Apatia, conflitos e o argumentista


Nada. Não me apetece fazer absolutamente nada. Como se estivesse a tomar uma boa dosagem de Prozac para ficar pacato e preguiçoso. Castrado. Mas não estou a químicos, estou apenas a ressacar das diferenças de andamento e velocidade quotidianas. Espero demasiado das pequenas peripécias do momento, ainda sobre o vício da aventura constante e da adrenalina do desconhecido.

Apesar deste ócio auto-inflingido, da tentativa de descanso físico, esta minha vivência plena de contradições, bate continuamente em teclas desgarradas do navegar com terra a vista. Existem pelo menos dez itens mentais de atitudes e acções urgentes e banais que quero efectuar o mais rapidamente possível. São coisas triviais na sua maioria, mas outras são importantes degraus que se sobem na existência, passos fulcrais da vida. Falta-me contudo aquele fogo de executar a tarefa, de planear o acto, que infelizmente nunca me caracterizou. Por isso estou em conflito entre essa apatia indesejada e a vontade de romper as linhas inimigas para ganhar finalmente esta batalha prolongada.

Temo antes demais, que o argumentista desmiolado da minha parca vivência, tenha ficado sem imaginação, reduzido a um aborrecido writers block.
É verdade que desde o inicio deste ano, esse escritor tem-me dado um papel exigente, cheio de cenas rigorosas e tem aperfeiçoado constantemente a minha personagem a ponto de as minhas interpretações melhorarem sensivelmente. Sucederam-se cenas melodramáticas, grandes voltes de face do enredo, grandes momentos cénicos. Será que este argumentista será capaz de manter o seu estilo e manter todo o suspense deste romance policial francês? Ou será que vai entrar num cómodo e medíocre alongamento da estória, para lá de uma banalidade interminável como a horrenda novela do “Anjo Selvagem“?

Prefiro que esta crónica tenha um final à vista, do que se prolongue sem o clímax que se os últimos episódios tiveram.

Não percam as cenas dos próximos capítulos…


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