eu

Fiquei só em casa ontem. É uma casa enorme com um corredor que corta todos os compartimetos. Estreito e alto digno de um verdadeiro filme B de terror, com a janelas a baterem e as portas a rangerem. Um mimo!

Espero colocar hoje finalmente um ponto final no Passado e resolver aquela pedra no sapato. É já com alguma indeferência que sinto as recordações mas de tempos a tempos ainda me ocorrem à memória esses ecos má memória.

Ontem o pessoal dos Jardins Suspensos (excepto Bob que cumpriu o seu dever e ficou a guardar o ninho) foi tomar um café com B. e C., exibindo o seu amor à velha camisola perante os seus ex-patrões. Só Ma.se recusou a usar tal indumentária por não ter calças a condizer (a máquina de lavar trapos nunca mais chega!!!). De qualquer forma os ex não acharam muita piada (que de facto era de um humor negro duvidosamente refinado).

K. faz anitos hoje. Parabénsssssssssss trenguinha!

Dia ameno, preocupações crescentes. Ninguém me escreve para meu descontentamento.

Bom eu já não deviar estar a curtir?

Acho que numa vida anterior eu fui o Garfield – detesto as segundas.

Felizmente hoje é terça. Ontem aterrei e adormeci ao lado de Bob. Estavamos no chão e mereciamos uma foto

Sem tempo

Meu mano teve que cancelar a sua viagem até à grande cidade. Fiquei triste
mas em compensação a minha mana vai jantar comigo. Antevejo as ruas da amargura deambulando com bastante suco de Baco nas noites do B.A. com B e Ch. Espero que E. e Ma. também possam ir. Vai ser cool to say the least

Calmo e com uma pitada de praia q.b. era assim que eu desajava que fossem sempre os meus fins de semana.
Infelizmente quase que me dá RAIVA sabendo que J. , M. e o seu primo vão numa expedição de uma semana até às Asturias e este ano terei de faltar devido aos meus novos compromissos.

Porque é que o Pendurado me persegue? Felizmente a Força e a Estrela dominam num campo de espadas.

Quero falar com X hoje

O ninho toma formato, infelizmente só à custa do suor dos meus room mates. Nas traseiras Bob adormece melancólico mas compreensivo.

Só ontem reparei no quanto belo é o panorama das traseiras. Um verdadeiro cenário dos Jardins Suspensos da Babilónia que sobem a encosta íngreme empequenas gavetas com arvores diferentes e até exóticas. Antes as minhas vistas eram mais ao gosto de um voyeur do que de um psicótico. Agora vou poder dar deixar a minha imaginação fluir e viajar no passado respeitando os deuses-demónios. Lembrar-me de luxúrias já vividas de esravatura e de sacrifícios. Vou poder recordar-me de quando fui um semi-deus com poder sobre a vida de outros desgraçados com fome de sangue.

Ontem foi um dia particularmente subterrâneo. A grande cidade reservava-me os prazeres do metropolitano, numa estação particularmente clara e hospitalar em que as escadas-rolantes vomitavam gente da sua garganta sem fim.

O Metro tem um fascínio particular sobre mim. As profundezas da terra transformam os vulgares citadinos em toupeiras mutuantes que transpiram medo e suam trabalho e pressa. O ambiente artificil da claridade falsa denota o espirito intemporal onde é sempre noite e tudo e todos estão em transito, indo para algum destino qualquer – qual o teu destino estranho?
Para onde vais e de onde vens?
Quem és tu que olhas para mim?

O time warp entre as estações é um vazio sem luz e sem lembranças.

No Bairro alto E. Ma. B. e C. estavam uma companhia exemplar apesar de batermos à porta de locais fora dos roteiros tristes. Foi divertido e uma novidade onde o alcool sangrou claro e doce…

A saudade e dúvidas apertam… A irmã falou-me nas suas esperanças renovadas que já não eram sem tempo. As curvas acabaram e estamos a chegar à recta. Seu esposo já tem raíz defenida e o Capuchinho Vermelho rui e sorriu.

Infelizmenet o meu nariz está como uma comporta cheia alheio ao tempo de Agosto. A minha cabeça estoura e o lenço é uma ferramenta de de trabalho…

mouseless
Estava com saudades. No Fim-de-semana o me rato dómestico pifou deixando-me incomunicavel…
Mas cá estou eu para mais um dia de labuta

Por vezes há mentes puras e mentes imundas. As mentes puras são raras.
Sofrem. Sofrem por si e pelos outros.
Lutam. São sensíveis e perspicazes.
São espírito. Pensam. Buscam a sua felicidade e das dos outros. Querem dar mais do que recebem.

Depois existem as mentes imundas.
Só pensam em si. São materiais e egoístas. A minha roupa! A minha casa! O meu carro! Os meus livros! A minha viagem! A minha , o meu ,nunca o nosso , nunca dar.
São patéticas. Não entendem . São incapazes de sentir a dor dos outros. Julgam-se superiores.
Calcam os outros sem piedade. Ignoram o sofrimento dos outros. São fúteis. São superficiais. São servis. São lambe-botas e dessimuladas. Vivem de aparências.

O mar de gente que pulula pelas ruas da grande cidade deixa-me cada vez mais indiferente. Ainda ontem não sequer me espantei com uma Drag Queen que vi no metro, e que exibia quatro piercings faciais e vestia uma camisola rosa florescente bem justa. É já quase natural ver gente gira e/ou exótica e deixo o meu provincianismo de lado. As grandes cidades tem a característica estranha de assimilarem e banalizarem qualquer excentricidade a ponto de ser a coisa mais natural do mundo. Qualquer um pode passar despercebido. Mas por outro lado há o indigente na esquina que dorme debaixo de um cartão e é ignorado como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Ambos são efeitos secundários do formigueiro em larga escala que é esta cidade. Não gosto de ser formiga.

E. e Ma. estão felizes e foi bom estar com eles. telefonei a M. e soube que está a tentar cativar uma amiga. Faz essa!, como diria o meu irmão.
Falei com X. e fiquei contente pois é sempre optimo ouvir uma palavra amiga. X. acaba sempre por me dar alento
S. tá em mudanças. Tenho pena de falar pouco com S. ultimamente.

É verdadeiramento abrasador o calor que se faz sentir. As conversas descambam … tomam um cariz descomprometido, mas politicamente incorrecto. Há piadas racistas e assuntos tabu que me chegam a chocar. “ monhés“, “catinga” , etc

A mentalidade das pessoas é estranha: dizem o que não sentem e riem acerca do que pensam. Ou então não dizem o pensam … que complicado —

E Che ? E Castro ? E Gandhi? E James Dean ? E Mandela ? E …

X. escreveu-me. Estou preocupado pois X. denota cansaço e preocupação. Creio que estou com saudades

Baptismo de chuva. Vai benzer o meu espírito e dar-me alento para uma nova semana cheia de alterações.

A todos que me querem bem…

A viagem correu bem, a manhã está torrida e tenho muito que fazer hoje. Provavelmente estarei com a minha prima

Ainda me aguento acordado. É bom retornar aos meus lençois e recuperar aqueles odores e cantos territoriais familiares é gosto e aproveitar cada momento.

Muitas vezes não é preciso dizer muitas palavras para nos entendermos. Tu sabes a que me refiro.

Estou de novo pronto para mais um sacrifício de viajar a distancia entre a grande cidade e a minha cidade natal. A mala que transporto não me deixa criar raízes e é como se eu estivesse numa fronteira entre dois mundos, viajando na vida como um cigano.