coq au vin


A música sempre foi importante para mim. A música para mim é um modo de extrapolar a alegria ou de travar a tristeza, um remédio sempre pronto a ser administrado directamente do ouvido e que chega ao cérebro numa dosagem diária.

Mais importante é que tenho a mente sempre em busca de doces novos, palatos revigorantes de melodias frescas. Uma fome insaciável. Amar a música não e só agarrarmos as canções da nossa vida, mas sim deliciar-se com a textura e genialidade de novas batidas ou vibratos. Admirar a deambulação jazzística, ou as batidas electrónicas, os fantásticos efeitos vocais ou ainda até a velha gaita-de-foles. Do D&B ao Raggie, do Euro Dance ao Acid Jazz.

Porém nem tudo que vem à rede é peixe. Demasiadas vezes a música de consumo não passa de um hambúrguer de consumo imediato, para entupir as veias, e neste caso os tímpanos. Há quem prefira um hambúrguer a um coq au vin. Eu não.

Fico triste que se designe como música portuguesa o género musical dito pimpa. Não concordo que aquilo seja música, mas sim um produto embalado. Uma caixa de som de 1998, um estúdio, um microfone. Basta isso. Uma espécie de cachorro quente em que só variam os condimentos que a senhora da roulotte coloca em cima e que apenas serve para disfarçar que a salsicha é das mais baratas possíveis e o pão é de anteontem. E assim se faz o Pimba em Portugal.


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