A postura Carmen Dolóres


é triste viver num país sem rei nem roque, onde parece que todos os políticos e eleitores começaram subitamente a desempenhar um estranho papel de órfãos.
Creio que é hipócrita afirmar que se trata de uma crise ou problema de coloração partidária, de falta de postura de cidadania ou ainda de algum deficit de honestidade perante os eleitores.

A política Portuguesa, a meu ver, desde há muito que só tem uma credibilidade equiparada a personagem Carmen Dolóres de uma qualquer telenovela venezuelana de 5ª categoria: chora muito, passa de gata borralheira a princesa depois de muitos desamores e suplicios mas no fim casa-se e fica para sempre feliz. Depois, na próxima novela, basta mudar a fronha à actriz principal e voltamos ao mesmo. Parece-me que na politica portuguesa actual existe esta postura Carmen Dolóres. Mudam-se as caras mas não se muda o enredo. Ao fim de contas o rosa e o laranja são a mesma coisa, apenas com caras diferentes, dado o vazio de líderes, ideologias ou ideias capazes de salvar a nação.

O que me custa mais são os rios de frases demagógicas, os chavões eleitorais, as camisolas partidárias, como se a nossa democracia entorpecida fosse capaz de proporcionar verdadeiras mudanças do comportamento político. Há muito que o desacredito do mundo político português e da lama a que este desceu, tornou o português médio alguém que se limita a preocupar com o próximo carrinho de compras do Continente, de como o Benfica foi roubado e para que destino exótico as suas parcas economias lhe permitem fugir numas semanas de ilusão.

Não censuro o Dr. Barroso por se por a andar para um cargo importante, longe deste barco que está a ir a pique há mais de uma década sem ninguém com coragem ou capacidade para pegar no leme. Também não censuro o Dr. Lopes por querer um cargo que preencha as suas ambições polóticas, apesar de ser um cargo para que nunca esteve preparado.

A única coisa que censuro é que os portugueses só parecem patriotas para agitar cachecóis e bandeiras desde há muito anos e não se interessarem verdadeiramente no que lhes estão a fazer ao país, nem tem verdadeiras convicções politicas: não sabem o que é um programa partidário, nem são capazes de assistir a um debate político na televisão.

É caso para dizer:

Salve-nos D.Sebastião!


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