As notícias que ouvi ontem do Passado deixaram-me irritado. Preferia que aquilo nunca tivesse acontecido. Saber que mesmo os mais desfavorecidos são explorados e em seguida descartados revolta-me. No fundo gostava de ser violênto e partir a cara a uma data de pessoas.

O mar de gente que pulula pelas ruas da grande cidade deixa-me cada vez mais indiferente. Ainda ontem não sequer me espantei com uma Drag Queen que vi no metro, e que exibia quatro piercings faciais e vestia uma camisola rosa florescente bem justa. É já quase natural ver gente gira e/ou exótica e deixo o meu provincianismo de lado. As grandes cidades tem a característica estranha de assimilarem e banalizarem qualquer excentricidade a ponto de ser a coisa mais natural do mundo. Qualquer um pode passar despercebido. Mas por outro lado há o indigente na esquina que dorme debaixo de um cartão e é ignorado como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Ambos são efeitos secundários do formigueiro em larga escala que é esta cidade. Não gosto de ser formiga.

E. e Ma. estão felizes e foi bom estar com eles. telefonei a M. e soube que está a tentar cativar uma amiga. Faz essa!, como diria o meu irmão.
Falei com X. e fiquei contente pois é sempre optimo ouvir uma palavra amiga. X. acaba sempre por me dar alento
S. tá em mudanças. Tenho pena de falar pouco com S. ultimamente.

A noite de ontem foi cheia de supresas. Parece que descobri um pouso fixo na grande cidade num local calmo e até típico. Custa a crer que não tem um catch

O fim de semana que ainda vem lonje pode já estar ocupado com um belo programa…

60 anos é uma data bonita. Pergunto-me se chego aos 60 e se chegar se ainda vou estar capaz de aproveitar a vida. Não gostava de me tornar um velho senil, mas o gosto que tenho na vida não me permite pensar de forma diferente.
E mãos à obra que hoje vai ser complicado

Bom agora estou sozinho em casa mas estou morto por sair e tomar um banho refrescante…

Alguém me telefonou e já me irritou profundamente… será que não me liberto do Passado?

É verdadeiramento abrasador o calor que se faz sentir. As conversas descambam … tomam um cariz descomprometido, mas politicamente incorrecto. Há piadas racistas e assuntos tabu que me chegam a chocar. “ monhés“, “catinga” , etc

A mentalidade das pessoas é estranha: dizem o que não sentem e riem acerca do que pensam. Ou então não dizem o pensam … que complicado —

E Che ? E Castro ? E Gandhi? E James Dean ? E Mandela ? E …

X. escreveu-me. Estou preocupado pois X. denota cansaço e preocupação. Creio que estou com saudades

Estar calmo nem sempre é sinónimo de felicidade ou paz de espírito.
Ver a movimentação na grande cidade logo pela manhã é agradavel mas não é verdadeiramente relaxante. Apenas dá prazer por estar num novo território

Baptismo de chuva. Vai benzer o meu espírito e dar-me alento para uma nova semana cheia de alterações.

A todos que me querem bem…

É cruel sentir a falta de ar. Esta calor e a mente nestas alturas começa a divagar sem paciência. É díficil num ar de trovoada sentir a electricidade que se acumula no nosso como e nos faz irritar.

Senti que o fim de semana escapou-se me entre as mãos pois todas aquelas acções importantes ficaram por ser realizadas. Mesmo assim o Sol da praia e jogo de cartas com M. soube bem.
N. chegou tarde à praia e J. esteve sempre a implicar. Perfeito! depois viram os trovões que me perseguem. Chuva na grande cidade uma sensação nova por certo…

A viagem correu bem, a manhã está torrida e tenho muito que fazer hoje. Provavelmente estarei com a minha prima

Dormir que já é tarde — amanhã retorno à grande cidade…

Tenho muitos planos para este fim de semana e tão pouco tempo para os concretizar… Se ao menos me conseguisse dividir…

Ainda me aguento acordado. É bom retornar aos meus lençois e recuperar aqueles odores e cantos territoriais familiares é gosto e aproveitar cada momento.

Muitas vezes não é preciso dizer muitas palavras para nos entendermos. Tu sabes a que me refiro.

Estou de novo pronto para mais um sacrifício de viajar a distancia entre a grande cidade e a minha cidade natal. A mala que transporto não me deixa criar raízes e é como se eu estivesse numa fronteira entre dois mundos, viajando na vida como um cigano.

Pois
A coisa repete-se novamente e estou até tarde junto ao ecrã.

Mas vou já sair e passear quanto baste…

A tarde corre lentamente mas o dia é pacato o suficiente para eu estar menos stressado. Só é pena estar a 316 km de casa e saber que sou esperado com ansiedade. As vezes a distância não é apenas física e surge numa forma de barreira que nos impede de comunicar. Mas quando se está longe e a barreira também existe torna-se mais insuportável.

Hoje quero passear por ruas novas e procurar um local desconhecido em que me sinta confortável. Poderá parecer um contra-senso mas por vezes sem o sabermos há um local que nos puxa e está à nossa espera…

A manhã está bonita e a grande cidade parece renovada. O dia está calmo e estou repousado e rejuvenescido. Capaz de enfrentar mais adversidades.

A minha irmã está mais calma e a sua vida parece que se está a endireitar e as minhas perspectivas de futuro começam-se a delinear com uns contornos mais definidos. Um dia com esperança