conversa

Eu não conhecia a culinária indiana e julgava que todos aqueles condimentos seriam demasiadamente exóticos e picantes para que eu pudesse ficar saciado, ou pelo menos não agoniado após uma refeição.
Puro engano! Afinal os pratos indianos não são só picantes, mas também ricos em sabores aromas sem que haja um desequilibra por dar ao nosso paladar 3 ou 4 especiarias em simultâneo.
Ju. convenceu-nos a experimentar, mesmo sabendo que em geral estes restaurantes exibem preços exorbitantes. Tal não foi o caso, e acabou por ser um serão muito agradável, com uma conversa amena enquanto nos deliciávamos com Chicken Kashmir e outras preciosidades gustativas. Fiquei cliente.
A semana que se seguiu foi depressiva e bastantes stressante. Julgo que o meu bio-ritmo deve ter batido num fosso profundo nesses dias.

Apesar de uma semana exaustiva, a fazer dois serviços em simultâneo (a filha de uma colega adoeceu), o que quase me deixou próximo de voar sobre um ninho de cucus… As ultimas semanas têm escoado entre o cansaço, excesso de horas de trabalho e ainda mais cansaço -> (como quando o disco do servidor do trabalho deu tilte e o backup era da semana passada -> resultado: 16 horas extras para recuperar a facturação e contabilidade).

Mas nem sempre de trabalho vive o homem, e dos cansados não reza a história.

R. velho colega da faculdade, ele também forçado a ser emigrante na grande cidade, está prestes a casar-se com uma ex-candidata a miss Portugal de Azeitão. Com esse mote, M., J. e eu arranjamos um bom pretexto para darmos uma escapadela a Vigo e voltar a nossa Galiza amada.
A principio o meu corpo estava a recusar a ideia de maus-tratos, já de véspera se queixava. Mas o sono veio e 14 horas NON STOP ajudaram a retemperar forças.

Nada dessas despedidas de solteiros que servem de metáfora masculina para ir às putas e tentar organizar, orgias, sorubas ou bacanais. Tratou-se mais de um simples passeio de descompressão, com um bom jantar, regado com “Côto”. Boa conversa, saudades daqueles tempos. «lembraste daquela vez que…», «que é feito da…», «e quando o fulano disse…» … Veio a segunda de “Côto”
Depois a tequilla en ferro da praxe, e as deambulações exigidas pela capela,o Chicago,o Ferrer…

Mas antes de recolher ao hostal “categoria” fomos
à capital do norte ibérico em termos não de má vida, mas sim em música alternativa – o Vademecwm.
Fantantico! O sítio é quase uma descida aos infernos e uma subida aos cêus em simultaneo. Diabinhas e anjinhas q.b.… O ritmo ribombava ao melhor estilo dos clubs mais conceituados da europa, com que nos perdemos para finalizar a noite. É costume ter lá concertos agendados do “quem é quem” da música alternativa, de artistas, DJs e MCs que possivelmente nunca viriam a Portugal.

Ainda segui umas horitas de batida e folia agradáveis.

E dizem as más línguas que aquilo dura até ás 10 da matina… Isso não sei, pois queria dormir umas horitas… E depois dormimos e voltamos a Portugal.

É como tudo. Resta-me uma semanita a tentar ver onde perdi a cabeça e se as dores musculares passam…

Loiras

Os fins-de-semana têm se revelado muito agitados. É um bom sinal presumo.
Assim no sábado como o maninho se passeava num Range Rover e ia ao casamento, P. e A. Convenceram-me a gastar algum dinheiro em cartas para depois estarmos em gáudio na jogatina.

Mas o melhor estava por vir quando N. requisitou-me para um jantar pantagruélico que perdurou por três horas a por a conversa em dia. Não tardou com o meu mano aparecesse e a cavaqueira aumentou de tom e bastate alegria regado por um vinho alentejano escolhido a dedo que mais parecia um néctar dos deuses.

Depois veio a noite e a noitada que seria de esperar com o estômago cheio e boa disposição. Desta vez o mano foi dormir e vieram as J. para uma conversa animada, interessante e acima de tudo inteligente, no ?Meu Mercedes é maior que o teu?, esse ex libris que eu o N. partilhamos desde a adolescência com o maior rigor, se bem que com alguns períodos de falta. J2. é loira e provou-me mais uma vez que esse mito urbano de que as loiras não são muito espertas não é assim tão linear: afinal pode se ser bafejado pela a aparência física e por bastante massa cinzenta. Para ser franco, das fêmeas humanas que conheço as três mais intelegentes que conheci eram louras… Será um erro da amostra ou uma impossibilidade estatística?

Bom e depois foi o descalabro com a ida ao ?talho?, como é dá praxe as tantas da madrugada de domingo na companhia de duas beldades que cumprimentam o porteiro com dois beijinhos e depois não se cansam de lhe lançar impropérios nas costas. No ?talho? realmente a alcunha que lhe coloquei não lhe fazia juz nesse dia. Parecia um mega- talho de colocar em bico os olhos de qualquer um apesar da companhia. E foi bom… e fiquemos por aqui.

D. Quixote versus Sancho Pança

Faz tempo que não deixava de sentir um peso nos ombros. Já me tinha esquecido de como é bom estar feliz e sentir o Sol a brilhar por dentro sem aquelas preocupações. Claro que nem tudo é um mar de rosas, mas quando se procura uma metamorfose há sempre um preço a pagar.

Esquecendo o meu desapego pelos bens materiais, sem nunca deixar de ser um paladino das causas perdidas, quais D. Quixote, vejo sempre Sancho Pança olhando-me de soslaio. Creio que estou farto de ser alvo de invejas gratuitas ou ferido por orgulhos perniciosos ou jogos de bastidores. Afinal nada ganho investindo num Rocinante contra os gigantes/moinhos de vento, pois serão sempre moinhos de vento encantados por magos malignos e negativos. Afinal todos nós somos um misto de D.Quixote e Sancho Pança e creio que o segredo esta no equilíbrio, sabendo aliar o espírito ao material.

Descendo ao mundo da terra tenho estado ocupado. Apesar de já sentir algumas saudades de Bob e companhia, tenho saído bastante com D. e conversado muito com o mestre M. , o que me tem equipado com grande animação.

A última viagem é sempre triste para os que ficam. As exéquias são dolorosas, um espectáculo macabro de encontro dos entes queridos, carpideiras e demais abutres. O Domingo foi triste e conversar com um octogenário agora viuvo após 53 anos de casamento enchardo em Victan dando palavras de conforto numa sala cheia de antiguidades, enquanto a cápsula de madeira descia em Agramonte, não e um cenário que se deseje a ninguém.

Quando chegar a minha vez de ir em direcção à Luz quero ser cremado ao som das Valquirias de Wagner e que as minhas cinzas sejam levadas pelo vento onde o Douro beija o Atlântico. A morte é apenas mais uma etapa do ciclo da vida, talvez mais soturno e misterioso para os ocidentais contemporâneos.

Recear a morte é mais cómodo do que a não temer …

Sexta foi uma correria e logo a sair da Casa o meu tijolo foi projectado para o chão. Não sou muito hipocondríaco, nem acredito muito na história das radiações, mas de facto após 2 minutos de conversa ao telemóvel fiquei com umas dores de cabeça que duraram horas.
Para cúmulo, enquanto viajava a minha palm resolveu fazer um rebot e perdi todos os dados ficando tal e qual como veio ao mundo (ou melhor como saiu da fabrica. Como tenho o equipamento todo na grande cidade só hoje pude “sincronizar” os meus posts e notas! Será uma conspiração dos meus gadjets para me porem doido???

Apesar do domingo ser chuvoso a sábado à noite foi inesquecível. Faz tempo que não fazia uma noitada com o recente ilustre dentista de Valongo, famoso por ser mulherengo e fazer muitas filhinhas. Afinal estávamos em forma fazendo lembrar os bons velhos tempos de long nights and fast girls. Mostramos estar ainda aí para as curvas apesar das exigências típicas de Caminha já obrigarem a um nível pouco próprio para a nossa idade. Está na altura de ter mais juízo!
Ego e algo mais massajado eis que chego a casa as 7 da matina num sol aborrecido de ferir os olhos, depois de galgar kilometros enquanto o diabo esfrega um olho.

Exausto contemplo um Inverno digno de um castigo divino por um sábado bem passado – um domingo de tempestade. ò tempora , ò mores.

Na semana passada sofri algumas bofetadas da vida e a véspera de feriado à noite salvou-me repondo a minha perspectiva da vivência que levo na grande cidade. As aparências iludem e essa é uma das grandes constantes da vida. Felizmente há uma coisa chamada destino que sempre nos surpreende e contra a qual nunca valeu a pena lutar. Apenas navegar à vista mas nunca esquecendo que por muito contraditório que pareça – o destino somos nós que o fazemos… Psicótico não? Bom a vida não é “bem preto no branco”. Está cheia de tons cinza…

J., M. e o seu primo tiveram umas férias galegas embora chuvosas. Mesmo assim senti inveja por aqueles tempos de lazer, na borga de anos anteriores.

Vi de novo minha velha amiga colorida dos Verões de praia. Está diferente e muito carente… Mais mulher e mais serena. Conversamos um bom par de horas e quase caía em tentação graças aos seus dotes. Prefiro para já uma amizade bem a preto e branco pois os problemas que me trouxe no passado foram um osso duro de roer. Só de lembrar até me faz dores de cabeça. Isso deixou-me receoso, e felizmente fugi para a tal noite lá do norte que se vem tornando hábito de ser cheia de surpresas. Algumas boas como ontem e algumas más…

É verdadeiramento abrasador o calor que se faz sentir. As conversas descambam … tomam um cariz descomprometido, mas politicamente incorrecto. Há piadas racistas e assuntos tabu que me chegam a chocar. “ monhés“, “catinga” , etc

A mentalidade das pessoas é estranha: dizem o que não sentem e riem acerca do que pensam. Ou então não dizem o pensam … que complicado —

E Che ? E Castro ? E Gandhi? E James Dean ? E Mandela ? E …

X. escreveu-me. Estou preocupado pois X. denota cansaço e preocupação. Creio que estou com saudades