animal

Um vídeo que se tornou viral nas redes sociais com a duração de 13 minutos retrata 8 jovens a agredir fisicamente e verbalmente outro jovem sem que este aparentemente consiga reagir. Este episódio triste que se passou há uns meses na cidade da Figueira da Foz tornou-se um tema mediático na imprensa numa espécie de histerismo de repulsa.

O bullying – esse anglicismo que retrata abuso físicos e psicológicos entre miúdos mais fortes sobre os mais fracos – sempre existiu e muito provavelmente sempre existirá. Existe uma pulsão intrínseca no comportamento social dos grupos humanos para se comportarem como as alcateias de lobos. O lobo alfa é o líder é mais forte. O ómega é o mais fraco e todo a alcateia o maltrata. Queiramos ou não a nossa racionalidade é muitas vezes aparente e assim como uma parte do nosso cérebro é reptiliana , outra é semelhante aos mamíferos, os resquícios animalescos, muitas vezes violentos, desabrocham em situações inqualificáveis.

Porém não fiquei chocado pelo evento em si, mas sim pelo incêndio que se gerou de opiniões ferozes contra este fenómeno e pouco falta para exigir que se metam os menores na prisão e se atire a chave fora. A tal viralidade febril dos temas choque que faz com que surjam atitudes de busca da justiça e segurança para as nossas crianças. Fala-se em combater o bullying, implementar medidas, proteger as vitimas. Mas não duvido que da mesma forma que as redes sociais nos metem pelos olhos dentro realidades sombrias em frenesim e velocidade, do mesmo modo nos vão levar o cérebro para temáticas mais benévolas numa espécie de doença de Alzheimer que nos rouba a memória de curto prazo. Será que dentro de duas semana alguém ache que este tema esteve sequer na moda? As ideias e assuntos agora também só têm 5 minutos de fama…

Recentemente tenho me encontrado em situações que me recordam o que há uns bons anos aprendi a muito custo: se tu te mostras com um temperamento pacífico muitas pessoas te vão encarar como um fraco.

Na nossa sociedade competitiva, ser paciente e apaziguador é interpretado como uma falha de carácter, não como um predicado que se constrói conscientemente. Alguém que não responde a uma provocação e visto como acovardado ou sem poder de decisão e não por alguém que percebeu que pelo caminho do conflito e até da violência não se consegue criar.

Embora eu reconheça que tenho um pouco de passividade em excesso – um dos meus principais defeitos – maioritariamente tenho preferido viver de uma forma que me afasta da resposta emocional, o tal sangue quente latino, e prefiro encontrar na minha mente a resposta racional ponderada para as grandes e pequenas equações da vida. É uma tentativa de ter uma vida mais iluminada e menos reativa – a mente a tentar sobrepor-se ao animalesco que gere a nossa vida.

Tentar racionalizar leva a um processo mental como que meditativo que não se projeta o «Eu» , as nossas vontades e expectativas nos outros que nos rodeiam – como a criança que se julga o centro do universo – e busca-se o equilíbrio interno e externo. Porém isto não é nada fácil quando confrontado com as situações que nos rodeiam e o que os outros entendem de nós. A ideia que somos frágeis e «bons», tipo cordeiros ou lobos ómega – leva a comportamentos mais agressivos de impulsividade animalesca de certas personalidades, numa falsa sensação de superioridade. E apesar de me imiscuir de procurar conflitos há momentos que em que não podemos ser tidos como o ómega da alcateia. É preciso mostrar os dentes e delinear um limite, sobpena de sermos usados como saco de pancada.

A lua cheia tem a fama de desencadear a maldição da metamorfose do Lobisomem. Algo de místico faz com que os pobres amaldiçoados se transformem em feras aterradoras.

Acho que eu tenho umas moléculas de lupus. Esta lua cheia pouco me faltou para uivar, algo desvairado na noite. Quase como um animal maldito.

Ooooooh – stop

With your feet in the air and your head on the ground
Try this trick and spin it, yeah
Your head will collapse
But there’s nothing in it
And you’ll ask yourself

Where is my mind
Where is my mind
Where is my mind
Way out in the water
See it swimmin’

I was swimmin’ in the Carribean
Animals were hiding behind the rock
Except the little fish
But they told me, he swears
Tryin’ to talk to me to me to me

Where is my mind
Where is my mind
Where is my mind
Way out in the water
See it swimmin’ ?

With your feet in the air and your head on the ground
Try this trick and spin it, yeah
Your head will collapse
If there’s nothing in it
And you’ll ask yourself

Where is my mind
Where is my mind
Where is my mind
Ooooh
With your feet in the air and your head on the ground
Ooooh
Try this trick and spin it, yeah
Ooooh
Ooooh

Where is my mind – SURFER ROSA – Pixies

Não percebo a violência. Em miúdo deparei-me com a adrenalina da força e da luta máscula e sentia nas veias um pulsar animalesco logo que era interpelado de forma mais provocatória. Basicamente agia instintivamente, tomando um papel que julgava ser honrando, tendo um corpanzil para isso entre os miúdos da minha idade.

Um dia, que a minha reputação de pequeno arruaceiro que não levava desaforos para casa, foi posta à prova, sendo manipulado por outros miúdos do liceu, espicaçando-me. Era apenas um galo de combate, ou melhor um garnisé. Pedi contas a um miúdo com mais dois anos que eu e provavelmente mais 5 ou 10 centímetros de altura. Levei de resposta um uper-cut bem inflingido, mas isso não me tocou verdadeiramente: apesar de eu ver estrelas não senti o sangue a jorrar-me pela boca enquanto a minha mão direita lhe apanhou a garganta. Julgo hoje essa loucura com tristeza, mas naquele momento seria capaz de o sufocar. Só a suplicas de desespero do adversário e a três ou quatro pacificadores que nos tentavam separar o larguei.

Não contente, passados alguns minutos um adversário ainda mais imponente veio interpelar-me. Empurrão e murros. Vou ao chão, levanto-me e de novo a fúria assassina. Desta vez tremi de raiva, possesso. Não estava sequer naquele local, apenas com rapidez letal procurei a garganta, ignorando pontapés e murros. Era um primata que num relâmpago agarrou novamente pela garganta a sua presa. Depois vi o desespero naquela face em que as carotidas eram esmagadas por uma força compressora motorizada a demência. Atónito parei.

Percebi que a violência era, e o que eu tinha de mais desumano: uma força irracional capaz de me destruir, num rasgo de escalada de descontrole furioso. A minha reputação instalou-se no liceu como simpático miúdo, capaz de virar uma fera assassina a quem ninguém deve provocar. Vacinado desta minha faceta negra, nunca mais fui solicitado para rixas, aprendendo uma importante lição da vida: somos humanos por opção e animais por essência.

Aprendi a controlar-me e a entender que a violência nada me dará, a não ser a minha própria derrota. Seja qual for o resultado de uma confrontação fisica prefiro ser um humano cobarde, do que um viril macaco corajoso.

Capeia antiga

Resolvi dedicar estes dias quentes do pino de Agosto para rever as minhas raízes e visitar os meus parentes, que revejo tão irregularmente. Não sou achacado a reuniões familiares, mas apetecia-me mesmo rever minha anciã avó, meus tios e principalmente meus primos, que há tantos anos não revia.

Fiz-me à horripilante estrada que serpenteia a Serra da Estrela, com uma tolerância zero invisivel, agora totalmente a monte, sem ter passado por um único carro da BT.

Cheguei à Raia, com reencontros emocionados, sangue de família a borbulhar, embora me sinta sempre algo incomodado algo este tipo de manifestações. Sou demasiado reservado e contido infelizmente, para ser alvo de atenção quando a intimidade não é assim tão profunda. Mesmo assim deu-me uma enorme alegria todos aqueles reencontros.

Logo fui encaminhado para a praça de touros onde a Capeia Arraiana das oito aldeias se ia desenrolar. A Capaia Arraiana é uma tradição de lide do touro muito estranha e particular, que mesmo remontar ao tempo dos Iberos, não se conhecendo tradições similares. Apesar de me desagradar o mau trato aos animais, sendo a Capaia uma corrida onde o animal enfrenta o homem numa espécie reminescente de ritual de mistificação, onde não há sangue, nem nenhum objecto de tortura.

A Capaia Arraiana é uma espécie de garraiada, mas que é antecidada pelo Forcão, um enorme triangulo em carvalho solido, com várias traves de sustentação que atravessam o triângulo e onde três toros sólidos, dois em forma de V nos lados desse triângulo e um na bissectriz do angulo interno desse V.

Na dianteira de cada extremidade do V existem as galhas, onde o touro se for bravo investe. Sustido em força por 20 a 30 rapazes solteiros da aldeia raiana, o objectivo é suster as investidas do touro, oferecendo-lhe as galas durante o embate, evitando a todo o custo que o bravo animal contorne o V ou levante o forcão atacando assim os desamparados homens do forcão. As manobras do pesado triângulo, exigem um esforço enorme em peso e coordenação e não mais de cinco minutos pode o forcão ser empunhado pelos valentes. O touro, acaba por estar também exausto, por vezes atordoado pelas marradas na madeira solida, é agora alvo de uma pega, depois de cuidadosamente pousado o forcão. Alguns mais corajosos tentam agarrar o touro pela cauda ou pela cernelha, mas raramente isso é possível.

É um espectáculo algo bizarro, mas realmente esta tradição popular muito singular, parece remontar a tempos esquecidos, dando um efeito onde se respira uma luta de honra e valor, mas principalmente um significado: a união dos homens pode vencer as forças da natureza.
O touro regressa vivo depois da corrida, e os bravos recontam depois na Raia a sua experiência as belas moças raianas.

Mas eu estava doido por sentir o Sol espreitando pelas colinas, mergulhando lá na Serra, deixando os vales dourados entre o pasto doirado e os pedregulhos granito grisalho revestidos por turfas de giestas. É um quadro de uma beleza que me estoura o coração. Sentindo vento do final da tarde, já poisadas as poeiras, sentindo os cheiro da terra agreste da Raia, brilhando sobe um céu azul, reconheci alguns tempos de meninice, assim como parte das minhas raízes feitas carne.

Creio que nenhum homem se pode conhecer, se não sentir que parte de si deriva das suas raízes ancestrais, embebida na cultura e valores. Em parte sinto-me beirão e tenho orgulho nisso.

Peaches & Kitten @celorico

Num volte de face de última hora, tudo se conjugou para que a dupla maravilha, eu e N. tratássemos de atender à chamada de mais um Kitten. Para mais-valia iríamos até um Portugal profundo para uns quantos concertos interessantes.

O festival CTB Dance sobe a égide da melhor cerveja do mundo era um destino crucial, mas revelou-se algo perturbadormente provinciano. Sem apelo nem agravo logo à chegada trataram-nos como vacas encaminhando-nos para um sector onde nos colocaram umas pulseiras com anilhas numa espécie de curral. Será que as organizações destes eventos classificam o seu publico como gado?
Creio que sim. A única tenda que me intereesava era a eletro-clash e supresa das supresas: era a mais pequena!

Rapidamente penetramos na mufla atraves de uma porta giratória pois os Ladytron já actuavam. Algo bizarro, apesar da banda ser bastante profissional aquilo era uma barulheira insuportável. Rapidamente apercebi-me que afinal não seria a banda, mas não podia acreditar que um dito festival, com budget principesco andasse a meter no dito evento colunas arrebentadas e técnicos de som rascas que só sabem afinar os baixos para o DJ XL Garcia. Foi muito sofrível. Quando acabaram apenas houve um encore tímido, e era notória a frustração dos Ladytron.

A seguir seria uma tal Peaches e decidimos ver o que se passava ao lado. A única porta giratória, demorou a ser ultrapassada na enchente e tremi só de pensar o que representava aquilo se houvesse azar. Só um Cró-Magnon seria capaz de aprovar aquilo para recinto de concertos.
Ao lado as tendas gigantescas estavam ainda obviamente às moscas, mas notava-se o mesmo efeito: o som era bastante mau.

De volta à nossa tenda para o tal concerto da Peaches. Colossal, frenético, animalesco, a mais perfeita simbiose entre e eletro e o punk, na força da Natureza encarnada numa mulher. A canadense Gonzales, que segundo algumas fontes é uma ex-prostituta, possui o público numa performance que tornaria Marilyn Manson, um palhaço para entreter meninos do coro de 9 anos.
Vestido-se tão rapidamente como se despia, saltando para o público e pedido comida, ao mesmo tempo que cantava algumas das mas emblemáticas canções eletro clash. Fiquei fã incondicional daquela artista tão exótica quanto excêntrica que fazia uso da sua sexualidade exuberante sem contudo chegar a um ponto de hard core. Um imaginário soft core (de mau gosto apenas), mas absolutamente genial. Pena é que pelo meio a Peaches tenha partido os suportes das agulhas, quando se atirou e se sentou na mesa, uma vez que os cretinos dos técnicos tinham já colocado os pratos do Kitten ali à mão de semear. Foi o ponto alto da história.

Depois o DJ Kitten aka João Vieira lá apareceu, agora com a simbologia Kellogs special K num fundo da Paramount Pictures. Depois de 20 minutos de cabos para cá e para lá, os trogloditas dos técnicos lá conseguiram que uma das colunas desse algo de jeito enquanto a outra apenas dava uns estalozitos. Ouviu-se e dançou-se o que se pode, mas era algo triste pensar que um festival com tanta nota tenha equipamento de som de terceira e uns jeitosos como técnicos. Voltei cedo, pois a distância ainda era grande e o som estava deplorável.

Pelo menos ficou o aviso:
Dia 20 de Setembro temos Club Kitten no Sá da Bandeira, e segundo fontes credíveis, Kitten vai-se fazer acompanhar por mulheres de arromba (banda, modelos???) .
Não vou faltar!

o animal nas Antas Creio que nada de mais revoltante existe do que quando alguém se apropria da fama de outrem. Ainda para mais quando se trata de uma personagem famosa que é diminuída mental. O caso “emplastro dragão“, vulgo animal, não deixa de ser sintomático, de como não há restrições de moral no mundo do televisivo e do espectáculo rasca português, e de como os fins justificam todos os meios. Se não há gajas, há cromos, que é isso que o povinho gosta.

O pobre rapaz, uma singularidade inexplicável, graças à sua vontade de aparecer na televisão, tornou-se por isso mesmo um ícone de culto e de chacota no nosso país. Quando passa a existir um aproveitamento da popular da personagem, caí-se no mais profundo dos pantanais, num verdadeiro esgoto de consciência, ao capitalizar a nefasta fama de alguém que não tem consciência dos seus actos.

Custa-me sentir que só num país de energúmenos seria aceitável colocar na televisão nacional o caricato rapaz e utiliza-lo com fonte de audiência e de promoção para o que quer que seja. (ainda para mais para mais um pimbalhão indescritivel) É algo de desumano, utilizar como num freak show, um ser humano que não tem plenas faculdades mentais e discernimento quanto à sua postura. Trata-se de encaixar e facturar às custas de um deficiente mental que se tornou popular – algo que considero bem pior do que o reprovável caso do homem-elefante uma vez que a vitima não tem percepção de que esta a ser utilizado única e exclusivamente pela sua anomalia. É absolutamente um caso amoral, e sem respeito pelo ser humano, verdadeiramente vergonhoso para Portugal. Como já tive a opotunidade de lêr:

«o anormal ,o louro e o xulo(jel)..perante tanta mediocridade só da para esconder a cara de vergonha…»
«…”Fenómeno Emplastro” não é mais do que o fruto propositado dos media ao aproveitarem a insanidade mental deste homem e usarem-na para “entreter” ou antes.. alimentar, a desocupação e o ócio intelectual em que a sociedade actual vive.»

Quando vi na SIC, não quis crer que no nosso país o bom senso tinha desaparecido. Provavelmente somos um país em que o menos idiota é o Fernando da Madalena… Espero que depois disto o Balsemão vá o mais rapidamente possível à falência…

Sem me aperceber, há pequenas coisas que se modificam na nossa maneira de ser, após um pouco de consciencialização. Não se trata de algo que lemos e nos altera a filosofia de vida, nem uma experiência mística que nos renova de fé. É antes uma caminhada lenta, uma absorção continuada de uma aprendizagem crescente.

Creio que sou um autodidacta cauteloso, pronto a refutar certezas e a ter um espirito aberto a novos conceitos, buscando uma iluminação não dogmática. Não que caia nas escusadas asneiras da espiritualidade feita à medida, a gosto do freguês, nem partindo do nada existencialista até chegar ao crente fanático.

A vida é talvez demasiado efémera, como um par de minutos para que nos possamos dar conta da sua razão, desaproveitando muitas vezes o seu desfrutar por razões de temores ou ilusões. Por isso à medida que cresço vou-me desabituando sem menor esforço de pequenas facetas menores da existência. Creio que dou de facto menos valor aos bens matérias, do que dava há uns anos atrás. Assim como as crianças vibram de ansiedade por um novo brinquedo, tal gosto diminui à medida que crescem, e torna-se algo menos interessante ou crucial para a sua felicidade. Se pensarmos bem, nestes dois minutos que nos são atribuídos, deve dar alguns gosto desfrutar de uns brinquedos bonitos, como casa, carro e todas essas coisinhas, mas nada disso nos acompanha para lá da vida, nem é interiorizado por nós. Apenas nós podem dar algum conforto aparente, mas não nos pode realizar interiormente apesar da nossa sociedade estar construída ao redor deste conceito de propriedade e posse.

Questionamo-nos sempre sobre os nossos actos. Um sentimento judaico-cristão incutido socialmente, onde a moral e os bons costumes se tornam a base da nossa cultura e civilização.
São conceitos básicos, que tomamos como princípios morais, mas que no fundo fazem parte de um conjunto de crenças religiosas se os autopsiarmos cientificamente.

Os remorsos, a esmola, a partilha, não fazem parte do homem com espécie animal, nem como indivíduo, mas sim como ser que se socializou e como tem que viver em comunidade tem que respeitar um padrão de condutas, senão essa comunidade não é funcional.
Os 10 mandamentos de Moisés, hermeticamente assimilados na Arca da Aliança são um sustentáculo de normas rígidas inflexíveis sem as quais não existiria a sociedade tal como o temos hoje. Escusado será dizer que matar é mau, tratar mal os pais é mau, por os cornos ao vizinho é mau, roubar é mau, mentir é mau, invejar os bens do vizinho é mau. Isso é uma base de comportamento social numa comunidade pacifica.

Mas a degeneração destes princípios simples que todos poderíamos aceitar para viver, sem violência animalesca, foram o longo de milhares de anos revistos e aumentados de forma a reduzir o nosso libre arbítrio.
Espartilham a consciência de forma a condicionar a nossa individualidade. Que bases tem as normativas da maior parte das religiões para catalogarem a Soberba, Avareza, Luxúria, Ira, Gula, Inveja e Preguiça como pecados? Interissincamente todo homem e mulher padece desses ditos males, e porque carga de água não gostaria eu de ser independente (Soberba), ter ambição (Avareza), ter sexo (luxúria), capacidade de me revoltar (Ira), gostar de um bom jantar (Gula) , desejar igualdade na repartição da riqueza ( Inveja) , ir de férias (Preguiça)???
Estarei a pecar? Não terei remorsos? Vou arder no Inferno?
Temos esses dados adquiridos, incutidos como pecados que nos devemos abstrair de fazer… uma vez que assim não seremos tão dependentes da sociedade comunal e por analogia da religião.
O mais estranho é que manifestamente, J.C. esse grande revolucionário, que mete no bolso, qualquer Che, apenas nos terá ditado um único mandamento:

Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.

Com edições revistas e aumentadas dos seus ensinamentos, ao longo da Historia conseguiram muitas exagetas a soldo dos ”regimes” recuperar as tais normas socializantes e pseudo-moralisadoras, lendo em entre-linhas inexistentes, e incutindo nos analfabetos leituras que nunca existiram no Novo Testamento, ele próprio recortado e censurado nos temas mais picantes ou incómodos. Assim foi construída a nossa consciência civilizacional, moral e ética, baseada em costumes restritivos e normas de conduta: os pecados…
No Sábado, num jantar pantagruélico que se prolongou por cinco horas em casa de C., com demasiadas garrafas de tinto, rapidamente questionamo-nos se pecar, ou ser socialmente conveniente não seriam opostos. E decidimos que realmente éramos pecadores, ou pelo menos não éramos pessoas-carneiros.
Depois estava demasiadamente ofuscado mentalmente e foi ao Kitten @ Triplex, numa multidão esmagadora. Prometi a mim mesmo que não voltava a repetir a façanha… Afinal era um autentico pecado

Porque o tempo destrói tudo.
Porque determinados actos são irrevogáveis.
Porque o homem é um animal.
Porque o desejo da vingança é um impulso natural.
Porque a maioria dos crimes remanesce sem castigo.
Porque que a perda do ser amado destrói como um relâmpago.
Porque o amor causa a vida.
Porque num mundo perfeito o túnel vermelho não existiria.
Porque as premonições não mudam o curso das coisas.

Porque é o tempo que revela tudo.
O pior e o melhor.

Irreversível, pretendia ser um filme choque, e como tal acho que foi talvez demasiado bem sucedido. O filme fala do crime e castigo e das consequências e de séries de acontecimentos em cadeia – mas visto de um anglo invertido, alias como o realizador frisa em imagens invertidas e dinâmicas, quase desconexas e enjoativas.

O clímax e desfecho primeiro, e só depois os antecedentes, minoram o ultra realismo e rudeza de uma violência explicita, com o assassínio brutal de Ténia com o crânio esmagado num antro infernal sado-gay. Mas depois (antes) o marido e o ex-namorado de Alex procuram no Rectum Ténia, mas depois forçar um travesti a revelar-lhe onde está Ténia, e depois descobre Alex brutalizada e violada. Os 9 minutos em que Alex é sodomisada por Ténia no túnel vermelho não são passíveis de serem vistos sem horror. O ultra realismo é mórbido e macabro. Só se pode desviar o olhar.

Irréversible peca por rodear-se quase exclusivamente da vingança e dos actos de violência que a antecedem e determinam e o seu desfecho, focando-os como a suas duas cenas fulcrais. Mas o mais impressionante é o facto de na verdade não ser algo muito diferente da realidade crua e brutal de uma violação. Mas depois a vida… a festa, o metro, a gravidez, a cama, a premonição . O Fim-principio.

Ainda bem que as fotos mais hardcore não sairam bem!

De facto uma vidinha de Hotel *****, tardes infuntiferas na piscina com um livro fantastico tornaram-me num party animal .

O mano estava bom, e começa a ficar parecido com o Alberto.

Mas eu e N. metemo-nos numa espécie de termas de Baco, tipo não tentem isto em casa pois o que vão ver é feito por PROs com muitos anos e treino e o visionamento suas proezas não é aconselhável a pessoas impressionáveis . e com direito a bolinha vermelha no canto superior direito.

Mas não só de exageros rezam as crónicas e o Heath Club tinha dois clientes assíduos lá por volta das 19.30 a malharem ou a dar umas braçadas na piscina interior.
E claro no Jacuzzi também com direito a suecas e belgas no limite do prazo de validade.

Mesmo assim foram umas ferias de 1ª com tardes frenéticas e noites delirantes e pecaminosas. As manhãs essas não as vimos.

E um grande abraço para a equipa de senhoras de limpeza, pela sua compreensão e apoio.

As aparências iludem. É um facto indesmentivel. Algo que o meu avô me disse seriamente, apesar da sua juventude eterna e alegre já nos seus irrequietos 70 e tal anos.

Era um lobo do mar encalhado em terra depois da Marinha o ter dispensado – algo de que nunca se conformou, e que um dia me disse num tom sério que:

o homem é o único animal da criação que acredita em ilusões e que se basta com as aparências.

Questionar a nossa sanidade mental é um jogo perigoso e muitas vezes com más consequências.
A nossa mente é demasiado complexa para que consigamos fazer um auto-análise profunda. Mesmo o pai da psicanálise – Freud – pecou por só focar a camada mais animalesca com o complexo de Édipo , Thanatos etc.
Somos complicados e animalescos e simultaneamente civilizados e selvagens.
Somos carne e alma!