2014

Toda a empresa precisa de gente que erra
Que não tem medo de errar
E que aprenda com o erro.

Bill Gates

Depois do circo mediático ter assentado o seu arraial em torno da prisão preventiva do ex-primeiro ministro José Sócrates é inevitável pensar que a nossa democracia está a ser posta à prova.

Recordo-me que na história, casos como este, em que um ex-governante vai preso por indícios evidentes de enriquecimento ilícito levaram ao colapso das instituições e por conseguinte do próprio estado. Nem vale pena falar no caso em si, na personagem abjeta que durante uma década dominou a politica portuguesa, mas sim reflectir como é que é possível que a cultura politica portuguesa esteja repleta de Felgueiras, Isaltinos Limas, Varas e agora Sócrates em que aparentemente desde o presidente da Junta até ao Primeiro Ministro e qui ça, até o Presidente da República gosta de enriquecer às custas dos cargos públicos que exercem.

Não sou pessoa para atirar a primeira pedra, muito menos para achar que esta situação seria impossível – só que estivesse em coma nos últimos vinte anos e acordasse hoje acharia isto estranho; mas acho que chegamos a uma situação de descrédito tal que a democracia está terrivelmente ferida. Os danos feitos pelos tachistas incompetentes que se fazem passar por líderes e pelos carreiristas partidários e jotinhas que aguardam a sua vez de chegar ao poder pôs em causa a credibilidade da republica portuguesa – isto para não falar na falência do Estado – e se não fôssemos nós gente de brandos costumes (leia-se carneiros) teríamos há muito tumultos e quem sabe um ou outro golpe de estado por forças extremistas. Isso seria o normal noutros países, mas felizmente ou melhor pensando infelizmente não sucede em Portugal.

Neste jardim à beira mar plantado desde que se vai a votos há caciques e os enganos da rotatividade partidária – desde tempos Queirosianos – extrapolados no período republicano de há 100 a 90 anos atrás. Depois tivemos um fascismo provinciano de embrutecimento das massas e favorecimentos das elites governativas que durou quase meio século – sistema que só sucumbiu por um golpe militar algo estranho nos cânones das revoluções. Um 25 de Abril de panos quentes e muitos comícios utópicos que deu lugar a um novo bipartidarismo disfarçado que descreve a nossa existência democrática dos últimos quarenta anos.

A justiça portuguesa, famigerada pela sua ineficácia processual, pelo desmesurado poder dos meritíssimos e intocáveis juízes e pela teatralidade da barra do tribunal gordurosamente burocrático, vem agora a jogo em inúmeros processos contra corruptos e corruptores, mas que a mim, mais se assemelha a um foguetório mediatista do que ao natural decurso e independência do poder judicial.

Uma democracia para subsistir necessita por definição de três poderes separados e que garantam o correcto funcionamento dos outros três, numa simbiose que permita que o estado represente as aspirações do seu povo. Do povo e para o povo.

O equilíbrio do poder executivo, legislativo e judiciário em Portugal esta claramente em rotura, por inúmeros problemas a começar por uma Constituição cheia que boas intenções e virgulas a mais e que permite que o estado seja gerido a toque de pandeireta ou a marcha militar conforme a interpretação do leitor. O código penal é uma piada e o código processual parece que está cheio de vales do monopólio de sair da cadeia que advogados bem pagos sabem explorar ao limite. O poder executivo está nas mãos de um chamado bloco central que está contente com a apatia do sistema que permite graças ao clientelismo e clubismo dos eleitores que haja uma rotatividade do poder entre dois partidos que se revezam e alternam, mantendo o status quo e nada fazendo em prol do país. Se correr mal, basta esperar uns anos e volta-se para o poleiro. Se preciso faz-se uma coligação e os tachos perduram. E basta uns anos num cargo ministerial que se arranja uma fortuna em consultorias e outros negócios obscuros num futuro próximo. Basta que se esteja atento às oportunidade de corrupção ou falta de nojo ou cunhas que o sistema tem bem instalado na sua génesis.

No fundo estes políticos em que temos votado nos últimos quarenta anos são as térmitas que devoram aos poucos a talha dourada que é a democracia portuguesa. Brilhante por fora, mas empestada e podre por dentro.

Já faz um bom par de anos que acalento a ideia de fazer o Caminho de Santiago.  É um pequeno sonho que se avoluma como uma peregrinação necessária a realizar antes que as rótulas se desgastam de vez para tal empreitada de caminhante.

Gostaria particularmente de partilhar com os meus bons amigos, o que julgo ser uns nove dias de introspecção mas também de descoberta e até de alegria pela liberdade que o caminho proporciona. Não é apenas um acto de fé e espiritualidade e quase um chamado por atender, um cimentar dos alicerces da Vida, uma busca do significado das coisas intimas. A vida é um caminho e o Caminho de Santiago será também um marco da vida que é quero abraçar.

Porém há para já duas dificuldades a vencer: as contingências do estatuto de pai de crianças pequenas não me permite para já esses nove dias egoístas, talvez em parte porque não aguentaria de saudades, nem me sentiria bem sabendo que perdia mais de uma semana da infância tenra dos meus rebentos; e conseguir convencer alguém a acompanhar-me nesta empreitada sem data marcada. O primeiro obstáculo o tempo resolve, mas o segundo só o meu poder de persuasão e argumentação me poderão ajudar. Talvez o M. e o M. sejam capazes de fazer esta prece comigo dentre de uns quantos anos…

Que a estrada se abra à sua frente.
Que o vento sopre levemente às suas costas.
Que o sol brilhe morno e suave em sua face.
Que a chuva caia de mansinho em seus campos.
E até que nos encontremos de novo,
que Deus lhe guarde na palma de suas mãos.

Prece irlandesa

 

Durante os longo períodos que não escrevo aqui sinto que muito fica por dizer. E o que me custa mais é à medida que os iatos de tempo crescem, mais custoso é voltar a escrever algo que eu julgue digno de ser aqui colocado. É um ciclo vicioso que preciso quebrar, ainda mais que a escrita, por muito pequena que seja é um processo catártico e que estimula a massa cinzenta para que esta não atrofie.

Ganhando coragem e empenho, assim como na forma como corro e nado quero fazer destes três prismas dos meus hobbies, um conjunto de bons hábitos para uma mente sana e para que eu me mantenha capaz de manter criativo e no fundo vivo.

Posso até perdido muita da dinâmica e da pujança criativa e intelectual da juventude, que a bem da verdade desperdicei em teias e desvarios, mas quero na minha maturidade desenvolver ao máximo o que ainda me resta de músculos e capacidade dos miolos.

Impossível é nada, e esse deve ser o meu moto, cair e levantar, perder e voltar a jogar. Ao fim de contas não se pode perder sempre não é?

Muitos do que me são queridos, emigraram ou estão a pensar emigrar. Começo a achar que de facto a diáspora portuguesa é um triste fado. Esta nosso jardim à beira mar plantado parece ser incapaz de dar soluções a todos os que são mais empreendedores.

A maioria busca trabalho, ou trabalho mais bem remunerado. Eu pensava que a grande sangria emigratória de portugueses e portuguesas tinha acontecido nos 70s, porém depois da euforia dos 2000s veio a dívida soberana e desemprego dos 2010s. E eis-nos aqui mais pobres de amigos que se vão para outras paragens em busca de melhores oportunidades.

Portugal não carece de boa gente trabalhadora, mas sim e sempre assim, uma carência de líderes. O Sebastianismo e no fundo a grande tragédia lusitana, – liderados por alguém que liderou o país para o colapso por aventurismos patéticos – e ainda assim sendo desejado. Hoje como então somos a nobre nação de gente valente, mas que se deixa liderar por gente infantil e sem visão que torna todo o nosso trabalho e esforço em vão. Marchamos contra canhões numa fútil labuta diária na perspectiva de não empobrecermos mais. Não conseguimos a empreender porque não nos deixam, com toda a burocracia, entraves e imbecilidade histórica de velhos do Restelo. O conservadorismo e status quo das chefia e do estado pseudo- democrático é alimentada por interesses instalados e não por uma nova burguesia. Por isso há que dar a imagem que há espaço para crescer, mas tão só isso a ilusão de que é possível criar e empreender, criar riqueza.

Por isso me custa tanto que tantos dos que me são queridos tenham buscado terras onde o seu trabalho seja bem compensado. É Portugal essa eterna terra de emigrantes.

Recentemente um mexerico familiar fez-me pensar seriamente acerca da justiça da vida per si. No fundo sei que o conceito de justiça divina e Karma não são tão transparentes, e que muitas vezes a luz do nosso olhar materialista, o justo é até algo de nefasto.

Na minha infância tinha um vizinho um par de anos mais velho que era um fedelho insuportável, minorca, extremamente conflituoso e manipulador. Para piorar, ele e o irmão mais novo eram as principais crianças que eu convivi fora da escola durante um par de anos. Era frequente ele dar uma boa tareia ao irmão quatro anos mais novo, por acesso de ciúmes e dizer que fora o pobre tinha caído sozinho.

Muitas foram as ocasiões que o tal menino me quis atribuir as culpas por brinquedos partidos ou as negras que o irmão apresentava. Seria em criança o que eu hoje designaria por demónio encarnado, porém na altura eu procurava sempre que possível a sua companhia. Tentava ser seu amigo por ter falta de ter com quem brincar e também, confesso, para poder admirar fantástica cidade de Legos que o miúdo exibia no seu quarto como o seu maior tesouro e que quase cobrava bilhetes pela sua exibição.

Quando me mudei de casa lá pelos sete anos, nunca mais ouvi falar neste miúdo egocêntrico e de má índole, pois não me deixou muitas saudades ou boa recordações.
Hora hoje passadas cerca de três décadas vim a saber que o tal fedelho se tornou um dos principais ricalhaços do nosso país pois se casou com uma das herdeiras de uma das maiores empresas portuguesas cotadas em bolsa.

Porém o repudio inicial de que aquele pequeno *traste* e ambicioso puto se tenha dado bem na vida, deixou que os meus pensamentos fluíssem da inveja inicial e de juízos de valor baseados numa imagem de três décadas que pode até estar deturpada, para reconhecer que se calar aquele miúdo até se tornou em alguém de boa formação e num personagem melhor. Se em cinco anos podemos mudar radicalmente a nossa vida, acho que em trinta poderemos virar numa espécie de madre Teresa de Calcutá ou num Estaline. Tudo depende do que queremos e quais as oportunidades aproveitamos.

Pensando melhor, a ideia que alguém é milionário ou famoso não é propriamente sinonimo de sucesso e muito menos de felicidade. Mais do que as aparências formadas e dos estereótipos repetidos vezes sem conta nos media, não acredito que esse seja o sucesso da vida.
Agora até me sinto envergonhado por achar que aquele filho da puta não merecia ter dado o golpe do baú. Tamanha mesquinhes

O paradigma de ser feliz, acredito cada vez mais, não passa pelo que possuímos, pelo poder ou reconhecimento que alcançamos, esses vectores da exterioridade do que projectamos, mas sim pela simples felicidade interna que criamos para nós e para os outros. Nós podemos ser felizes mesmo na mais abjecta miséria, mesmo que isso seja quase criminoso de se dizer e provavelmente ainda mais de se alcançar e realizar. Tenho ainda na memoria presente a felicidade e doçura que muitos desgraçados que vi nas minhas viagens turísticas à América do Sol ou ao lindo mas paupérrimo S.Tomé e Príncipe.

Ser grato por ser amado e amar a vida e os outros com paixão é felicidade.

So you’re on the floor, at 54
Think you can last – at the Palace
Does your body go to the to and fro?
But tonight’s the night – or didn’t you know
That Ivan meets G.I. Joe
He tried his tricks- that Ruskie bear
The United Nations said it’s all fair
He did the radiation – the chemical plague
But he could not win – with a cossack spin
The Vostok Bomb – the Stalin strike
He tried every move – he tried to hitch hike
He drilled a hole – like a Russian star
He made every move in his repertoire
When Ivan meet G.I. Joe
Now it was G.I. Joe’s turn to blow
He turned it on – cool and slow
He tried a payphone call to the Pentagon
A radar scan – a leviathan
He wiped the Earth – clean as a plate
What does it take to make a Ruskie break?
But the crowd are bored and off they go
Over the road to watch China blow!
When Ivan meets G.I. Joe

Ivan Meets G.I. Joe – The Clash

Talvez o tempo fluía como sempre e o nosso envelhecimento nos induza na aparência que se esgota mais depressa. Talvez o pulsar do nosso coração seja mais lento e por isso os segundo esvoaçam mais rapidamente.

Muitos anos se passaram desde que escrevi aqui pela primeira vez. Muitas boas recordações estão aqui escritas neste diário, muitos pensamentos e medos aqui são descritos. Talvez um pouco abandonado e em repouso este baú de memórias.

Gostaria eu de lhe dar muitas passagens novas, muitos artigos recentes. Mas não é por falta de conteúdo ou vivências que se tem mantido este diário a ganhar pó, mas sim pelo procrastinar provocado de quem vive um emprego de horários rígidos. Desculpas evidentes de quem não consegue alimentar a criatividade da escrita e o escrevinhar laborioso e persistente que a caneta exige. Quem sabe para breve terei esse ócio necessário para tempos de satisfação de prosa escrita.

Tirando António Costa que mal abriu a boca, o PS e a esquerda em geral têm dado um triste espectáculo da sua verdadeira natureza, que às vezes chega a roçar e a entrar na pura obscenidade. No PS, a gente de um lado e outro usa (com poucas variantes) a velha “língua de pau” de 1975, que nos fez rir durante 30 anos. Ninguém fala de política: da situação do mundo, da “Europa” ou sequer de Portugal. Ninguém fala da estratégia conveniente ou aconselhável para o partido, mas nos méritos e deméritos dos dois putativos candidatos, na “lealdade” e “gratidão” ao chefe ou nos triunfos que Costa infalivelmente trará consigo. O que estas parlapatices da hipocrisia, do oportunismo e da má-fé podem interessar ao cidadão comum é coisa que não interessa aos “notáveis” que a televisão convida ou escrevem doutoralmente para um jornal qualquer.

Nunca a “classe partidária” mostrou com maior clareza a sua vacuidade e o seu egoísmo. Trata sempre a situação do país como se tratasse do futuro de uma fábrica de sapatos: será que a baixa das vendas é irreversível ou temporária? Será que a concorrência vai aproveitar a oportunidade? Será que os lucros não são suficientes para investir e alargar o mercado? Não seria bom “lançar” um novo modelo, para aproveitar a moda? E não seria bom mudar de director? Sem o pormenor irrelevante dos “sapatos”, que diferença se consegue encontrar entre essa benemérita fábrica e um PS, que pretende reformar a “Europa” e salvar Portugal? Nenhuma ou tão ténue que não se distingue. Os campeões do socialismo não passam de uma empresa vulgar, com exclusivos critérios comerciais, tal qual como as gaba o famigerado “neo-liberalismo”.

Fica ainda a poeira da extrema-esquerda. A extrema-esquerda não sabe o que há-de fazer à vida. Gostava, como um adolescente, de ser rica e “famosa”, e de arranjar um namorado. Mas nada infelizmente a recomenda, excepto uma condenação genuína do estado do país. Só que a terapêutica que se propõe aplicar mataria o doente e 80 por cento dos portugueses percebem isso muito bem. Claro que muitas pessoas do Bloco ou do PCP, como o simpático e confuso João Semedo, merecem a nossa estima. Mas, como se sabe, a mistura entre os bons sentimentos e o espírito de missão tende a criar fanáticos; e o fanatismo leva rapidamente à intolerância e à intriga. O buraco de víboras em que se tornou o radicalismo português, além de paralisar o PS e o regime, não serve para nada e envenena o ar.

Vasco Pulido Valente in Público

Estas eleições europeias afligem-me profundamente. Estas batalhas politicas pelo eleitorado prenunciam um perigoso desagregar da democracia. A partidocracia portuguesa está esvaziada de idealismos politicos e não se sabe o que está ser discutido ou votado. É um mero ajuntamento de pessoas que trocam a sua pretensa ideologia por um caciquismo politico à boa moda portuguesa – que sempre existiu desde a monarquia constitucional.

Depois de um barão laranja e a brasa da esquerda virarem a casaca ao que sempre apregoaram, parece-me cada vez mais patente a prostituição evidente que as figuras públicas fazem por um bocado de poder. Não é nada de novo, recordo-me de Zita Seabra e de Helena Roseta que mudaram substancialmente de cores partidárias. Mas era noutro contexto e com um pouco mais de pudor. Estes casos de assumido vira-cassaquismo rápido, sem periodo de nojo ou atravesia do deserto, já não são propriamente inusitados nem nos espantam tanto como seria suposto.

A ideologia partidária desapareceu ao longo dos anos. Os lanjanjas e os rosas, apesar dos nomes, são meramente liberais. Pouco se sabe do que separa o programa eleitoral dos partidos do centro (se é que existe sequer um programa e ideias) e as diferenças saldam-se por um conjunto de discursos demagógicos e não por um ideal ou programa e que mudam ao sabor do vento e da opinião pública.

Por tudo isso. acredito cada vez mais no deficit democrático português que já é crónico . A democracia ficou refém de um conjunto de caciques que orquestraram a subida ao poder através de compadrios, padrinhos, afiliações em sociedades semi-secretas como a Maçonaria e a Opus Dei. O poder não caiu à rua, nem esta na Assembleia da Republica, mas sim nos jogos de interesses colectivos de grupos selectos de jotinhas e seus patronos e patrocinadores.

Os partidos financiam-se como entidades mafiosas de lavagem de dinheiro com donativos que não se sabem as origens e como entidades fornecedoras de poder aos seus líderes. Estes chefes, parecem mais capos, que são os mais apadrinhados e os que mais favores devem, incapazes de ter ideias, mas tão só verborreia demagógica que desmentem passado 24 horas. É vergonhoso perceber que vivemos numa denominada democracia que está podre de sentido e de verdade e que num ciclo vicioso tende a piorar.

É neste clima que vou votar nas eleições europeias, tão importantes e que tanto impacto têm no nosso futuro, mas que porém ainda não vi uma linha sequer do que os euro-deputados pretendem fazer no europarlamento. Que vão votar, em que ala vão alinhar. Nada. Zero de conteudo politico democratico. Por isso o meu voto deverá ir para o partido com o logotipo mais radicalou até piroso uma vez que se vou votar no escuro, prefiro que seja num grupo radical com falta de sentido de estetica. Ou talvez vote no que tenha mais Cs ou Os. Venha o Diabo e escolha!

Was it a huntsman or a player
That made you pay the cost
That now assumes relaxed positions
And prostitutes your loss?
Were you tortured by your own thirst
In those pleasures that you seek
That made you Tom the curious
That makes you James the weak?

And you claim you got something going
Something you call unique
But I’ve seen your self-pity showing
As the tears roll down your cheek

Soon you know I’ll leave you
And I’ll never look behind
‘Cos I was born for the purpose
That crucifies your mind.
So con, convince your mirror
As you’ve always done before
Giving substance to shadows
Giving substance ever more.

And you assume you got something to offer
Secrets shiny and new
But how much of you is repetition
That you didn’t whisper to him too.

Crucify Your Mind, album Cold Fact de Sixto Rodriguez

I’ve been waiting for a guide to come and take me by the hand,
Could these sensations make me feel the pleasures of a normal man?
These sensations barely interest me for another day,
I’ve got the spirit, lose the feeling, take the shock away.

It’s getting faster, moving faster now, it’s getting out of hand,
On the tenth floor, down the back stairs, it’s a no man’s land,
Lights are flashing, cars are crashing, getting frequent now,
I’ve got the spirit, lose the feeling, let it out somehow.

What means to you, what means to me, and we will meet again,
I’m watching you, I’m watching her, I’ll take no pity from you friends,
Who is right, who can tell, and who gives a damn right now,
Until the spirit new sensation takes hold, then you know,
Until the spirit new sensation takes hold, then you know,
Until the spirit new sensation takes hold, then you know,
I’ve got the spirit, but lose the feeling,
I’ve got the spirit, but lose the feeling,
Feeling, feeling, feeling, feeling, feeling, feeling, feeling.

Disorder dos Joy Division

Não sei o que pensar sobre os tempos que correm. Já sou algo idoso para perceber que o tempo acaba sempre por nos ultrapassar e nos tornar obsoletos. Ficamos como peças anacrónicas desprovidas de utilidade num mundo que se actualiza e moderniza mais depressa do que conseguimos acompanhar.

Talvez ei não seja assim tão velho, mas sim um terrível pessimista que se deixa quebrantar por alterações do modus operandi. Talvez devesse investir no rejuvenescimento do software e instalar um sistema operativo mais recente, mais ajustado ao universo que me rodeia sem contudo perder a identidade intrínseca que me faz a essência.

Gosto de ser um ser pensante e não um mero condicionado pavloviano, e ajustado a um equilíbrio entre o quixotesco e o sancho panchismo, mas as condicionantes actuais fazem-me esconder numa carapaça com mesclas antagónicas de maquiavelismo e estoicismo.

Filosofias à parte trata-se de evoluir para sobreviver.