As coincidências comovem-me. Por isso deixei de acreditar na possibilidade natural de coincidências, em explicar com o auxilio da lógica e da matemática as questões que seriam do âmbito da teoria das probabilidades.
Não vale a pena mergulhar no mundo da estatística para compreender aquilo que não é passível de ser explicado per si. Claro que poderia acontecer, mas o facto é que aconteceu naquele momento, naquela exacta ocasião e não noutra, revelando um impacto diferente, alterando a nossa vida. Não será isso antes um sinal, um encaminhamento para um destino, para um desencadear de acontecimentos que necessitamos agarrar, por nossa opção ou então fechar os olhos e apenas achar o quanto foi estranho.
É como sentir o pêndulo vindo na nossa direcção, sentindo o tiquetaquear do relógio imenso, pressentindo as badaladas estridentes da mudança da hora. Podemos apenas esquecer que o tempo nos chama, e que os ponteiros das horas e minutos apenas tomarão posições diferentes ou podemos optar por começar uma nova hora.
O Sr. G. tirou um mês de férias para visitar a irmã que não via há 24 anos e que vivia no Brasil. Queria surpreende-la voando até seu país sem avisar, tendo comprado o bilhete para dali uns dias, após um par de dias de férias. A sua irmã teve a mesma ideia, e por um dia, apenas um dia de diferença, após 24 anos teriam voado em direcções diferentes desencontrando-se.
O tempo de nada serve para diferenciar positiva ou negativamente o que seria, ou o que deverá ser. Apenas lhe pode dar um significado maior e mais urgente. Hoje sei isso e mais que nunca não acredito em meras coincidências.