Expresso

Agora tenho uma constante sensação que estou a ter um daqueles sonhos em que tudo parece maravilhoso. Os cenários são Technicolor, a música lounge, as pessoas encarnam sabedoria. Tudo se completa em harmonia.

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Os seus delicados dedos deslizavam acariciando o teclado do piano, tacteando e antevendo a melodia que em seguida ira tocar. A sua timidez fazia que estivesse corada perante um público novo. E era só eu que me ia deleitar com os acordes suaves da sonata que a encantara durante longuíssimas horas e inúmeras aulas na sua adolescência.
Quando os acordes soaram suaves e fluidos, com uma mestria singular naquele piano castanho sem cauda de que nunca gostará, pressenti o seu nervosismo desvanecer, e deleitando-me com a música senti-me comovido e ávido por beijá-la nos lábios ternamente quando acabasse de tocar para mim.

Sonhos Urbanos

Acho o nevoeiro fascinante pela sua aura de desconhecido e encoberto que encera.
O que a mente não vê, está escondido por um manto branco de nada que se afasta à medida que nos aproximamos, como que se fugisse. É como umaparábola física, do que buscamos e que só à medida que está perto se vai desvendando, e de como o que estava escondido afinal esteve sempre ali, e nós e que não oconseguíamos ver.

O tempo é como a areia que se escapa entre os dedos. Depois das três décadas tudo parece escapulir, tornar-se vertiginoso e perigosamente rápido, num suceder de dias, meses, estações e até anos. Dou por mim a braços com uma memória em que a cronologia começa a ficar confusa – seria há seis ou sete anos? Foi antes ou depois de… ?

Este sinal de que o meu tempo já se escoa faz-me lembrar-me o quanto ele é preciso e o quanto se torna tormentoso saber que ele se estoura em banalidades.



Uma beleza como a tua não se encontra todos os dias. Alias só uma vez na vida a beleza nos toca assim.

Os seus despertares sempre tinham sido partos diários de constrangimentos rumo a uma inevitável rotina sem esperança. Mas o seu olhar, apesar do silêncio da correria da azáfama dos preparativos para ir para o emprego abria rasgos de esperança.
Mas com ela tudo mudara. Não existia mais a sensação de mais um dia como os outros, e sim a bênção de ter um dia mais a seu lado. Enquanto se vestia apressadamente, já se sentia afortunado por saber que o início do dia já valera a pena por a ter tão perto de si.

Sonhos Urbanos

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Ao observa-la a dormir, sentia sua serenidade e beleza amena. Não se sentia mais só, e lutava para não a despertar com beijos, fazendo uma vigília de deleite. Ela ali a seu lado, frágil mas protegida, enroscada em seus braços, sentindo a sua respiração quente e profunda, o pulsar do seu coração tão próximo era um quadro petrificante de emoção e êxtase. Talvez não merecesse ser tão feliz naquele momento tão íntimo com uma mulher tão deliciosa.
A sua mente cavalgava pensamentos de ternura e felicidade, trotando sem resquicios de sono na luz do amanhecer que furava através das janelas do quarto. Desejava que a manhã não avançasse até ao momento do acordar em que se separariam rumo a um quotidiano diário que agora significava um ciclo de separação insuportável até à próxima noite. Queria que a noite fosse eterna, uma noite sem fim dos amantes.

Sonhos Urbanos

Os sinos dobram em ocasiões especiais. Hoje ouço carrilhões que tocam intensas e vibrantes melodias. Meu espírito vibra ao som de pesados badalos que fazem o bronze do minha alma tremer, abalando toda a estrutura do meu ser e deixando todas as fibras do meu corpo ultra-leves.

As palavras não são capazes de suster o peso das emoções fortes, nem milhares de frases podem descrever com autenticidade as imagens que ecoam na minha mente.

Como na música do Chico Fininho, só por leviandade se pode sorrir assim, – mas não o posso deixar de o fazer.

Quando a revi ao longe, não quis acreditar que todos aqueles sentimentos de puro deslumbre estavam reactivados. A sua beleza singela despertava de novo em mim aquela atracção intimidadora que eu sabia que em pouco segundos me iam tornar numa amiba embasbacada. Respirei fundo e segui em seu encontro. Não era mais tempo de não olhar olhos nos olhos uma mulher bonita.

Sonhos Urbanos

Kilas o mau da fita

De memórias suadas, carne mole, medos medíocres, vícios e nicotina, surge Kilas – aturdido pela pequenês do físico, tacão alto a deitar figura, de arrogância por medida.