Considerações

Underworld live green laser 2003

Se não estou em erro, foi algures por volta de 1996 que assisti no já desaparecido Rock’s de Gaia a um concerto quase mítico e inesquecível para quem esteve lá. Tratou-se do primeiro concerto dos Underworld em terras lusitanas e era para mim foi sem sombra de dúvida o melhor concerto que jamais tinha presenciado.
Os Underworld conseguiram algo que a maioria das bandas electrónicas jamais conseguiu fazer: tornar a sua música e estilo passíveis de serem tocadas ao vivo num concerto. Os sons inovadores e improvisos em versões adulteradas dos seu temas originais que ouvi naquela cave do outro lado do rio ainda ecoavam na minha mente. Não me cansava de repetir que tinha sido o concerto da minha vida.

Quando soube que os Underworld iam finalmente regressar a Portugal ao fim de tantos anos dei pulos de contentamento. O facto de ser em Lisboa e de ser a meio da semana não me demoveu. Queimei de bom grado dois preciosos dias de férias e de armas e bagagens rumo à grande cidade propus-me a chatear M. que por sinal também estava de férias.

Acho que estava com umas expectativas altas. Ao longo da carreira, os Underworld sofreram pequenas alterações cosméticas, mas mantiveram-se fieis a um ritmo frenético e simultaneamente rico em sonoridades e pinceladas acústicas que os catapultaram para a excelência ao longo da carreira. Um álbum ou outro menos consistente, mas como fã incondicional atento, e detentor de toda a discografia legal, e uns bons gigas de mp3 ao vivo da banda, pude sempre verificar que o grupo británico sempre foi genial a criar maxis e a fazer remakes e versões, e muito mais a
interpreta-los ao vivo do que a encher um CD. Esperava que no Coliseu dos Recreios não caíssem muito na promoção do seu último disco A Hundred Days Off, nem que focassem o Everything, everything. Mesmo depois da recente saída de Dareen Emerson, o agora duo dá mostras de todo o fulgor criativo e interpretativo, como se estivessem no auge da força.

Eu e M., que nem era muito fã dos Underworld, lá jantamos por lá nas redondezas perante uma multidão de alfacinhas que se preparava para assistir às fastidiosas e ridículas marchas populares. Para meu espanto quando chegamos ao Coliseu encontramos uma série de exilados como M., gente boa da minha cidade que também se viu obrigada a tentar a sua sorte na grande cidade.

O ar já cheirava a potência um DJ set de aquecimento e já abanava. A banda, agora um duo, fez juz ao rótulo e fama de dar concertos delirantes a que ninguém consegue resistir. Logo às primeiras vibrações numa excelente acústica, os semi-deuses revelaram-se num concerto que excedeu todas as minhas expectativas e que hoje posso dizer que foi o melhor concerto que assisti até hoje.

Abanei. Vibrei. Dancei. Pulei. Um ritmo crescente de temas reduzidos à sua essência e transmutados em brilhantes interpretações vocacionadas para um concerto como aquele. Todo o coliseu pulava rendido ao Born Slippy e Rez.
Os Underworld fizeram antes uma retrospectiva da sua carreira, sem terem as algemas da promoçãoo de um novo disco, pois já passaram um pouco a barreira da comercial que tinham caído nos dois últimos álbuns. De facto sente-se que são já uma banda para agradar aos fãs ao vivo. Por isso não há restrições, nem nada a provar pois há sensivelmente dois anos que a estrada esta sempre a rolar. Estão já divinisados, já ultrapassaram o estrelato e estão lá no outro lado.

Enquanto o meu espírito se deliciava com o som e o meu corpo se sintonizava com o ritmo, surgiu o King of Snakes em que um potente raio laser verde provou como coisas simples e até retro podem ser absolutamente geniais, num matrimónio de luz e som como muito provavelmente nunca mais vou assistir. Ficarão para sempre na retina aquelas dezenas de minutos de versão extendida.

Dois encores colossais, sendo o último após a insistência por mais de 10 minutos do público que não arredava pé, marcaram o terminus de mais de duas horas de um concerto que para a maioria dos felizados ficará como um dos melhores da sua vida. Para mim o melhor.

Francamente fiquei desapontado e quase revoltado na minha ida até à grande cidade para o DJ Kitten. Havia como que algo de leproso em relação à concepção inicial, e notava-se a degeneração cancerígena do capital na performance musical. Os cifrões nem sempre permitem que algo festivo e com uma génese tão poderosa possam se repercutir no tempo. Talvez a parte de baixo do Lux, ou o facto da ausência do verdadeiro Club Kitten portuense possam ter contribuído para o desaire das minhas espectativas, mas tudo que posso refletir é que não vou querer voltar ouvir falar em festas Kitten. Ponto final.

Por outro lado a companhia foi boa, mesmo assumindo os aspectos negativos do snobismo de S. em relação a mim. Os 600 Km foram bastante bons para o desenlace de uma pequena aventura de fim-de-semana e desfrutar da companhia de amigos, mesmo numa correria de conversas e monólogos quentes.

Mas tudo foi ensombrado por uma daquelas circunstâncias sombrias que nos fazem reflectir sobre a nossa fragilidade existencial. Ali mesmo a chegar ao Lux, depois do longo mas não muito interessante jantar no Chapitô, assistimos em silêncio presos no Táxi a um espectáculo anti-clímax. As luzes da ambulância mostravam ao longe algo de estranho e logo ali quando chegamos assistimos contrariados ao resultado de um hit and run fatal. Um corpo inerte era tapado com uma toalha, uma espécie de certidão de óbito não oficial, tal como é dada no asfalto de qualquer metrópole todos os dias. Só que naquela noite nada de mais sórdido me ocorreria, mesmo em pensamentos mais mórbidos. Mais tarde N. e eu brindamos à Vida. Ela continua …

ou
como os portugueses descobriram a pólvora

Nestes últimos dois meses uma enorme vaga de portugueses descobriram os weblogs. Actualmente tudo que tem a capacidade de escrever umas linhas, desde o intelectual reciclado de esquerda, até ao aprendiz de crítico literário blogam diariamente, e com direito a notícia no jornal, apesar dos míseros 15 dias de existência. E anuncia-se que se trata apenas de um inicio, uma vez que o ditado popular: “Onde mija um português, mijam logo dois ou três” é um dogma indiscutível.

Apesar deste ruído todo, surgiram muitas pérolas com enorme interesse que fogem à banalidade, mas na sua maioria são conceitos tediosos sobre a actualidade de pensamento típico de quem lê todas as semanas o Espesso, segue atentamente o Acontece, ou vai a todas as estreias hollywoodescas. Há ainda a corrente BE, de intervenção político-social de cariz critico embebida em sarcasmo, que acho profusamente intelectualoide para um weblog. Pior de tudo é que quase todos esses caloiros trocam galhardetes e críticas a torto e a direito e não conhecem nada do que está para além da sua comunidade de templates MacDonalds (ou parecem não ter consciência disso).

Claro que esta vaga revela alguns casos muito interessantes, mas na maioria dos casos trata-se apenas de um barulho ensurdecedor, como que se numa fila de trânsito todos começassem a buzinar. Felizmente isto de buzinar tem as suas vantagens – quem muito buzina também se cansa depressa, e só aqueles com motivações mais profundas do que a novidade de um brinquedo novo é que persistem.
Os cibernautas brasileiros passaram por isso à cerca de um ano, com uma enorme explosão de weblogs em português das américas. Actualmente nem 30% desses blogueiros persistem. Mesmo assim os weblogs brasileiros são de um número assustador, considerado de uma das mais altas taxas de penetração deste fenómeno.

Há lugar para todos na chamada blogosfera (o idiota que usou pela primeira vez este termo deveria ser levado para o Campo Pequeno e fuzilado sumariamente sem direito a um último cigarro), e expresso aqui as boas-vindas a todos aqueles que descobriram finalmente os prazeres de se expressarem através da publicação on-line.

Do Povo e para o Povo

Mesmo que todos fiquem surdos… antes de começar a ouvir-se boa música.

Só aqui um pequeno aparte: fico fulo da vida com o mongolismo de alguns pseudo jornalistas que escrevem sobre aquilo que não fazem a mais pequena ideia, e nem sequer se dignam a fazer um pouco de investigação, limitando-se reproduzir aquilo que os entrevistados lhe dizem. No Diário Económico surge a brilhante frase:

Portugal está cada vez mais presente na blogosfera, contando já com mais 400 'weblogs' nacionais sobre os mais variados assuntos, desde política, à cultura, passando pelo humor.“.

Só um perfeito cretino seria capaz de descobrir a pólvora dos weblogs e apreciando o número de 400 como válido. O Blogs em .pt não é representativo nem de 30% do universo dos Weblogs actualizados regularmente! Muitos livejournals, Pitas, b2 , MovableType , Nucleus , BigBlogTool , BlogWorks XML , Blogalia e Drupal blogs, weblogs.com.br e outras ferramentas de blogação que não passam pelo Blogger, nem pelo blogspot, feitos por portugueses, em português e actualizados ao longo de anos e não semanas como os referidos, não estão inseridos!
Mas como Portugal é um país em que existe sempre alguém a descobrir a pólvora …

Não é necessário fazer considerações sobre a alegria contagiante de ver uma final futebolística tão aguarda e sofrida. Dizer-se que o futebol “move multidões” e é uma “paixão nacional” é ser-se redutor.
O FCP transcende essa questão e vai mais além. Trata-se de uma identidade de humildade, esforço e perseverança. Daí que o seu carisma seja causa e efeito das gentes do norte, pessoas anónimas que se reúnem a volta de uma tribo muitas vezes repudiada e sempre que possível enxovalhada. Muitas vezes o futebol é um simples pretexto, um véu, para um bairrismo genuíno que não é explicável, nem sequer obedece a normas lógicas. Apenas é!

Acusado de ser um “clube regional” e outras balelas, típicas de quem tem dor de cotovelo e vive agarrado aos trofeus de passados longínquos e já esquecidos, o FCP mostrou que este é novamente o ano do Dragão, passados 16 anos. O FCP, como clube e equipa desportiva transcendeu este campeonato regional onde se chega ao cumulo de se dar destaque à luta pelo segundo lugar e mostrou que a vontade e o espirito de luta podem conquistar apenas vitórias. E de facto sempre vai ficar nos anais, como eu previra…

Este troféu teve um sabor especial: deleitei-me a ver as manifestações de júbilo espontâneas, as comemorações de um feito inédito. É indescritível sentir toda aquela gente simples, de todos os estratos sociais, idades e credos, sobressair de expansividade e mostrar o seu azul. Foi enternecedor sentir uma identidade tribalista, uma comunhão partilhada de grupo tão forte e genuína.

Para meu espanto I. alinhou minimamente em ir aos festejos comigo, já que todos os meus compinchas azuis e brancos foram assistir in loco a essa grande proeza. O calor e a festa, o azul e as buzinas tornaram a noite num frenesim mágico. Apesar de cansado creio que estas próximas semanas me reservam novas cambalhotas e reviravoltas na minha existência cinza florescente.

A impaciência é sempre inimiga da sabedoria. Eu diria mesmo que é inimiga de qualquer equilíbrio mental ou emocional.
Sempre fui demasiado ansioso e sôfrego, mas a vida deu-me um par de lições ingratas mas profundas.

Uma em particular rendeu-me uma morte eminente, em que tive consciência plena que não teria grandes possibilidades de sobrevivência. Estava perante a morte certa, mas soube encarar a besta do pânico e não cedi. Na plenitude da aceitação da Inevitabilidade, na serenidade lógica, e na paz que fiz comigo e com o mundo, sem ânsias, deu-se o milagre. Sobrevivi contra todas as hipóteses matemáticas, que envolviam o tempo, a distância, os danos irreversíveis, os estados de choque, que os médicos equacionaram. Mas afinal esqueceram-se das variável fundamentais: a fé e vontade.

Nada desde então me deu mais provas que a nossa vontade pode ser grande, mas não deve ser uma birra de criança mas sim a perseverança de um idoso. O equilíbrio como inimigo da impaciência. A Vontade sobre o Caos. Existir ou Viver
Sei que muitas vezes relaxo a minha guarda e esqueço a minha bóia de salvação. Hoje mais que nunca a impaciência pode ser a minha maior inimiga.

Mas mais uma vez não me vou deixar morrer.

Questionamo-nos sempre sobre os nossos actos. Um sentimento judaico-cristão incutido socialmente, onde a moral e os bons costumes se tornam a base da nossa cultura e civilização.
São conceitos básicos, que tomamos como princípios morais, mas que no fundo fazem parte de um conjunto de crenças religiosas se os autopsiarmos cientificamente.

Os remorsos, a esmola, a partilha, não fazem parte do homem com espécie animal, nem como indivíduo, mas sim como ser que se socializou e como tem que viver em comunidade tem que respeitar um padrão de condutas, senão essa comunidade não é funcional.
Os 10 mandamentos de Moisés, hermeticamente assimilados na Arca da Aliança são um sustentáculo de normas rígidas inflexíveis sem as quais não existiria a sociedade tal como o temos hoje. Escusado será dizer que matar é mau, tratar mal os pais é mau, por os cornos ao vizinho é mau, roubar é mau, mentir é mau, invejar os bens do vizinho é mau. Isso é uma base de comportamento social numa comunidade pacifica.

Mas a degeneração destes princípios simples que todos poderíamos aceitar para viver, sem violência animalesca, foram o longo de milhares de anos revistos e aumentados de forma a reduzir o nosso libre arbítrio.
Espartilham a consciência de forma a condicionar a nossa individualidade. Que bases tem as normativas da maior parte das religiões para catalogarem a Soberba, Avareza, Luxúria, Ira, Gula, Inveja e Preguiça como pecados? Interissincamente todo homem e mulher padece desses ditos males, e porque carga de água não gostaria eu de ser independente (Soberba), ter ambição (Avareza), ter sexo (luxúria), capacidade de me revoltar (Ira), gostar de um bom jantar (Gula) , desejar igualdade na repartição da riqueza ( Inveja) , ir de férias (Preguiça)???
Estarei a pecar? Não terei remorsos? Vou arder no Inferno?
Temos esses dados adquiridos, incutidos como pecados que nos devemos abstrair de fazer… uma vez que assim não seremos tão dependentes da sociedade comunal e por analogia da religião.
O mais estranho é que manifestamente, J.C. esse grande revolucionário, que mete no bolso, qualquer Che, apenas nos terá ditado um único mandamento:

Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.

Com edições revistas e aumentadas dos seus ensinamentos, ao longo da Historia conseguiram muitas exagetas a soldo dos ”regimes” recuperar as tais normas socializantes e pseudo-moralisadoras, lendo em entre-linhas inexistentes, e incutindo nos analfabetos leituras que nunca existiram no Novo Testamento, ele próprio recortado e censurado nos temas mais picantes ou incómodos. Assim foi construída a nossa consciência civilizacional, moral e ética, baseada em costumes restritivos e normas de conduta: os pecados…
No Sábado, num jantar pantagruélico que se prolongou por cinco horas em casa de C., com demasiadas garrafas de tinto, rapidamente questionamo-nos se pecar, ou ser socialmente conveniente não seriam opostos. E decidimos que realmente éramos pecadores, ou pelo menos não éramos pessoas-carneiros.
Depois estava demasiadamente ofuscado mentalmente e foi ao Kitten @ Triplex, numa multidão esmagadora. Prometi a mim mesmo que não voltava a repetir a façanha… Afinal era um autentico pecado

A peça XXX dos Fura dels Baus mereceram todas minhas expectativas, antecipadas vários meses antes, desde o anúncio que iam presentear a minha cidade com mais uma presença.

Adepto incondicional da grande companhia catalã, acabei por convencer Ju., I., N., e a adorável loirinha a não perderem esta oportunidade única de dar ao mamarracho do coliseu algum significado.

O show XXX é um bocado diferente ao que já conhecia dos Fura. Nesta peça o palco existe, mas é apenas transposto e decomposto em camadas, ao contrario da inexistência física das outras peças que assisti. A deconstrução do teatro clássico, abalando todos os seus alicerces volta-se para outro factor, menos radical em filosofia, mas provavelmente mais fanático em temática.

Mas Fura é Fura! É manipulação, choque, inovação, espectáculo, provocação. E nisso a companhia não perdoa nem um milímetro.

Buscando o mote da Filosofia de Alcova de Sade, XXX é um espectáculo para adultos, bebendo e debitando pornografia, sempre hard core, explorando quase ao máximo conceitos de atentado ao falso pudor.

A genitália feminina e masculina é sempre um ícone presente, a nudez dos actores aparece rápida e desenfreada. A luxúria, o sadismo e o masoquismo aparecem retratados de forma simples, mostrados com toda a naturalidade e sem eufemismos.

Os textos estão perfeitos e os quatro actores dão o corpo a devassidão da peça, sem que para isso sejam transporcados em demasia. O sexo é explicito, mas afinal é sempre implícito, algo que os Fura nunca deixaram de fazer como ninguém, a manipulação das imagens e conceitos até à perfeição, numa viagem às ilusões reais do sexo ao vivo.

Em cena as imagens sucedem-se numa simbiose de vídeo deixando o palco também de ser um limite horizontal para ser também um limite vertical onde se projectam as cenas, as sombras, o outro lado semi-enevoado, os voos das personagens, o êxtase, a pornografia e a beleza.

As actrizes vivem algo de exigente, e os tabus caem por terra, em especial ao receber uma actriz de filmes porno, a ser uma dominatrix motora de toda a peça, devidamente assistida por um Sade contemporâneo.

Fica presente na retina um amargo de boca e alguns instintos primários algo mexidos, alguma parte negra da sexualidade relembrada, ou o pavor de uma abordagem pelas personagens. Mas o mais estranho e polémico do XXX é sentir que Sade é acima de tudo contemporâneo e está entre nós, na nossa cultura, erotismo, sexualidade e depravação, como se o seu livro tivesses sido escrito há uns trinta anos.

Fura sempre. Foi brilhante. Cada vez mais fã.
Quem sabe esperar mais 3 anos para que voltem novamente?

Porque o tempo destrói tudo.
Porque determinados actos são irrevogáveis.
Porque o homem é um animal.
Porque o desejo da vingança é um impulso natural.
Porque a maioria dos crimes remanesce sem castigo.
Porque que a perda do ser amado destrói como um relâmpago.
Porque o amor causa a vida.
Porque num mundo perfeito o túnel vermelho não existiria.
Porque as premonições não mudam o curso das coisas.

Porque é o tempo que revela tudo.
O pior e o melhor.

Irreversível, pretendia ser um filme choque, e como tal acho que foi talvez demasiado bem sucedido. O filme fala do crime e castigo e das consequências e de séries de acontecimentos em cadeia – mas visto de um anglo invertido, alias como o realizador frisa em imagens invertidas e dinâmicas, quase desconexas e enjoativas.

O clímax e desfecho primeiro, e só depois os antecedentes, minoram o ultra realismo e rudeza de uma violência explicita, com o assassínio brutal de Ténia com o crânio esmagado num antro infernal sado-gay. Mas depois (antes) o marido e o ex-namorado de Alex procuram no Rectum Ténia, mas depois forçar um travesti a revelar-lhe onde está Ténia, e depois descobre Alex brutalizada e violada. Os 9 minutos em que Alex é sodomisada por Ténia no túnel vermelho não são passíveis de serem vistos sem horror. O ultra realismo é mórbido e macabro. Só se pode desviar o olhar.

Irréversible peca por rodear-se quase exclusivamente da vingança e dos actos de violência que a antecedem e determinam e o seu desfecho, focando-os como a suas duas cenas fulcrais. Mas o mais impressionante é o facto de na verdade não ser algo muito diferente da realidade crua e brutal de uma violação. Mas depois a vida… a festa, o metro, a gravidez, a cama, a premonição . O Fim-principio.

Chuva e mais chuva, vento e frio. Frio, com frio vento e chuva.
Este ano, prometi a mim próprio que ia tentar evitar um dos meus defeitos sacramentais: os queixumes. Apesar de não o ter comprido à risca não quer dizer que tenha abandonado essa decisão de passagem de ano. Afinal ortodoxias dão sempre mau resultado. Portanto: Nada de queixumes, lamurias, lamentações doravante!

É bom estimular as nossas células cinzentas, apreciar um pouco de cultura e partilhar conhecimentos. Com I. e Ju isso é sempre um processo garantido e simultâneo usufruir de um gosto pelo bom humor. As nossas referências da tenra idade são muito semelhantes, passamos por fazes da vida muito semelhantes e cria-se uma certa empatia mútua.

Ver “Esquece tudo o que te disse” foi provavelmente a melhor surpresa das últimos anos. Nunca imaginei que um filme português pudesse escapar a mediania e a sentir que apesar dos actores estarem a falar português, não faltava no ecrã as legendas para puder compreender as deixas das cenas. Mas o filme de António Ferreira é forte e os actores brilhantes são bem dirigidos. O filme é solido e é invulgarmente bom – algo de muito estranho para um filme lusitano. E que actriz. Bastante interessante a banda sonora, sobre o auspicio dos Azembla´s Quartet.

Lazer e Saber – I

Tenho reconquistado o meu gosto pelo bom cinema. Actualmente na minha cidade só praticamente só as salas de cinema com a distribuição da Medeia Filmes, apresentam películas não destinadas a comedores de pipocas.

Na extraordinária companhia da adorável I. e simpatiquíssima Ju. tive o privilegio de atender à Intervenção Divina de Elia Suleiman, um filme palestiniano que muito me surpreendeu pela sua acutilância, não no sentido político, mas sim social e humano, da miséria actual que se vive na Palestina e em Israel. O filme fabrica uma enorme parábola e alguns gags brilhantes, que apesar de não serem hilariantes, focam o tom de comédia da situação surrealista dos territórios ocupados, dos controlos fronteiriços, e da vontade de amar uma nação que não existe. Pictórico, mas não inacessível, chegando a ser envolvente no seu carisma da irrealidade que é a realidade palestina. A cena do balão Arafat, os fumadores nos cuidados intensivos e a óbvia panela de pressão com que o filme se despede, deixam uma mensagem profunda, não de vingança mas de pedido de justiça e hino ao amor. Música brilhante.

Nesse sábado éramos para ir ao kitten no Tripl3x, após uma óptima moqueca de camarão no Óxala, mas a visão dantesca de ter as escadarias da porta com 500.000 pessoas acotovelando-se para entrar. Isso facilmente nos fez mudar de ideias…

O plano B foi uma ida ao chic, um talho 2 versão upgrade, revisto e aumentado. Muito chic de facto, mas péssima música e tudo arranjadinho, tipo “vê mas não mexe”, a abarrotar com milhares de pessoas. Mesmo assim não largamos borboto como aconteceria na festa do kitten no cubículo do TriplEx. Claro que os conhecimentos da Ju., fizeram-nos entrar pela porta VIP, apesar de parecermos rotos ao lado daquela gente chic. A companhia foi muito boa, e já estávamos a ficar com os copos graças a umas quantas unhas oferecidas pela casa… E vai, não vai, até se falou na nossa idade, pouco recomendável para aquelas andanças, claro sinal inequívoco que a nossa circulação alcoólica tinha pouco sangue… e que dentro em breve o sol de domingo iria despontar.

Na época natalícia que passou não posso afirmar que foi uma época muito especial e repleta de felicidade. Mas não se trata de finalmente ter descoberto que o Pai Natal é uma grande patranha e que quem o vestiu e promoveu como ícone desta altura do ano tão especial foi a Coca-Cola Company. Provavelmente a MacDonalds, ainda não existia na altura, senão poderíamos ter os palhaço Ronald a descer pelas chaminés dos meninos em todo o mundo para distribuir presentes e os patéticos oh-oh-ohsss.

Mas não odeio o estilizado velhinho barbudo (que pode até estar relacionado com o escandalo da Casa Pia), nem as suas renas amestradas e o resto do freak show que inclui duendes no Circo do Pólo Norte. A tenda é outra e não posso defender que o Equinócio de Inverno não me afecta. Nota-se o calor humano, o reencontro de famílias e amigos, a palavra da paz e esperança transbordam e espalham-se pelo povo católico.
Há sempre uma esperança, mas que é transporcada e estripada pelo consumismo desenfreado e pelos seus apelos circunstanciais, as solicitações de última hora.

As prendas, as prendas, as prendas e mais prendas. Os $ifrões, os $ifrões, os $ifrões e mais $ifrões. As compras, as compras, as compras e mais compras.
Parece que tudo se resumiu a isso. E nada como pensar desta maneira algo lúcida para se mergulhar numa revolta contida numa apatia invernal. Venha o próximo s.f.f. Em Novembro de 2003 temos mais.

Mas a canção do Natal não tinha apenas uma letra que falava de misérias humanas.
Houve um ou outro verso que fugia ao refrão. Deram-se dois grandes jantares da praxe, com amigos que estão muitas vezes perto do coração mas longe da vista. A um deses jantares tive o infortúnio de calhar no mesmo dia que a D.Deolinda faz anos, o que me fez chegar só para a sessão de anedotas. O outro foi uma orgia digna do deus Baco. Dizem as crónicas que ele agora anda disfaçado de menino Jesus e os três Reis Magos são as concorrentes a Miss Playboy Portugal… N. até consegui embater nos 130 cavalos ao sair da garagem da vivenda, que obrigatoriamente o inspector P. e Q. queriam investigar.
Era preciso ver que já tinham sido 6 botelhas e as meninas tinham um bilhete a avisar que chegavam só às 4 da matina. Escusado será dizer que estive mais morto que vivo no dia seguinte no escritório.

Depois o Nokia começou a tocar, a apitar. Parecia parvo, debitando telefonemas e SMS´s a torto e a direito de old friends, alguns deles que até já não tinha contacto. Ví-me a dar cabo do meu saldo também. Era a febre que eu também adiro com facilidade. E também ví o meu irmãozito depois de uma longa ausência sem dizer água vai. Como é costume fez umas borradas e tem as suas crises de consciência, saindo da sua Cuba adoptiva para regressar a República por uns dias. Foi uma boa prenda de Natal! E as mensagens das gajas também! Especialmente de…

E depois, o ano aproxima-se do fim. Mas isso é uma outra história.

Questiono-me se perdi a capacidade de escrever um par de frases interessantes. Na minha adolescência fervilhava de ímpetos que só eram refreados com um caneta de tinta permanente e uma folha de papel nívea e espessa. A caneta deslizava velozmente desenfreada e incólume a qualquer interferência externa. Á luz de um candeeiro, a avançadas horas da noite, o fulgor da alma lançava lufadas de palavras sinceras e íntimas, cheias de secretismo e magia.

Hoje, a minha capacidade de escritor desenfreado da noite está quase extinto. Já não ouço a musa, e as veias estão murchas, enquanto matraqueio um teclado gasto. Os ímpetos permanecem, só que esbatidos num nevoeiro serrado de mente cansada, e alma esquecida de como vomitar as ânsias do intimo. As tripas do nosso inconsciente estão amansadas por uma dieta rigorosa, na imagem que seguimos de normalidade.

Se na adolescência alimentava o secreto desejo de produzir poesia ou prosa literária que seria reconhecida, e qui çà, tornar-me um escritor famoso, pelo qual o instinto feminino se derretesse e idolatrasse o chão que eu pisaria. Mas o destino e o fado não o permitiram e condenaram-me ao esquecimento da banalidade dos leigos.

Recordo como se fosse hoje o dia turvo que queimei de impulso todas aquelas folhas já amarelecidas que se esbateram em chamas e fumo. Mais tarde julguei ter sido um mero sonho ou ilusão, e que a “Fênix Renascida” , “Mergulhando no Mar Absurdo”, “Doce terna adormecida”, “Sangue derramado” iam estar ao alcance da minha mão. Erro meu. Estavam mortas, reduzidas a pó e na minha memória só restavam cinzas de um subproduto disforme de noites de vigília.

Foram-se de vez, mas contudo descansam em paz, protegidos do meu revivalismo.
E quem sabe talvez a veia apesar de murcha ainda não secou totalmente. E tal como o mito da Fênix, renasça das suas próprias cinzas, ao contrário dos pelicanos côr-de-fogo.

Estou cada vez mais amante da arte de antever o que vai na alma das pessoas. Dantes era algo que me passava totalmente ao lado: talvez porque não parava para ver com atenção as pessoas que me rodeiam. Ou talvez porque era muito novo e sem a serenidade que ouvir a voz interior dos outros obriga. Ou simplesmente não confiava nas minhas intuições…

Mas no último ano ouço a voz silenciosa e rápida do coração com mais intensidade. A intuição aumenta a cada vez que lhe prestamos atenção e não a questionamos sobe um prisma lógico.

As pessoas, as emoções e as circunstâncias nunca obedecem a equações matemáticas. O que é apenas verdadeiro/falso, sim/não, positivo/negativo nas nossas vidas, sem ter uma zona cinzenta de meia verdade, de nim, de neutro? Logo a lógica é apenas circunstancial e com atenuantes para os mortais…

Sem questionar, percebo melhor as pessoas, quer as suas qualidades menos aparentes, quer os seus pequenos defeitos. Noto mais as suas inocentes mentiras circunstanciais, quer as mais fabricadas e sustentadas novelas.

Mas algo não abdico de fazer: – dou benefício da dúvida, partindo do princípio que não se conhece essa alma. Mas agora as minhas antenas acertam muito mais.

Só é pena o radar se enganar um bocadinho quando aponta a algumas mulheres interessantes. São interferências da libido…

Parte II – As vaginas

E a semana passou-se. O dia do desaire nacional só podia pedir por uma boa peça de teatro. Monólogos da Vagina com Guida Maria, no Coliseu do Porto.

Assim no camarote com a I. pude assistir e aplaudir uma peça sobre a descoberta do corpo feminino e de como as próprias mulheres encaram a genisália. Embora o texto fosse americano, não era de todo americanoide – e com uma actriz perfeita para a peça – quer pela forma de ser, quer pela presença em palco. O resultado foi uma das melhores peças intimistas e sociais que já vi.

A feminilidade e simultaneamente o feminismo passam por uma redescoberta sem tabús da vagina. Uma evaginação da mulher num fortalecer da auto-estima do corpo, sem ser redutor da mulher em função do seu corpo. Admiravel!

Depois de nos despedirmos das meninas que tinham que ir estudar, eu e N. tivemos que procurar um restaurante que ainda nos servisse… tinha que ser um espanhol! E com muitas V… A coisas acabaram tarde no café do pretoe no dia seguinte antevia-se kitten no TX, que almejávamos há pelo menos um mês.

Pensei que os tormentos que passei no passado em relação ao trim-trim tinham terminado. Há uma meia dezena de anos, era eu ainda mais mocinho, uma mulher despeitada achou que fazer telefonemas anónimos durante 6 meses para minha casa, mantendo uma linha fantasma, daquelas em que ninguém responde do outro lado, era uma boa forma de me seduzir ou algo do género.
Nunca percebi o prazer de gastar dinheiro numa chamada telefónica, só para sentir alguém do outro lado e ouvir a sua voz sem se querer identificar ou falar. Acho que só os cobardes têm medo de dar a cara e acabam por ter atitudes infantis ou um pouco mentecaptas como incomodar alguém pelo telefone sem sequer lhe dirigir a palavra.

Quando digo tormentos não me refiro a aborrecimento, mas mais a ser algo diário rotineiro de algo inoportuno e masoquista.

Clockwise. Trim-Trim

Terei um appel sádico? Não foram seis meses que me chateassem. Depois da curiosidade inicial de imaginar quem esta a fazer aquilo torna-se patético assistir, dia após dia, a um degradar de orgulho e auto-estima. Não foi a única vez… E também não foi a última infelizmente…

Agora com o telemóvel a coisa voltou num formato semelhante. Já praticamente não atendo esse tipo de chamadas não identificadas ou de números estranhos. O problema é que agora me chateiam um bocadinho mais: descarregam-me a bateria do telemóvel…

Bom é caso para dizer que os meios de comunicação mudam, evoluem e tornam-se tecnologicamente mais avançados, mas as pessoas não… Acabam por ser basicamente as mesmas por dentro…

As aparências iludem. É um facto indesmentivel. Algo que o meu avô me disse seriamente, apesar da sua juventude eterna e alegre já nos seus irrequietos 70 e tal anos.

Era um lobo do mar encalhado em terra depois da Marinha o ter dispensado – algo de que nunca se conformou, e que um dia me disse num tom sério que:

o homem é o único animal da criação que acredita em ilusões e que se basta com as aparências.

Há sempre um pequeino espaço na nossa memória para o que já passou. Mesmo que o Passado não mude e já não exista a não ser nas nossas recordações, que é reavivado de vez em quando por lembras divertidas ou caricatas.

Mas como diz a expressão inglesa :Who cares???

Hoje tive consciência de quanto o meu nível de percepção lógica e intuitiva se desenvolveu nos últimos meses. Tremo só de pensar quanto sou capaz de ler como um livro aberto as pessoas e os acontecimentos e desconstruir eventos e pensamentos de uma forma rápida e crua.

É como que uma maldição esta leitura, que ecoa rápida e fluida como nunca. Vejo um olhar e sinto o que encerra, vejo um sorriso e vejo se é falso ou verdadeiro, noto um gesto e deduzo se é um tique comprometedor ou um sinal de desconforto. Chego mesmo a medir alguém em poucos minutos e para meu sofrimento as suspeitas e a impressão do primeiro momento batem certo, quer sejam semanas ou meses depois. Mesmo assim aceito seus defeitos e as virtudes tentando não acreditar em tal certeza inicial buscando um pouco de prazer no conhecer passo a passo normal.

Creio que li demasiados livros da Agatha e do Sir Doyle na juventude, e a prática da dedução, conjecturas lógicas foi sempre uma obsessão. É um jogo das charadas descobrir os segredos que os outros nos escondem. Mas o detective só funciona com factos e indícios que apontam o suspeito e desvendam a forma como levou a cabo o assassínio. O poder de observação aguçado de repente faísca, o jogo fica perigoso, torna-se cruel. Não se apanham os culpados nem se faz um resumo da brilhante dedução até eliminar todos os sulpeitos menos um. Na grande cidade a introspecção explodiu o meu poder de observação e só vejo vidros transparentes. Está tudo à vista. E o pior é que parti o interruptor e não consigo desligar as antenas…

Muitas vezes é inexplicável a certeza com que ocorrem e cada vez mais são mais constantes. Tento ignora-los pois são muitas vezes tristes e pesados para que os aceite e não quero (e tento não querer) que me condicionem. Prefiro estar errado e raramente estou, mas masoquista não quero acreditar. É como que eu tenha que fazer sempre o jogo eu-sei-que-tu-sabes-que-eu-não-sei-apesar-de saber.
Começam logo as etiquetas improváveis a aparecer como se fosse nos artigos do supermercado, mas em vez de identificarem os preços das conservas ou cerejas, revelam e fazem confidencias

– tu és deste tipo, tu gostas eu sei de quê, tu escondes aquilo, tu gostas é daquele, tu tens medo, tu não queres admitir, tu vais te deixar ir na conversa, tu és incapaz de mentir, tu levas tudo até ao fim, tu és egoísta, tu és simples, tu és maldosa, tu és um sapo-boi, tu estas com sede, tu estas desatento, tu fazias tudo pelo teu irmão, tu andas a ver se acabas com a namorada, tu achas-me engraçado, tu tens pena dela, tu queres ajudar, tu dizes uma coisa e depois já dizes outra, tu és um amigo com que se pode contar sempre, tu tens um trauma de juventude, tu és incapaz de amar, tu queres vencer na vida a todo o custo, tu só queres ser feliz, tu precisas que alguém te segure, tu estas zangado comigo e não o queres transparecer, tu tens ciúmes, tu és invejosa, tu és um paz de alma, etc.

Quero ignorar, quero tentar esquecer, mas ali aqueles flashes ecoam seguidos como se não se possa desligar aquele ponto. Tento evitar olhar nos olhos aqueles que gosto nem estar muito tempo frente a frente, senão surgem e ressurgem coisas que às vezes preferia não saber.

Irrita-me quando me tentam esconder algo ou dissimular qualquer coisa. Nessas alturas há um sino badalando e uma sirene a apitar. É aborrecido sentir o que me escondem. Surge sempre aquele sentimento de revolta que não é pelo facto escondido em si mas pela forma como se encobre que para mim é evidente. Nas últimas semanas é pior. O fumo dantes entorpecia a vista, mas agora só o álcool e nem sempre.

Viajar é um estado de espírito. Mais que um capricho de lazer e uma fuga à nossa vida de formiguinhas patetas programadas para viver para a colónia e viver junto ao seu ninho. Quando buscamos novas paragens a nossa capacidade de adaptação e de sobrevivência estimulando a nossa massa cinzenta e apura os nossos sentidos. Ficamos mais alertas sem sentirmos o stress que nos consome a mente e corpo, a ponto de
vivermos em função dele.
Faz mais de 4 anos que estive 2 semanas em Fortaleza numa altura que o timing era o certo e onde encontrei muitas ondas de paixão com uma mulatinha carinhosa de nome Larisa ou algo parecido. Foi nessa mesma praia, do Futuro agora conhecida pelos desgraçados que encontraram o cimento. Mesmo assim quero voltar ao mar verde-escuro e voltar a navegar numa jangada vendo ao longe as dunas da praia de Cumbuco, beber suco de caju com guaraná durante o dia e caipirinha de morango na praia de Iracema. Ir no Mucuripe Club tomar shopps ou suco de mar toda a noite.
Viajar é preciso

Ontem estive com Marie. Fazia quase 8 anos que não via a minha primita francesa. Ça va?
Ela e o namorado, um gaulês de gema foram uma companhia muito agradável, apesar do Bertrand não entender patavina do português. Mas afinal as sardinhas assadas são uma linguagem universal…

É estranho como o tempo às altera alguns traços às pessoas. As expressões físicas e a personalidade mantêm-se.

Conto já as horas … A grande cidade vai dar a vez a um fim-de-semana que promete.

Viva la vita!