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Acho que quando me lancei num evoluir de carreira mal ponderado e troquei a minha cidade pela grande cidade há já dezanove anos necessitava de um suporte emocional para não me sentir só.  Eu trabalhava na área de ponta e prestes a colapsar da dot.com, numa prodigiosa e meteórica empresa, Nela conheci novas personagens longe da velha economia que estava a trabalhar antes e lá formei fortes amizades e até paixões. Patrões mais jovens que eu, crescimento exponencial, permanentes projetos de trabalho envolventes e satisfatórios, ausência de horários rígidos.  Mas naquela primavera tudo começara a desmoronar-se, tão rápido como tinha surgido e que agora tinha que deixar para trás. Foi assim que o serviço blogger me pareceu uma ideia viável para estar em contacto com os meus colegas de trabalho, relatando a minha pequena aventura.

Já que gostava de escrever sobre temas íntimos, aos poucos tornou-se um espaço intimista, porém descontrolado, um blog/diário/whatever que necessitava para descarregar alguma carga emocional e em simultâneo e em público e que mesmo com alguns soluços se mantém como um fóssil de pensamentos que vou revisitando. Parabéns psicótico.

Faz hoje exatamente 14 anos que comecei este blog. Nunca imaginei que este sobreviveria tanto tempo, que tenha antecedido a moda de blogar e fosse tão perseverante que quando se tornou démodée manter um diário online ou um site de artigos de opinião ainda existisse de forma resiliente.

Escrever aqui foi como o encontrar de companhia para os bons e maus momentos, e nos períodos de fertilidade da escrita ou de um profundo esquecimento este lugar esteve sempre disponível para me voltar receber.

Há quatorze anos um dos motivos que me levou a começar a escrever num blog foi a deslocalização a que me sujeitei, trocando a minha cidade e um emprego que eu gostava mas numa empresa que afigurava o Passado, por um novo projeto mal definido na grande capital. Estava há muito apaixonado pela K. e sabia que essa paixão não se concretizaria tão cedo, não era o lugar nem o momento. Por isso, por males de amor e de males de gestão encarei que nada tinha a perder, mas sim tudo a ganhar. Comecei a escrever num Palm (imaginem) que me acompanhava regularmente no Alfa Pendular numa malograda aventura que assistiu à derrocada das torres gémeas. O 11 de Setembro envolveu o desencanto de uma nova época de mudança e eu não sobrevivi na grande capital, nesse desterro de migrantes.  Foi uma época de alguma desilusão e de sobrevivência. E foi no psicotico.com que libertei demónios e frustrações assim como enumerei esperanças e registrei bons momentos.

A sua companhia, a sua estranha forma de confidente aberto ao mundo foi uma óptima forma de catástase que para os engodos e vitórias me fez companhia fiel ao longo destes anos. Obrigado!

Muitas vezes o silêncio é sinal de reflexão e não de alheamento. Não tenho escrito aqui no meu blogue há já algum tempo, mas isso não é sinonimo que estou sem histórias para contar. Apenas pausei de escrevinhar banalidades.

Felizmente sei que atualmente ninguém lê blogues anónimos e isso acaba por ser uma vantagem por saber que estou num exercício mais liberto de criticas e que posso explorar sem amarras de audiências o gosto de escrever. Esse gosto não se perde, fica cravado no intimo, mas fica entorpecido por falta de hábito. Escrever deveria ser um exercício diário que se torna mais fluído com a perseverança e empenho e que só trás benefícios para a alma e para o próprio cérebro.

Foi ao ler um artigo cientifico que ao escrever está-se também a meditar, e que os resultados fisiológicos são equiparados vou deixar-me a mim mesmo o repto de escrever o mais regularmente possível, em direção a uma mente mais sábia e a um espírito mais saudável.

A tecnologia informática  tem avançado enormemente desde que cometi a improcedência de iniciar um blog.  Actualmente  a simplicidade e variedade das ferramentas dirigidas a um diário online é tanta que tenho impressão que há doze anos atrás estava a usar uma espécie de pedra lascada. Porém isto não é um mar de rosas, nem existe uma situação idílica que me deixa extravasar livremente palavras a gosto na web.

Para quem escreve ou tenta escrever algo nos seus tempos livres  tanta tecnologia em vez de auxiliar a caneta, torna o momento da  escrita algo insípido. Isto para não falar nos tantos pontos de distração que levam a mente a divagar para mil zonas nas redes sociais ou nas mensagens instantâneas.
Mas talvez haja salvação. Seguir a velha máxima:

Keep it simple

Este caso de longevidade bloguista resista mais uma efeméride – apesar eu de não gostar destes termos asininos, como blogosfera e outros que tais. Sem falsas modéstias é raro manter um blog por tantos anos, e ainda menos mantendo-o mais ou menos actualizado.

Contudo a velhice do Diário de um meliante não será propriamente apanágio de perseverança ou gosto por manter um diário online para partilhar opiniões e vivências aos amigos, e pode ser também considerado como casmurrice ou até pura egolatria. Parece-me que provavelmente as razões que me fazem ter o psicótico serão todas essas e mais algumas.

Pareceu-me que uma mudança de aspecto deste diário se justifica ao cumprir o oitavo aniversário. Por isso adaptei uma nova aparência, desta vez perdendo o cinza que tem evoluído ao longo destes anos . As roupagens e as cores também exalam a nossa mensagem: o cinza há muito que nada diz. Agora há luz clara.

Parabéns!

imagem de Buda Shakyamuni

Agora prepare-se para meditar um pouco
Está é a sua sala de meditação na web. Por favor simplesmente observe a imagem de Buda Shakyamuni. Não se force e fique apenas o tempo confortável. Esta forma de meditação acalma a mente e por ser feita observando uma imagem de Buda é ainda mais poderosa.

Mais um aniversário deste diário, faz-me pensar na sua longevidade e na sua razão de ser. A titulo de balanço, posso considerar que este espaço me proporcionou muitos bons momentos e alegrias, mas também uma resma de dissabores. Contudo, e pesando com cuidado os pratos da balança, creio que é razoável dizer que a vida deste meliante teve mais algum colorido graças ao psicotico.com.

Durante quatro anos, ele foi receptáculo de muitos momentos de felicidade ou desespero, um confidente subtil e também um campo para dar largas a algumas excentricidades.
Dando-lhe uma vista de olhos no seu passado (way back), para os tempos que o fenómeno de blogs era geek hardcore e não massificado como hoje, fico espantado na forma como a minha vida tem sido.

Parece-me bem polvilhada de alterações de percurso, apimentada com derrocadas alternadas com reconstruções. Junte-se umas pitadas de pacatez, dois dentes de excentricidade, e esperança q.b. . Depois leva-se a lume brando e depois serve-se a quente com dois raminhos de entusiasmo.

O Passado, as idas pendulares, a grande cidade/minha cidade, as tempestades, o clube groumet, as noites Kitten, o maralhal de iniciais para identificar as personagens, o enredo velado, os Damage report,os desabafos expresso, o anjo sem asas, as fotos, os poemas, as injecções de serotonina, as psicoses, a América do Sol, as letras, as músicas, os forcados amadores, a Vida, etc., hoje parecem-me recordações fantasiosas, mas que não deixam de ser uma lembrança real que está num expositor online. De mim próprio, para o próprio autor, uma ferramenta auxiliar de memória que me ajuda a perceber, os meus fracassos e êxitos, as minhas descobertas e os o meus erros.

E tudo cabe num backup de 1 megabyte. Uma simples diskette em que cabem partes dos últimos quatro anos da minha existência. Obrigado e parabéns.

ou
como os portugueses descobriram a pólvora

Nestes últimos dois meses uma enorme vaga de portugueses descobriram os weblogs. Actualmente tudo que tem a capacidade de escrever umas linhas, desde o intelectual reciclado de esquerda, até ao aprendiz de crítico literário blogam diariamente, e com direito a notícia no jornal, apesar dos míseros 15 dias de existência. E anuncia-se que se trata apenas de um inicio, uma vez que o ditado popular: “Onde mija um português, mijam logo dois ou três” é um dogma indiscutível.

Apesar deste ruído todo, surgiram muitas pérolas com enorme interesse que fogem à banalidade, mas na sua maioria são conceitos tediosos sobre a actualidade de pensamento típico de quem lê todas as semanas o Espesso, segue atentamente o Acontece, ou vai a todas as estreias hollywoodescas. Há ainda a corrente BE, de intervenção político-social de cariz critico embebida em sarcasmo, que acho profusamente intelectualoide para um weblog. Pior de tudo é que quase todos esses caloiros trocam galhardetes e críticas a torto e a direito e não conhecem nada do que está para além da sua comunidade de templates MacDonalds (ou parecem não ter consciência disso).

Claro que esta vaga revela alguns casos muito interessantes, mas na maioria dos casos trata-se apenas de um barulho ensurdecedor, como que se numa fila de trânsito todos começassem a buzinar. Felizmente isto de buzinar tem as suas vantagens – quem muito buzina também se cansa depressa, e só aqueles com motivações mais profundas do que a novidade de um brinquedo novo é que persistem.
Os cibernautas brasileiros passaram por isso à cerca de um ano, com uma enorme explosão de weblogs em português das américas. Actualmente nem 30% desses blogueiros persistem. Mesmo assim os weblogs brasileiros são de um número assustador, considerado de uma das mais altas taxas de penetração deste fenómeno.

Há lugar para todos na chamada blogosfera (o idiota que usou pela primeira vez este termo deveria ser levado para o Campo Pequeno e fuzilado sumariamente sem direito a um último cigarro), e expresso aqui as boas-vindas a todos aqueles que descobriram finalmente os prazeres de se expressarem através da publicação on-line.

Do Povo e para o Povo

Mesmo que todos fiquem surdos… antes de começar a ouvir-se boa música.

Só aqui um pequeno aparte: fico fulo da vida com o mongolismo de alguns pseudo jornalistas que escrevem sobre aquilo que não fazem a mais pequena ideia, e nem sequer se dignam a fazer um pouco de investigação, limitando-se reproduzir aquilo que os entrevistados lhe dizem. No Diário Económico surge a brilhante frase:

Portugal está cada vez mais presente na blogosfera, contando já com mais 400 'weblogs' nacionais sobre os mais variados assuntos, desde política, à cultura, passando pelo humor.“.

Só um perfeito cretino seria capaz de descobrir a pólvora dos weblogs e apreciando o número de 400 como válido. O Blogs em .pt não é representativo nem de 30% do universo dos Weblogs actualizados regularmente! Muitos livejournals, Pitas, b2 , MovableType , Nucleus , BigBlogTool , BlogWorks XML , Blogalia e Drupal blogs, weblogs.com.br e outras ferramentas de blogação que não passam pelo Blogger, nem pelo blogspot, feitos por portugueses, em português e actualizados ao longo de anos e não semanas como os referidos, não estão inseridos!
Mas como Portugal é um país em que existe sempre alguém a descobrir a pólvora …

Estou algo envergonhado. Parece que a minha pacata vivência de blogueiro inveterado está a chamar a atenção e os elogios de alguns internautautas atentos. Acho que isso é óptimo para a minha auto-estima, mas deixa uma série de pontos de interrogação sobre a minha simplória motivação de escrever um weblog sobre a minha vida quase banal. Partilho ou exponho-me? Acho antes que desabafo.

in JornalismoPortoNet

Impressões mesmo digitais

O universo dos bolgs introduz-nos numa nova dimensão internáutica. Cada um de nós pode agora erguer a sua voz activa e marcar as suas impressões de uma forma digital, no verdadeiro sentido da palavra.
As formas mais puras e directas de expressão pessoal encontram-se sob a forma de diários que os internautas partilham com toda a comunidade digital. No diário de um meliante encontramos um dos melhores exemplos de percepções pessoais compartilhadas, atraindo de forma peculiar e sedutora mesmo o mais distraído dos navegadores. Ora espreitem lá…

O diário de um meliante, assinado por um auto-intitulado psicótico, descreve mais as divagações intelectuais do dito cujo, que propriamente os acontecimentos quotidianos que não suscitariam interesse, pois poderiam ser encontrados na vida do mais comum dos mortais. No entanto, estas reflexões são baseadas em vivências inspiradoras e, por isso, contêm uma expressividade sensorial notoriamente poética.
Trocando por miúdos, nos acontecimentos mais recentes o autor de tais escritos viajou ao país do sol – o Brasil da praia, paz e pagode. Lá encontrou não só um refúgio fisicamente paradisíaco, como também, e principalmente, uma evasão espiritual que lhe despertou os sentidos. Esta viagem à América do sol concedeu-lhe uma terapia interior que o rejuvenesceu.
Este blog contém também os já clássicos dados do seu autor, arquivos de acontecimentos passados e links para outros sites e blogs.
Mas o curioso neste diário é a bela forma como está escrito. Sobressai entre muitos outros que se limitam a uns rabiscos sem conteúdo que apenas satisfazem a mera afirmação pessoal do seu autor.

Mariana Mota

Publicado por turma001 a 16 maio, 2003 12:25

Obrigado Mariana

Hoje tive um sonho muito estranho. Sonhei que S. tinha um blog, logo ela que apenas vive da sua pacatez muito espiritualista e misteriosa, longe das teknologias.
No sonho, S. revelava-me o endereço do seu blog, e foi logo visita-lo. Mas por incrível que pareça o meu browser não conseguia reter o bookmark e eu não conseguia decorar a URL.
Lí avidamente as entradas de um site muito minimalista, mas contendo um flash onde dois enxames de minusculos pixels negros em espiral colidiam e se separavam, como se fossem duas galáxias sempre em movimento paralelo. Eu estava demasiado entusiasmado para perceber o que continha, ou talvez estupidificado com o sorriso lindo e matreiro que S. me tentava ao meu lado.
Estava estasiado, mas também nervoso por ter receio de depois não conseguir voltar a ler o seu blog. E assim acabou, com S. sorrindo languidamente para mim.

É sem duvida um sonho muito neo-Freudiano, e talvez a sua interpretação seja muito simples. Talvez não.

marado

Até agora descobri e espreitei 3 blogs portugueses. Um com direito a .COM e tudo, o www.psicotico.com, escrito, ao que me parece por um gajo do Porto, meio marado e que de vez em quando espreito. A conversa parece-me arrastar-se demasiado para a night-life do autor, com muitos nomes de miudas identificados por insinuantes e resumidas vogais e consoantes. Nada mau para ele.

Olá pequenada?!!

Se a única constante da vida é a mudança, porque não viver de acordo com a vida?

Talvez a custos elevados e ás nossas próprias expensas, tenhamos todos aprendido, mais tarde ou mais cedo que apenas se pode viver de um modo:
EM PLENO!

Uma meia foda, não é uma foda!
Ou a coisa tá dura, firme e hirta e penetra uns bons 25 minutos ou não é nada!

CERTO?!??

Por isso cada qual á sua maneira procura Nirvana.
Ou o que lhe queiram chamar!

Não penso que seja uma coisa de tomates.
Não é necessário coragem para viver.

Vive-se!

E convém que se viva mesmo, remeto para alguns dos ultimos blogs….

Há viver e há respirar e comer e cagar, isso não é viver, nunca foi, nunca será, por muito que nos tentem convencer que assim o é!

INDEPENDÊNCIA OU MORTE!

Apesar de estar com vários dias …erh … blogs de atraso que vou recuperar em breve, não podia deixar passar esta efeméride de natal que também é aniversário de M.

E lembra-te:

Life’s a bitch and then you die

não é verdade!

Estafado mas como diz o outro amigo, ainda firme e hirto. O cenário não será o melhor mas dá para os prejuízos…

blog blog blog

O início é um momento muito delicado.
É com esta frase que começa o filme “Dune” de David Lynch, um dos meus filmes preferidos e assim decidi iniciar o meu blogger. Hoje registei o domínio “psicotico.com” já de madrugada e hoje de tarde, após um domingo ameno, eis que têm início as hostilidades.
Para já não me revelo, apenas dou azo às minhas fúrias delirantes…