eu

-Quem está aí? – perguntou o porquinho, cheio de medo.

-É o Júlio Isidro – respondeu o lobo mau.

Que preguiça! Sol e calor e desperta em mim uma faceta algo alentejana ou cearense que há muito tempo não tinha o direito de desfrutar.

É muita fruta e reconheço que estou algo cansado. Não me posso dividir em mil frentes de batalha e em milhões de escaramuças, que vão desde o campo profissional, com questões familiares, passando pelos meus hobbies, amizades e social life e questões amorosas.

Nestes dias a minha vida é como um acordeão ou gaita-de-foles, que emitem sons contínuos sem interrupções. Preciso de um período de retiro para recuperar folêgo, armazenar energias, e cuspir na cara do Tempo, da Pressa, e da Rotina.

É como pontapear e esmurrar a cara à Morte e sentir os seus dentes quebrarem, rangendo de dor.
Quase apetece gritar:


– NÃO ME VENCERÁS MORTE-
– JÁ UMA VEZ ME ABRAÇASTE –
– E SENTI OS TEUS LEVES LÁBIOS –
– ÉS AGORA A MULHER FATAL QUE JÁ DESFRUTEI E QUE PERDEU A GRAÇA –
– RIO-ME NA TUA CARA DOCE MORTE-

Terça-feira suicida

Estudos comprovam que os indivíduos que habitualmente se entregam à Febre de Sábado à noite padecem frequentemente de depressões profundas na terça-feira como ressaca emotiva da euforia e outros desacatos desse género efectuados no Sábado à noite .

A terça-feira torna-se pois um tempo de vazio e de desequilibro como o pêndulo da emotividade a chegar ao outro oposto, como um enorme embolo metálico vindo em nossa direcção. As coisas que há 72 horas eram exultantes tornam-se insuportáveis…

Já sofri do síndroma da Terça-feira suicida, mas hoje consigo iludir a causa-efeito associada. Eles que venham, os exageros e luxúrias típicas de Sábado, não os temem depois. Um pouco de genica, uma boa dose de auto-estima básica, equilíbrio e disciplina mental e de preferência , um bom livro e nada de tv, música qb, mas de preferência algo animado sem muita gritaria. Até pode ser Hip hop, desde que bom. Quando muito uma aspirina e suar numa bicicleta a tentar queimar aquelas calorias extras do fim-de-semana.

Simples não é?

Os Janízaros

No fim-de-semana Santo, apesar de ter abundância de tempo livre e lazer, foi difícil conseguir ter arranjar alguns momentos de lazer egocêntrico.
Mesmo assim banqueteei-me em banhos de sol revigorantes, que me entorpeceram a seiva e me fizeram desejar ter que fazer as malas e entrar num Boing até ao trópico mais próximo.

Ed. fez anitos e veio até à Invicta. Ele e Ma. organizaram um jantarzito de convívio. De certa forma tenho saudades dos Jardins Suspensos da Babilónia.
Foi uma reunião dos três mosqueteiros da dot com, com um singelo sabor ao estilo dos Radio days versão século XXI.
Those were the days: IPOs, Big Bucks, crescimento, .com, .info, .biz, Hitman, PS2, Ginger :

futuro

Mas a pièce de resistence estava reservada para Sábado, com o encontro dos veteranos do Passado, no qual só faltaram um par de peças importantes… Num cenário repetido do rio marginal das cheias, ali estávamos lambendo as feridas como numa reunião ao estilo Batalhão nº5 Angola 64-66 – rindo das piadas de caserna, recordando os caídos, revivendo memórias conjuntas, quer boas ou más, as nossas felicidades e triunfos… Alguns permanecem prisioneiros, outros bateram asas, mas nem as recordações amargas do pássaro e do peixe podre foram capazes de entristecer essa etapa. Foram bons tempos é certo… e agora só me revolta ver os prisioneiros de guerra ainda omissos em plena batalha.

A noite alongou-se. Chi e JB presidiam como os mentores e mestres voltados para o rebanho, por vezes constrangidos, por vezes felizes. Éramos uma equipa, um conjunto de guerreiros Janízaros, levando a cabo batalhas de idealismo. Derrotados pela artilharia do corporativismo medíocre e pelas batalhas palacianas de Maquiavel. Poderia ter sido mais, os nossos sonhos poderiam ter ido mais além mas não era esse o nosso kharma. – Passava por outros sítios e por outras encruzilhadas. Só isso.

Há certos locais e alturas que sem sabermos, acabam por nos enviar uma mensagem ou um marco na nossa vivência. Acho que ontem foi um desses dias.

A Primavera apresenta-se com um ar da sua graça muito forte e os espíritos logo se embriagam e os sentidos adormecidos ficam mais alerta.

Depois de um Sábado em cheio e repleto de tarefas, eis que o jantar combinado à ultima da hora com N. e P. levou-nos para um sítio como que mágico, e alterado. Eu sabia que as Noites Belas se iriam repetir no Triplex mas não poderia imaginar tanto esplendor de uma música assim. Um soberbo jantar, que por sinal não foi caro, levou-nos a permanecer até a meio da manhã, num furor e nas brasas de delírio. P. como que se converteu ao catolicimo do DJ e quis já fazer reservas para todos os meses voltar a marcar o ponto, renegando o Estado Negro. “A música é demais e as gajas aqui apesar de não serem tão bonitas, são mais atraentes, interessantes e não são betas”. N. limitou-se a deambolar, verdadeiramente entusiasmado, com um sorriso que não via há muito.

G. também estava lá e não admira que a noite tivesse para mim uma magia acrescida por esse simples facto. Dançamos e dançamos ao ritmo dos fabulosos anos 80-90 fora dos tops estupidificantes, como se nunca tivéssemos dançado. As horas não passavam nem havia tempo: apenas o momento e a emoção.

Ao sair tive um sentimento de certeza que me invadiu, como se alguém me tivesse entupido com algum êxtase disfarçado no Gin Tónico. Decerto que nada daquilo era aleatório, e aquele Sol não era uma ilusão. Acho que a claridade me bateu forte e o pensamento me agrediu a consciência como uma verdade irrefutável. Os meus medos eram infundados: mesmo que chegue a velho e tenha uma vida longa (que tenho serias duvidas que venha a suceder), não vou envelhecer. O corpo e os ossos podem se amolecer mas o meu espírito não.
Firme hirto!!!!!!!!!

Como diz o ditado:

a sorte e o sucesso só contemplam os intrépidos e audazes.

Não podia ser mais verdade…

Uma vez perguntaram a Confúcio:

– O que o surpreende mais na humanidade ?
Confúcio respondeu:
– Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro
e depois perdem o dinheiro para recuperá-la.
– Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal
forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro.
E concluiu:
– Vivam como se nunca fossem morrer e morram como se não tivessem
vivido…”

( Confúcio – China: 551 AC – 479 AC )

Um dia duro colmatado por uma obra-prima. David Lynch está de volta com o seu universo deviant, que desta vez excede todas as suas fantasias.

Mulholland Drive é um filme que nos enche e esvasia, mas que é proibido aos comedores de pipocas que nunca o poderão descortinar, nem na mestria estética nem no virtuosismo do enredo lincheniano intrincado. É estão lá quase todas as referências, quer nas personagens extremas que suplantam o aparente para se matamorfarem na loucura, quer pela banda sonora arripilante e envolvente.

Sem um único pormenor descuidado, desde o anão até à forma como Betty se torna lésbica, às luzes de LA, à brutalidade e aos pequenos ponto quase incompreensiveis que se tocam em vários pontos.

Um cubo azul e como Camilla de frágil se torna uma mulher totalmente fatal.

Amem-no ou odeiem-no. Não me interessa.

É essencial.

E totalmente psicótico!

De um grupo restrito de íntimos, a um grupo alargado de gente conhecida, é impressionante a quantidade de gente que se a andar do emprego, ou esta a ponderar o assunto com muita insistência. Parece que a decadente frase: despeça-se já tem agora um novo sentido. A minha geração está cansada de promessas que nÃo se concretizaram, e pelo que parece nÃo tem medo de mandar tudo para a ”pindábia” e para os cardos. Não há que ter medo de procurar algo melhor e não ficar preso como um molusco a um emprego irracional ou insuportável. Vejam M. Mana, Mano (bom neste caso é um exemplo infeliz, pois é um caso mais crônico), I., J., N., R. Jo., Di., B., P, e mais uma data de malta.

Talvez os sonhos não tenham sido concretizados, talvez as mentiras tenham sido muitas, talvez as ilusões tenham caído por terra. Mas há um espirito combativo nesta gente. Não são perdedores, nem são escravos das suas ambições, ou forçados do gulag. Apenas não querem mergulhar num pesadelo kafkiano de terem de passar o resto das suas miseráveis vidas enterrados numa secretária bafienta ou algo parecido. Nada de caixões.

Eu próprio não me cansei de mandar tudo para os cardos. Nunca se sabe o que nos espera no futuro, e ninguém me vai dizer que será impossível eu estar no Nepal ou nas ilhas Fidji daqui a 5 anos.
Afinal é só uma questão de tomates. E há quem os tenha, e quem os queira ter…

”Eu não presto…”

Na verdade a fúria carnavalesca teve que ser transportada para uma fiesta . Para ser franco estava mais numa de ver as vistas num sábado calmo, mas o bichinho ferrou e J. e A . fomos buscar o Dr. P. a cascos de rolha perfeitamente perdidos num Portugal profundo a escassos 20 km de Braga com total ausência de placas, nem sequer para dizer qual o lugarejo em que estávamos.

No meio de um carrossel de curvas contra curvas, eis que demos de caras com a fabrica de móveis ”Arca da Aliança”. Antes de darmos com o malfadado consultório do Dr. P. ª disse que “eu não presto” devido à quantidade de blasfémias que tanto nos fizeram rir, como a “Pedreira os 10 Mandamentos”, “Joelharia Relicário”, “Capintaria Cruz do Calvário”, ou “Serralharia Portões do Paraíso”.

Depois foi uma folia (des)contida numa festa animada. Em e Dr.P aguentamos até mas tarde, mas foi uma pesada factura nas velhas carcaças… se bem que valeu bem a pena com las rubias. «Quires folar?» «presupuesto»…

Olá!
Cá estou eu a dar um ar da minha (des)graça!

A única constante da vida é a mudança….
Nada mais verdadeiro, nada menos real….

Pois embora a monotonia nos esmague e nos mate pouco a pouco, a verdade é que a tudo nos podemos habituar e a tudo nos podemos conformar….

Felizmente há quem tenha o único hábito de viver.
Plenamente e com sentido!
Na mudança, um das expressões da Liberdade.

É bom cortar hábitos.
Faz me sentir vivos e começo a ficar adepto do que uma vez li sobre o que um filosofo francês escreveu.

“o meu único hábito, é o hábito de quebrar hábitos”.

Estranho no fundo mas que na realidade quotidiana não o é … somos escravos da rotina e morremos todos os dias repetindo como autónomos algo que programamos para a nossa própria vida.

Quebrar a rotina é preciso. Morrer não é preciso …

Já não há respeito.

Válvula de escape ou não, amizades à parte, e party girls MUITO atraentes, eis que após um repasto andaluz algo caro, faço a ronda às capelinhas e vou acabar na catedral. Bom N. e eu já não nos lembramos de uma ressaca assim no day after domingueiro quando nos encontramos perto do mar.
Afinal Jo. estava a fazer uma festinha de comemoração… e que foi até às tantas.

Provavelmente dei muito estrilho com G. C´est la vie …….

M. está cansadito e tristonho, pois tem toda uma potencial época de alterações à vista.
Nem sempre navegar em mar alto é fácil, muito menos sem bússola. A nossa vida é muitas vezes uma viagem no oceano rumo à terra prometida.

O comandante do navio é que decide.

Quem sabe ver as estrelas e calcular o azimute, sabe navegar longe da costa, em pleno mar alto. Nem todos os comandantes são suficientemente bons para saber as artes do seu ofício, não sabendo ler um mapa, ou usar uma bússola. Por isso ou deambulam ao sabor dos ventos, ou navegam ao longo da costa.

O mar deixa-nos ir em quase todas as direcções dependendo apenas da costa, das correntes e do vento que faz. Mas em mar alto, em plena liberdade de escolha de rota podem as forças da natureza fazer com que o comandante se veja forçado a alterar a sua rota.

As tempestades por vezes são tão fortes com ondas encrespadas e ventos contrários que têm que ser contornadas por uma rota menos directa.
Mas essa alteração de rumo pode não ser um contratempo, mas sim uma vezes uma benesse. Foi assim que supostamente Alvares Cabral descobriu a maravilhosa terra de Vera Cruz.

Na vida apesar de termos um rumo traçado com antecedência para o nosso destino, nem sempre o comandante o pode seguir à risca, devido a estas tempestades adversas. Mas se for um bom comandante chegará sempre ao seu destino, mesmo usando rotas de recurso, mesmo que tenha que inventar novas rotas e navegar por mares desconhecidos.
Na vida é preciso saber quando alterar a rota e calcular um novo trajecto quando se espera tempestade certa pela frente.

É isso que distingue grandes navegadores dos marinheiros de água doce da vida.

Os últimos quinze dias de…

Frio? Não, eu uso uma termo tebe e o meu pai também– (segunda parte)

Para ser franco não me apercebi do correr dos dias. Uma nova realidade, novas funções e dezenas de pessoas para conhecer.
Como fiel amigo o sobretudo, novos horários madrugadores, que só se podem conseguir com coragem e determinação e também com a ajuda de uma Termo Tebe.

Como não podia deixar de ser vieram os jantares de Natal com os compinchas de velhas datas e meio atordoado nem me dei conta pelo aproximar da Natividade, se descuidei-me com as compras.

Sexta lá teve que ser com um velho trio: Inspector P e Q num serão de muitos risos e alegria e uns panachés no sabor dos velhos tempos. É bom recordar e continuar velhas mas duradouras amizades.

Compras à pressa. Prendas para a família e para a criançada sempre com mais simbolismo do que valor e cá vai mais um jantar com a velha guarda. Esta quadra já me deixou a ter que apertar o cinto de forma mais masoquista. Que inferno! E vai que M. decidiu demonstrar como se deita abaixo uma meia garrafa de Absolut e se abre um de Eristoff só com o auxilio de uma garrafa de litro e meio de Cola perante o olhar atento mas atónito de uma plateia que se dedicava aquelas delicias que nos eram privadas à uns tempos. A PX1 foi por mim dominada com a técnica do X e Circulo tornando-me quase imbatível perante todos os adversários… Roam-se de inveja!

Seremos todos psicóticos?
Existirá um lado negro em todos nós?
Se sim…
Existirá também e em simultaneo um lado de luz.
Se sim…
Existirá sempre um lado não psicótico…
Se sim…
Sim.
Sim teremos a opção.
E optaremos entre um e outro.
E teremos as consequências de tal opção.
E outras tantas opções.
Um abraço a todos os que se sentem psicóticos, como eu….
Pois também não o são.
Pois também não o sou.
Não.
Sim.

hunger

Há dias que acordamos mais violentos.
Não sei porque mas esta música horrível transfere bem a ideia abstracta da minha má disposição, digna de uma segunda de manhã.

Hoje deve ser um dia de muitas mudanças para aqueles que eu quero bem. Espero que corra tudo pelo melhor .

Paixão

A Paixão é lixada!
É daquelas coisas lixantes pela presença, mas também pela ausência.
Fisica ou virtual!!
Mas não há vida sem paixão.
Daí que percorramos sempre caminhos e ultrapassemos falésias e sonhemos alto e voemos ainda mais, apaixonados, buscando mais e mais, paixão furacão de sentimentos e sentimentos, sensações sem igual. Na borda de um copo, dependurado nos lábios de Afrodite.

Sofro de “jet-lag” gripal, antes fosse do outro, façam figas por mim enquanto calcorreio o meu longo caminho até casa.
Apaixonado, SEMPRE!

Entrando

Aceitando de muito bom grado este convite, venho agora fazer uma perninha nesta página, meu nome Dom Quixote, o meu mote a voçes de descobrir!

E na linha dos textos anteriores, cá vai:Mais um dia mais uma viagem!

Ressuscitamos, renascemos todos os dias!

Mais uma volta mais uma viagem!

E morremos todos os dias, um pouco….

Um dia um camarada, com a mania que sabia da vida, disse que uma noite de sexo tórrido lhe diminuía um ano de vida… Verdade ou mentira? A ele entrego essa tarefa de descobrir, por exemplo por abstinência sexual… Ou não!!!….

Renasci hoje, como ontem, como amanhã espero!

Todos os dias escrevemos novos capítulos neste livro, para mais tarde recordarmos, para mais tarde sermos recordados.

E em cada um O Mestre.
E em cada um O AMOR.
Nada mais simples.
Nada mais complexo.

Dom Q

Leitura

”O deserto estava cheio de homens que ganhavam a vida porque podiam penetrar com facilidade na Alma do Mundo. Eram conhecidos por Adivinhos, e temidos por mulheres e velhos. Os guerreiros raramente os consultavam, porque é impossível entrar numa batalha sabendo quando se vai morrer. (…)

Portanto os Guerreiros viviam apenas o presente, porque o presente está cheio de surpresas eles tinham que prestar atenção a muitas coisas: onde estava a espada do inimigo, onde estava o seu cavalo, qual o próximo golpe que deviam desferir para salvar a vida.

O cameleiro não era um guerreiro, e já tinha consultado alguns Adivinhos. Alguns disseram coisas certas, outros disseram coisas erradas. Até que um deles, o mais velho perguntou porque razão o cameleiro estava tão interessado em saber o futuro.
-Para que possa fazer as coisas – respondeu o cameleiro. – E mudar o que não gostaria que acontecesse.
-Então deixará de ser o teu futuro – respondeu o Adivinho.
-Talvez então eu queira saber o futuro para me preparar para as coisas que virão.
-Se forem coisas boas, serão uma agradável surpresa – disse o Adivinho – Se forem coisas ruins, estarás a sofrer muito antes delas acontecerem.

(…)
Quando as pessoas me consultam, eu não estou a ler o futuro; estou a adivinhar o futuro. (…) E como posso adivinhar o futuro? Graças aos sinais do presente. No presente é que está o segredo; se prestares atenção ao presente, poderás melhorá-lo. E se melhorares o presente, o que acontecerá depois também será melhor. Esquece o futuro e vive cada dia da tua vida nos ensinamentos da Lei e na confiança de que Deus cuida de seus filhos. Cada dia traz em si a eternidade. ”

In “O Alquimista” de Paulo Coelho