partilhar a nossa sincera apreensão, dando algum conforto e apelando à Fé e Esperança.
Deixo-me abater quando a roda do destino anda à roda, deambulamte para um desfecho. De todos os males a saúde é o mais estranho. Escapa-se ao nosso controlo para lá de um aspecto causa/efeito. Como a lotaria é uma questão de chances. Temos a cautela e resta-nos esperar.

Felizmente a bebé reagiu e conseguir dar algum animo e felicidade aos alarmados e traumatizados pais que agora se desfazem em mil cuidados e receando perigos vindos do nada.

Resta o tempo e uma nova vida resplandece.