Crime e castigo


É me difícil imaginar que sou responsável por fazer sofrer alguém, seja lá por que razões forem. Quando sinto que as minhas acções não despoletaram nada de positivo nos meus entes queridos, isso deixa-me no mínimo entristecido.

O pior é quando se sente que as nossas opções apenas trouxeram desilusão e tristeza a quem nunca deveríamos trazer qualquer sentimento a não ser a felicidade. A sensação de se olhar no espelho e ter-se como um Otelo, ou uma Hidra sem coração dá-me um desejo compulsivo de me auto-flagelar, encharcado na vergonha de não estar à altura de decisões difíceis que estupidamente preferi adiar, e que como nestas situações se tornaram numa bomba-relógio com consequências trágicas e fatais.

De nada me serve denegrir-me, ou fazer um acto de contrição, mesmo tendo remorsos sinceros. É necessário arcar com as consequências, sentir o peso da responsabilidade e estar à altura, subir ao banco dos réus e ouvir o juiz a proferir a sentença que o nosso crime exige. Aceitando esse julgamento e respectiva pena, seja ela severa ou branda.


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