domingo

A simplicidade de um dia passado entre quatro paredes, quando lá fora o frio e chuva invernais costumavam ser sinónimo de tédio absoluto. Hoje no entanto passou a ser sinónimo de amor e alegria, tudo graças aos meus dois rebentos e à minha delicada cara-metade.

  • Um Domingo de manhã muito diferente. Vou precisar de uma semana para recuperar. #
  • A soro, mas logo logo vamos para casa #
  • A 20 minutos de ser campeão no sofa #
  • Citando um bom amigo : Depois de ‘‘campeoes na luz‘‘, ‘‘campeoes no sofa‘‘! Sempre a inovar! Parabéns portista! #
  • Factos Curiosos: Vítor Pereira tem agora tantos títulos de campeão nacional como Jorge Jesus. — http://t.co/xqpW7Q5x (@4x4x2) #
  • Acabei de publicar uma foto http://t.co/zGyrRyzR #
  • Hooked up to Game of Thrones. HBO rooks. #
  • No rescaldo do 1o de Maio fica a ideia que somos mesmo muito pobres. Financeiramente e moralmente. #pingodoce #
  • Muitas horas em hospitais na última quinzena. Overloaded! #
  • Quase a entrar na verdadeira catedral chamada Dragão #fcp #
  • Já chegaram! http://t.co/T55eIfNk #
  • Biiiiiiiiiiiiiiiiiii http://t.co/2YYVlFX5 #

Na ressaca futebolística, de um pequeno amargo, que contudo não foi um grande drama coloco-me perante a existência de uma patriotismo capaz de ainda salvar o país. Será que existe de facto um factor de agrupamento na mentalidade de ser português que possa vir ao de cima quando necessário for? Será que é esse o doce que tanto necessitamos?

Sem considerações ao estilo pessimista velhos de Restelo, que a sociedade portuguesa mergulhou na última década, talvez seja possível também evitar o optimismo eufórico estilo adepto do Benfica que banha as nossas banais multidões.

Se conjugássemos estes dois factores, moral de vencer com humildade será com certeza possível que Portugal suba à tona de água e deixe o mergulho no pantanal de frustrações económicas e sociais em que se tem envolvido.

Para ser franco fiquei frustrado pela Selecção ter sido derrotada pelos defensivos gregos. Mas o que interessa é que realmente quer Portugal, quer a Grécia mereceram ganhar pois foram humildes e tentaram dar o seu melhor sempre. É neste desenrolar de ideias que não estou mais desconsolado e muito pelo contrário, sinto que algo de muito positivo surgiu no Domingo à noite: os portugueses apesar de derrotados, festejaram uma vitória – de ter chegado tão longe no campeonato europeu de futebol, e da organização do Euro 2004 ter tido êxito.

Vencer é importante, mas mais importante é tentar vencer com convicção e excelência e mostrando a capacidade de tentar os seus objectivos. E isso é valido, quer no futebol, quer no mundo empresarial, quer politico. Mentalizar-se que é na excelência que está o ganhar.

May Day! May Day!

Sinto-me como se a casa das máquinas já estivesse inundada e o navio já condenado emitisse um derradeiro pedido de ajuda. Ainda não ordenei o lançamento dos botes salva-vidas, mas a sua necessidade parece eminente. Tudo isto porque demorei demasiadas horas a sentir que o meu cérebro recuperava finalmente algum discernimento e capacidade de ordenar ideias e não alucinar com um imaginário apocalíptico.

Como comandante deste navio não me posso dar ao luxo de passar tão perto de tamanhos Icebergs a todo-vapor. Não havia necessidade de correr semelhantes riscos, nem de por em perigo toda a tripulação.

Tudo isto porque o Club Kitten @ Triplex chamava por mim, hipotequei todo o Domingo e ainda o inicio da semana, envolvendo-me num devasso mergulho de excessos quase suicidas, para o meu corpo já não tão jovem. Mas valeu a pena, foi bastante bom apesar de estar permanentemente a nadar na multidão, ao som do catolicismo musical. E não me recordo de quem me atirou uma bóia. Foi um naufrágio muito atribulado…

Estou cansado mas não aborrecido. Um vazio extremo na ordem dos pensamentos lógicos, uma alienação voluntariosa, uma ressaca intensa, como se o meu crânio estivesse repleto de areia fina.
São efeitos devastadores, uma contabilidade de danos e perdas que me habituo a fazer aos domingos à tarde e as segundas-feiras, mas que não me causam remorsos nem mágoas.

É apenas a minha dualidade Dr Jekyll e Mr Hyde que aproveita do fim-de-semana para se afirmar.
A carne é fraca e os espirito nem sempre tem a rectidão e a robustez para se por a salvo de pecadilhos exagerados. A noite é uma altura sugestiva, e prolonga-se sem regras até depois do dia raiar, com um apetite voraz de tudo quanto seja animação, fulgor e festa. Como que quisesse saborear toda a vida em escassas horas, dando azo a uma paixão que não termina. Estou cada vez mais sofrego, e o Sr Hyde está cada vez mais poderoso.

Deixa-me rir
Essa história não é tua
Falas da festa do sol e do prazer
Mas nunca aceitaste o convite
Tens medo de te dar
E não é teu o que queres vender, não

Deixa-me rir
Tu nunca lambeste uma lágrima
Desconheces os cambiantes do seu sabor
Nunca seguiste a sua pista
Do regaço à nascente
Não me venhas falar de amor

Pois é, pois é
Há quem viva escondido a vida inteira
Domingo sabe de cor
O que vai dizer segunda-feira

Deixa-me rir
Nunca auscultaste esse engenho
De que falas com tanto apreço
Esse curioso alambique
Onde são destilados
Noite e dia o choro e o riso

Deixa-me rir
Ou então deixa-me entrar em ti
Ser o teu mestre só por um instante
Iluminar o teu refúgio
Aquecer-te essas mãos
Rasgar-te a máscara sufocante

Pois é, pois é
Há quem viva escondido a vida inteira
Domingo sabe de cor
O que vai dizer segunda-feira

1985 Deixa-me Rir – Jorge Palma

Finalmente concretizei um sonho que alimentava há muito. Subi aos céus e desci suspenso por um pedaço de nylon, conseguindo não só desfrutar de uma sensação única, como também provar a mim próprio que não existem barreiras, e que a vontade supera o instinto e lógicas condicionadas.

Dizem que o homem não foi feito para voar e que se Deus quisesse que voássemos, ter-nos-ia dado asas. Discordo! Somos apenas anjos sem asas, lutando pelo direito de voltar a ser essa essência etérea e alada.

Não é possível colocar em palavras aqueles três minutos, que simultaneamente tiveram um gosto a eternidade e a fugacidade de um pestanejar.

Durante todo o fim-de-semana respirei toda a ansiedade do baptismo do paraquedismo. O treino repetido, a teórica, as manobras ensaiadas até ao exaustão, a cassete remoída no vídeo e na minha memória, o arnês suspenso a torturar as minhas virilhas. O ambiente de camaradagem semi-militar, numa irmandade de quem já tem centenas de saltos e tem no olhar um brilho de satisfação que eu não entedia antes de saltar.

Finalmente o Cessna 182 decolou, já no entardecer de Domingo, quando toda a ansiedade me tinha roído até ao âmago. Lá em cima a minha mente lutava entre o pavor e a calma enquanto todos aqueles ponto se distanciavam, ficando cada vez mais pequenos. Chegou a minha vez. Agi maquinalmente, pois era absolutamente contra natura, agarrar-me ao montante da asa, a 140 km/h e a 4500 pés. “Pronto!!” gritei e à voz de “OK” lancei-me no vazio.

Talvez o meu cérebro nunca estivesse preparado para sentir pela primeira vez o terror misturado com a ansiedade e prazer. Ao ver o avião subir vertiginosamente e o corpo catapultado à medida que a tira extractora do automático ejecta o pára-quedas, todas as ideias que nos possamos lembrar passam a cavalgar em simultaneo como numa parada de militar do exército da CCCP de 6 horas no Kremlin perante o politburo, comprimida num único segundo, levando dos 10 km/h a Mach 271,7 a nossa capacidade cerebral.

Tudo porque em teoria, quando se salta de um avião estamos do ponto de vista da Física mortos numa queda fatal. Não sei se gritei, de fiz a contagem, se balbuciei uma série de palavrões. Acho sim que o meu consciente e inconsciente cruzaram-se, chocaram e fundiram-se, e que levitava em êxtase.
Estava a minha existência sujeita a algo de verde alface no meio do imenso azul que se começa a abrir, numa lufada de salvação.
Algo estava errado: os cordões enrolados. Simples de resolver e sem pânico rodei. E depois voava e finalmente atingi um estágio de libertação e liberdade do espirito.
O tempo parou, e a suavidade do ar e a imensidão do espaço rolavam como uma injecção de 50 ml seratonina directamente no córtex. Não seria o Nirvana mas era contudo um estádio intermédio de iluminação e expansão da mente. Sem adjectivação possível.

M. chama-lhe sexo com anjos. Eu prefiro dizer que está a uns escassos níveis do Nirvana.
De volta ao chão, uma aterragem minimamente calma, e um sorriso de orelha a orelha. E um brilho no olhar. Senti a electricidade da satisfação e realização em cada célula, de cada tecido do meu corpo.

I made it! I was there in the skys! I can fly!

Deplorável, ou talvez não aquele baile dos Vampiros. Estava mesmo a precisar de arrebentar em termos de escala de Richt e proporcionar-me algum descontrolo.Sábado deu direito a domingo até às 8 AM , e um enigmático SMS para N. as 5:22 AM “Deda estar socorro”?!
Estava a precisar deste breve momento de descontrolo, e até deu para trocar duas de conversa com o grande senhor Kitten, e até encontrei a bela I. por lá, cheia de risinhos. E como estou numa fase de dilúvio, C. tem feito tudo para estar comigo. Isto dos aeroportos tem que se lhe diga…

Durante o concerto, que era bastante sufrivel, DJ Kitten, vulgo J. é a simpatia em pessoa e respondeu-me envergonhado, ao lhe dar os parabéns por sexta estar no LUX como cabeça de cartaz que não estava a espera de tanto sucesso. Já o conhecia da Matéria Prima e de uma noite no Triplex que eu já meio acelarado lhe estendi uns aplausos.
Afinal Kitten frisou que tinha iniciado o Clube Kitten e não iniciado a carreira de DJ Kitten. É interessante ver que Kitten prefere ser um pioneiro de uma club culture do que um DJ famoso. E é de facto esse pioneiro. Mais e mais gente, novas gerações se rendem as suas performances electro-trash, que não são um mero pretexto de dança, mas sim um verdadeiro catolicismo com direito a missa completa em cada mês.

Bom mas isso já não interessa. Sexta estou no Lux para Club Kitten@Lux

México

O fim de semana decorreu algo inesperado e acabei por me cansar em demasia.

Como M. estava a recuperar de uma gripe malvada, decidi dar uma saltada até sua casa e acabamos a sexta jogando cartas. Acho que ele já me pegou o bichinho…
E vai daí Sábado foi inicialmente de descanso e tédio de recuperação.

N. convocou-me ao fim da tarde para um campanha de terror que envolvia um restaurante mexicano… Escusado será dizer que meteu em seguida uma ida até ao congestionado cerveja viva, sempre com a companhia da Ju. , da adorável I. e da loirinha Jo. que estavam bem simpáticas.

Sou um pecador pois acabei por não resistir e apanhei boleia da Jo. e da I. até ao talho onde ficamos até horas proibitivas. Claro que Domingo tornou-se uma aventura no sofá tentando recuperar.

E para variar esta segunda vai ser a mais complicada de todas…

A última viagem é sempre triste para os que ficam. As exéquias são dolorosas, um espectáculo macabro de encontro dos entes queridos, carpideiras e demais abutres. O Domingo foi triste e conversar com um octogenário agora viuvo após 53 anos de casamento enchardo em Victan dando palavras de conforto numa sala cheia de antiguidades, enquanto a cápsula de madeira descia em Agramonte, não e um cenário que se deseje a ninguém.

Quando chegar a minha vez de ir em direcção à Luz quero ser cremado ao som das Valquirias de Wagner e que as minhas cinzas sejam levadas pelo vento onde o Douro beija o Atlântico. A morte é apenas mais uma etapa do ciclo da vida, talvez mais soturno e misterioso para os ocidentais contemporâneos.

Recear a morte é mais cómodo do que a não temer …

Apesar do domingo ser chuvoso a sábado à noite foi inesquecível. Faz tempo que não fazia uma noitada com o recente ilustre dentista de Valongo, famoso por ser mulherengo e fazer muitas filhinhas. Afinal estávamos em forma fazendo lembrar os bons velhos tempos de long nights and fast girls. Mostramos estar ainda aí para as curvas apesar das exigências típicas de Caminha já obrigarem a um nível pouco próprio para a nossa idade. Está na altura de ter mais juízo!
Ego e algo mais massajado eis que chego a casa as 7 da matina num sol aborrecido de ferir os olhos, depois de galgar kilometros enquanto o diabo esfrega um olho.

Exausto contemplo um Inverno digno de um castigo divino por um sábado bem passado – um domingo de tempestade. ò tempora , ò mores.

Na semana passada sofri algumas bofetadas da vida e a véspera de feriado à noite salvou-me repondo a minha perspectiva da vivência que levo na grande cidade. As aparências iludem e essa é uma das grandes constantes da vida. Felizmente há uma coisa chamada destino que sempre nos surpreende e contra a qual nunca valeu a pena lutar. Apenas navegar à vista mas nunca esquecendo que por muito contraditório que pareça – o destino somos nós que o fazemos… Psicótico não? Bom a vida não é “bem preto no branco”. Está cheia de tons cinza…

J., M. e o seu primo tiveram umas férias galegas embora chuvosas. Mesmo assim senti inveja por aqueles tempos de lazer, na borga de anos anteriores.

Vi de novo minha velha amiga colorida dos Verões de praia. Está diferente e muito carente… Mais mulher e mais serena. Conversamos um bom par de horas e quase caía em tentação graças aos seus dotes. Prefiro para já uma amizade bem a preto e branco pois os problemas que me trouxe no passado foram um osso duro de roer. Só de lembrar até me faz dores de cabeça. Isso deixou-me receoso, e felizmente fugi para a tal noite lá do norte que se vem tornando hábito de ser cheia de surpresas. Algumas boas como ontem e algumas más…

O início é um momento muito delicado.
É com esta frase que começa o filme “Dune” de David Lynch, um dos meus filmes preferidos e assim decidi iniciar o meu blogger. Hoje registei o domínio “psicotico.com” já de madrugada e hoje de tarde, após um domingo ameno, eis que têm início as hostilidades.
Para já não me revelo, apenas dou azo às minhas fúrias delirantes…