cinema

Depois de alguma labuta, lá consegui reunir pelo menos um par de resistentes para ir ao cinema. Não se tratava propriamente de ir ver um filme, mas sim ir ver mais uma obra-prima geek do Peter Jackson que tem esmiuçado o universo de Tolkian como ninguém.

Desta vez o terceto não ficou desiludo, como de resto tem vindo a ser hábito, nos filmes de Jackson. Uma aventura e um deleite do imaginário do fantástico reproduzido com pormenores e detalhes que só a tecnologia moderna é capaz de reproduzir. Talvez os efeitos 3D sejam uma menos-valia que cansa os olhos, um produto para justificar não ter optado por um torrent.

Mas talvez o filme fosse só o pretexto para rever os amigos. Uma espécie de reviver o passado, buscando algo em comum do passado semi-recente, recriado novamente para uma situação de conforto e auto-estima. Uma amizade que se proteja num tempo de cada vez mais ausência de tempo para conviver.

Sem vergonha e paciência para fazer sumários descritivos, mas com recordações que não gosto de deixar ficar em branco nas minhas vadiagens, deixo para fins de um cadastro algumas impressões fugidias.

Para ser muito honesto a minha vida regula-se agora por novos nortes e interrompi uma cadeia de vícios e de deambulações que se tornam desirmanadas com o meu novo estilo de vida, mais caseiro, mais consciente, mas sem se tornar desinteressante. Apenas mudou o seu ofício, num upgrade há muito desejado.

Para além da parceria divina, conto com um gosto exacerbado pelo hobbie fotográfico, que aos poucos vou aprimorando, muito embora reconheça a minha falta de talento crónica. Mas o gozo é tanto que vou treinando, qual nipónico pronto a flashar tudo em seu redor.

A regularidade das minhas visitas às salas de cinemas aumentou significativamente. Posso dizer que a minha veia de cinéfilo tem estado repleta de guloseimas, e pior parece que a cada dia descubro novos serões caseiros onde dvds me enchem a retina e os tímpanos com obras de arte da sétima arte. Alguns oscarcizados pareceram-me realmente bons. Mas nos clássicos dos mestres é onde me refúgio cada vez mais.

Viajamos em diversas escapadinhas, tipo vá para fora cá dentro e afins. O Douro, a Raia e a minha praia mostram-se cada vez mais territórios meus, zonas de escape da podridão urbana e da rotina.

Marcou-me particularmente uma despedida há muito anunciada. O ritual fúnebre mostrou-se sinistro e funesto, não por acarretar o luto, mas sim por exasperar no ridículo a dor honesta, como se fosse um acontecimento social a que não podemos fugir, com o precioso bónus de inúmeros familiares vindos directamente da quinta dimensão. Coisa para nos fazer duvidar da genética. Mas em suma a morte é per si estranha, mas simultaneamente natural. E isso eu não esqueço.

Why don’t you stay
I feel lucky today
Give me a chance
and I’ll show you the way

I know some day you’ll be mine
you will know too
it’s a matter of time

Oh! Let me hold your hand
Please, let your heart beat again

You know I daydream of you
I’m so in love
it’s too good to be true

You make me smile
as I look into your eyes
My heart is full
like my very first time

It’s like I was born again
I just can’t say
how happy I am

Oh! let me hold your hand
Please, let your heart beat again

Happiness Cinema Rodrigo Leão