saudade

Já não corria há mais um mês. O meu corpo e espírito ressentiram-se da ausência da estrada que se escapa a cada passada. Tinha saudades das minhas corridas sem rumo e de aqueles momentos Zen em que o corpo pressionado, liberta a mente e mergulha noutro plano existencial.

Para mim ser corredor não é correr mais e melhor, competir e a buscar a superação per si. Ser corredor é procurar um momento de escape e fuga rumo ao meu intimo, numa espécie de meditação não-transcendental onde apenas falo com os metros à frente de um destino algo confuso mas que persigo com prazer.

Voltar foi custoso e as pernas e os pulmões deram muitos sinais de fadiga precoce mas que é apenas um desafio a superar e que dentro de semanas tudo terá voltado à normalidade com várias dezenas de quilómetros de puro prazer.

Como as ondas que se debatem uma após outra, num perpetuar eterno de movimento, no meu âmago desperta o gozo pela escrita. Mesmo sentindo que o meu talento para a escrita é de uma mediocridade tal que seria preferível não gastar tinta sinto uma compulsão forte que sou se acalma quando descargo alguma linha ou outra.

Que saudades eu já tinha de dispor de alguns momentos para soltar livremente tais pensamentos ou ideias. A triste sina do envelhecimento é que de facto o tempo como que não sobeja para nenhum momento de lazer e que a vida segue espartilhada pela rotina cada vez mais exigente. Algures há que soltar o tempo necessário para sonhar…

mouseless
Estava com saudades. No Fim-de-semana o me rato dómestico pifou deixando-me incomunicavel…
Mas cá estou eu para mais um dia de labuta