Escreve por favor


Escreve-se quando a alma se apoquenta, mas também quando a mente desperta. No meu ponto de vista, só quando a vida nada nos diz ou muito nos cansa, e que não temos nada para dizer ou escrever.

Contido nem sempre fui capaz de colocar no papel os últimos pensamentos voláteis ou emoções, porém o desejo de me libertar dos meu próprio sentimento de me exprimir, faz-me voar num ensejo por vezes delirante. Quando a barragem transborda é mais simples, e quando a privacidade se mantém as frases acumulam-se prontas a sair, a criar uma quadro a pinceladas toscas e de cores vibrantes. Como um meliante que nos sussurros se exprime e diz o que quer dizer e também o que não quer dizer, é assim que gosto de escrever. Desinibido e profundo como gostaria que fosse.

Porém quando a censura auto-imposta se agudiza é fácil esquecer o que se deseja escrever. Tal sucede pois a vida nem sempre é um mar de privacidade e sim uma festa de partilha e de convivência e conciliar a partilha e a intimidade com o mundo é um contra-senso e uma asneira pela qual já tive que pagar a punição variadíssimas vezes.

Mas hoje o castigo não me parece ser mais doloroso que a mordaça.


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