2008

No sentido de tentar recuperar a forma e tentar eliminar uns quantos quilos tenho-me imposto um pequeno sacrifico de correr.
A corrida tem se tornado um vicio muito salutar e os poucos vou alcançando objectivos que há uns anos acharia impossíveis. Nas últimas semanas a visibilidade do horizonte e de superar as minhas capacidades tem operado milagres no meu peso e forma física.
Alias o que no inicio era um sacrifício está tornar-se numa necessidade de escape e compensação do stress diário, ouvindo as minhas músicas no meu Apple vermelho.

Foi a dar o meu ar de recém-maluquinho das corridas, que nos meus percurso nesse subúrbio envelhecido da minha cidade que me deparei que em Agosto a cidade quase que fecha portas. De facto as persianas estão fechadas por todo e no calor apenas se vê a fauna idosa. Nos parapeitos, nas janelas, nas soleiras das portas, os sócios do clube geriátrico, os veteranos da vida, permanecem estáticos no entardecer. Parecem existir às dúzias, abandonados pelo resto das suas famílias que os abandonou enquanto foi de férias – olham ausentes com ar de solidão, enquanto eu tento fazer mais um quilometro em menos de sete minutos.

Esta na moda a questão do pensamento positivo e da alteração de matrizes de pensamento.
De facto faz algum sentido a nível de senso comum que se mantivermos o mesmo hardware e correremos um software diferente é natural que o desempenho do cpu seja alterado… a questão é saber se para melhor ou pior.

Seguindo o paralelismo informático, não creio a mente se possa reprogramar apenas por ler um livro ou fazer uns exercidos mentais: não podemos formatar o espírito e fazer tábua rasa da nossa infância e adolescência formadora da personalidade – podemos quando muito deixar de usar o Internet Explorer da Microsoft e passar a usar o Firefox da Mozilla.

Ver o mundo com olhos de ver pode gerar algumas alterações, as mudanças de hábitos também, mas se o hardware estiver desactualizado, não se podem esperar milagres.

Faz anos que embarquei numa aventura arriscada de emprego. Tentei seguir um rumo difícil e sem garantias, como migrante na capital em busca do El dourado profissional. Tal empresa estava condicionada à partida por vários vícios internos uma vez que no meu intimo eu encarei a mudança de cidade como algo probatório e nunca definitivo.

Foi no clima de teste que este diário se começou a escrever por si próprio num misto de busca por explicações para o sucedido, e por outro lado para evitar a solidão do desenraizamento a que me vetei voluntariamente – queria provar que eu era um bom profissional e que era um corajoso radical capaz de deixar tudo para trás das costas. Foi neste clima meio absorto que eu cometi um erro de vida crucial – um erro que me deu muitos dissabores, mas que foi uma importante lição de vida: eu errei porque estava a seguir um rumo em que tinha algo a provar aos outros e não a mim próprio.

Foi assim que eu embarquei num barco sem rumo definido, com todas os problemas que ocorrem quando se viagem sem destino. Por isso rapidamente todo o processo se tornou um sacrifício que relutantemente tive que aguentar ainda mais cinco meses. Foi cansativo. Mas aprendi uma lição muito valida – só temos coisas a provar a nós próprios.

Cada macaco no seu galho, e uma expressão muito comum, mas que se traduz num enorme rol de considerações. A hierarquia, a burocracia e o conservadorismo reaccionário defendem-se segundo esta curiosa máxima.

Pessoalmente acho que no nosso país esta expressão é levada a letra e questões de autoridade formal são levadas à letra, por muito que a hierarquia seja instituída de forma rocambolesca. Nas empresas normais, pela maior parte dos países desenvolvidos, o chefe é encontrado por mérito e provas dadas, mas infelizmente aqui existem critérios extra gestão que entopem a capacidade competitiva e evolutiva das empresas – tornando-se no fundo incapazes de evoluir e competir.

A «cunha» e os «lambe-botas» são os principais critérios de evolução das carreiras ao contrario da competência e mérito e os ganhos altos são preenchidos por incapazes e incompetentes para os cargos que se dedicam exclusivamente a manter o status quo, maltratando os subordinados e obedecendo cegamente a qualquer ordem, mesmo que totalmente irrealista vinda de cima.

Curiosamente a expressão macacos sem galho é algo que se me faz lembrar o desnorte político e democrático da República Portuguesa…

Navegando em mares recorrentes, sem nenhuma água salgada na companhia das mulheres da minha vida, foi uma experiência nova e alegre. Muito me apraz pensar que sou um gajo afortunado e que o destino me foi muito favorável, na vida confortável que me reservou.

Com horários rígidos e responsabilidades diferentes a minha praia foi aproveitada a conta-gotas e o solário foi o solução recorrente. A calma e o descanso pautaram um gosto pela preguiça e pelo prazer de estar a viver um doce sonho.

Mas além do mar salgado, tive ainda tempo para desfrutar da urze raiana, das longas viagens entre as três fortalezas fronteiriças, por entre ondas de vales e montanhas. As cidadelas estavam lindas, bem cuidadas e remontavam a um presente orgulhoso do passado, agradável à vista e aos turistas.

Foi bom , terno e curto.

Um bom período de férias em família é motivo de regozijo, nem que seja por um espaço temporal reduzido. Deliciei-me com um proverbial dulce fare niente na companhia dos dois seres que mais amo.

Agora sei que o tempo é algo de muito escasso, que a vida é, tal como o tempo escassa e irrecuperável. Sendo assim nada como parar para saborear cada instante presente e abstrair de todas as distracções temporais do passado e futuro.

Tal como o mestre me relembrou, devemos valorizar o presente e abstrair das ânsias fictícias do futuro e ignorar os fados passados. O caminho do meio, do presente. Nada nos desgraça mais que o peso de trazemos escusadamente do passado, ou por nos preocuparmos com conjecturas voláteis para futuros remotos. No meio desta presença pouco definida da mente no espaço-tempo esquecemos de sentir no nosso espírito o presente, a única e verdadeira faceta da realidade.

Por isso vou-me esforçar por me situar mais no presente vivido e real, sentir a vida tal como ela é, sentir a comunhão com o eterno que só se pode ter no momento presente.

Estirado na areia, a olhar o azul,
ainda me treme o parvalhão do corpo,
do que houve que fazer para ganhar o nosso,
do que houve que esburgar para limpar o osso,
do que houve que descer para alcançar o céu,
já não digo esse de Vossa Reverência,
mas este onde estou, de azul e areia,
para onde, aos milhares, nos abalançamos,
como quem, às pressas, o corpo semeia.

Um bom período de férias em família é motivo de regozijo, nem que seja por um espaço temporal reduzido. Deliciei-me com um proverbial dulce fare niente na companhia dos dois seres que mais amo.

Agora sei que o tempo é algo de muito escasso, que a vida é, tal como o tempo escassa e irrecuperável. Sendo assim nada como parar para saborear cada instante presente e abstrair de todas as distracções temporais do passado e futuro.

Tal como o mestre me relembrou, devemos valorizar o presente e abstrair das ânsias fictícias do futuro e ignorar os fados passados. O caminho do meio, do presente. Nada nos desgraça mais que o peso de trazemos escusadamente do passado, ou por nos preocuparmos com conjecturas voláteis para futuros remotos. No meio desta presença pouco definida da mente no espaço-tempo esquecemos de sentir no nosso espírito o presente, a única e verdadeira faceta da realidade.

Por isso vou-me esforçar por me situar mais no presente vivido e real, sentir a vida tal como ela é, sentir a comunhão com o eterno que só se pode ter no momento presente.

Criar uma criança nesta época é acto de fé. Não é possível de forma racional fundamentar o milagre de trazer um novo ser a este mundo, numa perspectiva conjuntural de declínio civilizacional.

A crise do petróleo, o espectro da fome, a crise financeira do subprime, a ameaça da gripe das aves, o aquecimento global, entre outros, são cenários reais demasiadamente sérios e nefastos quando se medita num paradigma tão simples que se coloca a qualquer progenitor: que futuro vão ter os meus rebentos? A incerteza de futuro e as perspectivas sombrias das próximas décadas não auguram nada de promissor.

Mesmo com horizontes negros, coloca-se o sonho individual de constituir família e descendência, de se amar, de se tentar ser feliz. E repensando a história, quase todos os momentos de 6000 anos de civilização documentada, sempre existiram sombras, apocalipses, crises. E não foi por isso que o ser humano deixou de ter que viessem momentos melhores no futuro para os seus.

Actualmente as chuvas de Abril estão a comprimir a minha necessidade renovada de open spaces.

Espero que a Primavera se renove convenientemente para que a minha forma física possa ser perseguida com a ajuda de de um Nike Plus que tem estado negligenciado. Anseio por ouvir as minhas músicas favoritas a suar e ultrapassar os novos limites. Os meus quilos extras estão a precisar!

Já começou a caça ao voto e aos parvos.

O IVA 20% é o sintomático exemplo que não existe na nossa classe politica (III Republica) ninguém que não se regesse por motivos eleitoralistas e não por motivos estratégicos.

Em suma, todo o esforço de suportar um imposto mais oneroso durante anos vai ser destruído pois o grande asno das coincineradoras e Engenheiro à pressa Sócrates quer conservar o poleiro.

O apertar do cinto que o estado esteve a exercer nas vacas magras vai ter que ser esbanjado para que mais uma vez o calendário eleitoral seja cumprido. A necessidade que o partido que está no poder tem de dar mostras de uma falsa eficiência é tanto que é preciso mostrar aos menos avisados que os impostos vão descer.

Mera ilusão para os parvos que fazem cruzes. Que o rigor orçamental vá para as urtigas pois estamos em crise. Depois daqui a dois anos aumenta-se o IVA novamente. E é assim que se governa Portugal.

Saber de antemão que a vida muda radicalmente numa determinada etapa da nossa vida é importante, mesmo que não tenhamos consciência da forma telúrica com que essa alteração nos afecta.

A passagem para uma nova fase da minha vida está a ser um mar de descobertas e entusiasmos nunca antes previstos. Até o que de antemão se afigurava como um processo potencialmente desconcertante e exigente psicologicamente foi antes um conjunto de realizações pessoais reconfortantes e uma aprendizagem impagável sobre mim próprio.

Hoje, mais que nunca estou plenamente convicto que para sermos capazes de Viver é necessário sentir na pele quer o êxtase da felicidade mais pura e o desespero da descida ao mais fundo dos infernos. Só assim somos capazes de encontar no nosso intimo a veracidade dos sentimentos e saber a sua importância e o seu realismo. E nos momentos em que surge uma ansiedade e se coloca um novo marco, fica nas nossa veias a sensação que a existência tem um novo significado maravilhoso

Um milagre. Apenas e só : e que por questão de fé não é necessário desenterrar nenhum dos porquês de tanta felicidade- eles estão estampados num sorriso.

Subitamente apeteceu-me escrever. Escrever como se nenhum momento de intervalo estivesse intercalado entre este momento e o anterior, como se todo o conteúdo que se passou entre o ponto A e o Ponto B estivesse suspenso.

Por isso escrevo. Porque este ponto B é um ponto sem antecedentes de dormência o relaxamento. É apenas o ponto B, onde o ponto A não faz sentido nem na distância, nem na origem. Por vezes temos que ser condescendentes com o nosso passado para que tenhamos um presente sem pressões. E de súbito sem pretensões apeteceu-me acrescentar mais um capítulo a esta espécie de diário, só para me lembrar que existe um ponto C.