Na época natalícia que passou não posso afirmar que foi uma época muito especial e repleta de felicidade. Mas não se trata de finalmente ter descoberto que o Pai Natal é uma grande patranha e que quem o vestiu e promoveu como ícone desta altura do ano tão especial foi a Coca-Cola Company. Provavelmente a MacDonalds, ainda não existia na altura, senão poderíamos ter os palhaço Ronald a descer pelas chaminés dos meninos em todo o mundo para distribuir presentes e os patéticos oh-oh-ohsss.
Mas não odeio o estilizado velhinho barbudo (que pode até estar relacionado com o escandalo da Casa Pia), nem as suas renas amestradas e o resto do freak show que inclui duendes no Circo do Pólo Norte. A tenda é outra e não posso defender que o Equinócio de Inverno não me afecta. Nota-se o calor humano, o reencontro de famílias e amigos, a palavra da paz e esperança transbordam e espalham-se pelo povo católico.
Há sempre uma esperança, mas que é transporcada e estripada pelo consumismo desenfreado e pelos seus apelos circunstanciais, as solicitações de última hora.
As prendas, as prendas, as prendas e mais prendas. Os $ifrões, os $ifrões, os $ifrões e mais $ifrões. As compras, as compras, as compras e mais compras.
Parece que tudo se resumiu a isso. E nada como pensar desta maneira algo lúcida para se mergulhar numa revolta contida numa apatia invernal. Venha o próximo s.f.f. Em Novembro de 2003 temos mais.
Mas a canção do Natal não tinha apenas uma letra que falava de misérias humanas.
Houve um ou outro verso que fugia ao refrão. Deram-se dois grandes jantares da praxe, com amigos que estão muitas vezes perto do coração mas longe da vista. A um deses jantares tive o infortúnio de calhar no mesmo dia que a D.Deolinda faz anos, o que me fez chegar só para a sessão de anedotas. O outro foi uma orgia digna do deus Baco. Dizem as crónicas que ele agora anda disfaçado de menino Jesus e os três Reis Magos são as concorrentes a Miss Playboy Portugal… N. até consegui embater nos 130 cavalos ao sair da garagem da vivenda, que obrigatoriamente o inspector P. e Q. queriam investigar.
Era preciso ver que já tinham sido 6 botelhas e as meninas tinham um bilhete a avisar que chegavam só às 4 da matina. Escusado será dizer que estive mais morto que vivo no dia seguinte no escritório.
Depois o Nokia começou a tocar, a apitar. Parecia parvo, debitando telefonemas e SMS´s a torto e a direito de old friends, alguns deles que até já não tinha contacto. Ví-me a dar cabo do meu saldo também. Era a febre que eu também adiro com facilidade. E também ví o meu irmãozito depois de uma longa ausência sem dizer água vai. Como é costume fez umas borradas e tem as suas crises de consciência, saindo da sua Cuba adoptiva para regressar a República por uns dias. Foi uma boa prenda de Natal! E as mensagens das gajas também! Especialmente de…
E depois, o ano aproxima-se do fim. Mas isso é uma outra história.