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Estou politicamente desiludido. Raramente me perco em discussões políticas, nem tenho paciência para troca de apupos dogmáticos ou esgrima de argumentos ortodoxo-partidários. Isto não quer dizer que não me interesse pela política no sentido que os seus resultados têm consequências profundas na nossa vida, quer queiramos quer não.

Seguir as rixas políticas em Portugal foi sempre um segundo desporto nacional. Basta ler Eça e perceber que nos ultimos 120 anos pouca coisa se alterou na maneira de estar na política portuguesa. Nunca entendi porquê, mas isso está intrincado na cultura lusa, de forma quase doentia.

Mais um aniversário deste diário, faz-me pensar na sua longevidade e na sua razão de ser. A titulo de balanço, posso considerar que este espaço me proporcionou muitos bons momentos e alegrias, mas também uma resma de dissabores. Contudo, e pesando com cuidado os pratos da balança, creio que é razoável dizer que a vida deste meliante teve mais algum colorido graças ao psicotico.com.

Durante quatro anos, ele foi receptáculo de muitos momentos de felicidade ou desespero, um confidente subtil e também um campo para dar largas a algumas excentricidades.
Dando-lhe uma vista de olhos no seu passado (way back), para os tempos que o fenómeno de blogs era geek hardcore e não massificado como hoje, fico espantado na forma como a minha vida tem sido.

Parece-me bem polvilhada de alterações de percurso, apimentada com derrocadas alternadas com reconstruções. Junte-se umas pitadas de pacatez, dois dentes de excentricidade, e esperança q.b. . Depois leva-se a lume brando e depois serve-se a quente com dois raminhos de entusiasmo.

O Passado, as idas pendulares, a grande cidade/minha cidade, as tempestades, o clube groumet, as noites Kitten, o maralhal de iniciais para identificar as personagens, o enredo velado, os Damage report,os desabafos expresso, o anjo sem asas, as fotos, os poemas, as injecções de serotonina, as psicoses, a América do Sol, as letras, as músicas, os forcados amadores, a Vida, etc., hoje parecem-me recordações fantasiosas, mas que não deixam de ser uma lembrança real que está num expositor online. De mim próprio, para o próprio autor, uma ferramenta auxiliar de memória que me ajuda a perceber, os meus fracassos e êxitos, as minhas descobertas e os o meus erros.

E tudo cabe num backup de 1 megabyte. Uma simples diskette em que cabem partes dos últimos quatro anos da minha existência. Obrigado e parabéns.

O solstício de Verão teve em mim um grande impacto. Dei-me o direito de pequenas excentricidades que me deram imenso gozo.

O dia mais longo, pareceu-me até bem curto. Logo após a jornada de liberdade pós-laboral, descendo vertiginosamente a linha de metro, rumei à praia para um por do sol assombroso. De um vermelho rasgado de sangue o astro-rei descia ao passo que os inspectores faziam a sua pescaria anual de navalheiras por entre as rochas. Não resisti a umas palavras de incentivo e deixei-me banhar no mar fresco e límpido no meio dos rochedos. Se não anoitecesse já por ali teria ficado de molho…

E quando a estrela da tarde brilhava intensamente, e a lua cheia confirmava ser um dia mágico, dei por mim extasiado e feliz por estar vivo. Algo que não tem necessidade de explicação causa-efeito, apenas se sente, porque a Vida é feita de pequenas coisas que nos aquecem o coração. Basta que os queiramos sentir. Bastam gestos, momentos, ou as vezes palavras amigas para os tons cinza serem de um colorido tropical.

Normalmente ão seria tão difícil acordar de manhã. Mas a história repete-se, nesta altura do ano. Deve ser o meu ritmo biológico a entrar no seu costumeiro ciclo noctívago ou algo semelhante.
Apenas me apetece dar um tiro no despertador que berra solitariamente durante uma hora. E só quando se finalmente este se cala, dou por mim atrasado e desperto a contragosto, ainda a praguejar que sonhava erradamente que era Sábado.

O meu calendário mental nunca se acostumará ao fim da Primavera. Deve ser defeito de fabrico com certeza.

Captar um momento é uma arte. Por isso a fotografia é algo que me começa cada vez mais a despertar o interesse apesar de o meu domínio da técnica seja inexistente.
Contudo algo me reforça ao tentar agarrar um momento efêmero, um pedaço de luz e cor que fogem e que são únicas. Nenhum raio de luz, nenhum sopro do vento, nenhuma nuvem, se repetem, exactamente naquele lugar, naquelas circunstãncias.

Segurar uma câmara fotográfica é como tentar aprisionar para a eternidade um facto, um retrato ou paisagem singulares. Assim podemos possui-los para sempre. Tentamos roubar da erosão do tempo algo irrepetível. Trata-se de uma vertigem enganosa, mas tambêm uma espécie de aproximação ao divino imutável – quase um sentimento religioso.

Por isso dou comigo a pensar em ângulos e luz e a suspirar não ter a minha companheira prateada à mão de semear como um turista japonês!

Arigato-san!

A cada dia que passa, redescubro velhas amizades que tinham sido edificadas em betão armado, e que julgava injustamente perdidas.

Fotografar a minha cidade, deu-me há tempos um renascimento espiritual, de observar a beleza das coisas porque passamos todos os dias e não lhes damos o devido crédito. Ver com olhos de ver, as linhas que embelezam o nosso quotidiano e não passar sem degustar com a visão a alma do espaço à nossa volta, atinge-nos. Faz-nos apreciar a beleza como um ser mais grandioso e agradecemos fazer parte desse ser, nem que seja pelo admirar.

Voltar a minha aldeia ancestral também se revelou uma abertura de horizontes perdidos. Perdi-me durante horas no esquecimento dos campos, sentindo a natureza rude e perfeita. O verde no granito e o granito borbulhando do verde, a perder no campo de visão, levaram-me a percorrer montes e vales, ansiando sempre por ficar sem respiração assim que atingia um cume mais distante. Reflecti e encontrei minhas raízes algures naqueles campos, chegando mesmo a ter naquelas rochas da Raia, Portugal num pé e Espanha noutro. Absorvi os cheiros e ruídos da minha herança.
Depois senti-me renovado. Capaz de prosseguir.

As andorinhas fazem voos rasantes, verdadeiras acrobacias aéreas, de pura adrenalina entre aquelas estradas estreitas, muradas e forradas a paralelo. Descem a pique do telhado e voam vertiginosamente junto ao chão durante alguns segundos, como se quisessem surfar no veículo que passa na rua.

É como se a tradição primaveril, exactamente no mesmíssimo lugar se repercutisse por várias gerações, aprumada a cada ano em acrobacias mais ousadas e suicidas. Provavelmente o instinto da ave deve reflectir a alegria primaveril e o efémero daquele momento de exaltação.

Aqueles belos pássaros descabidamente celebram a vida correndo perigos, gozando a adrenalina e exibindo a sua eficácia de voo louco e espectacular. Vejo horrorizado as andorinhas nesse frenesim de stunt man bem próximas do meu pára-choques, quando circulo todas as tardes rumo à minha casa. Eles recordam-me que a vida devia ser alegre e fugaz. Têm que se aproveitar pois a Primavera e o Verão, não duram para sempre.

O fim nunca é realmente um fim. Alias um fim não existe, o que entendemos como um termino, ou uma espécie de destruição, não passa de um erro cognitivo. Quando algo ou alguém desaparece, no sentido do que entendemos como fim, morte ou extinção, fica pelo menos algum túnue resquício do que foi ou teria sido.
Por isso acredito que numa vida nada realmente termina ou se extingue. Apenas muda e altera-se, restituído de outro formato, num molde diferente. Pode mudar a sua existência, forma e até conteúdo, mas de algum modo permanece, nem que seja num outro aspecto.

Como a nossa visão nem sempre vê além do aparente, e os nossos sentidos e crenças pessoais são algo limitados, interiorizamos o conceito de fim e de termino quando achamos que algo desapareceu. Esfumou-se no ar. Não o vemos mais, não o sentimos mais, logo deixou de existir. Terminou.

Para além das aparências, esquecemos que a essência mude assumir diversas formas, que a lagarta pode tornar-se borboleta, deixar de comer folhas e voar rumo a azul infinito. Terá a lagarta tido um fim?

A extinção da vida, como a morte, pode ser antes vista como uma metamorfose, uma etapa de mudança para outro plano existencial se nisso tivermos fé. Mesmo quando o esquecimento cai as coisas não terminam. Assim como as minhas lembranças que se escorrem nos meus neurónios maltratados, não fazem que o meu passado tenha um fim. Essas lembranças converteram-se, cessaram o ámago de momentos da memória e passaram a existir num agir perpetuado que me constitui e faz de mim quem eu sou.

Três anos é um longo tempo para manter um diário online. É uma questão de paciência, perseverança ou será uma questão de teimosia ou mera estupidez?
Quando escrevo sinto que os contornos e as motivações mudaram, assim como o meu corpo e espirito mudaram. Envelheceram e amadureceram. Melhoraram de certa forma, num upgrade que a vida oferece â medida que os anos correm no calendário.
Hoje muitos dos dados adquiridos do período em que estava na grande cidade se tornaram obsoletos e nada me impele a escrever para um grupo de amigos, como dantes o fazia, numa espécie de jornal de parede comunitário onde colocava os meus papeis.

Hoje essa faceta de grafitti de pensamentos, extinguiu-se com um novo despertar, para voos mais elevados, para vivências mais reais. Mas o mais importante foi também, ter tido graças a este espaço, a hipotese de me reencontrar e ver que existia toda uma nova dimensão não programada que em última analise, tranforma a pouco e pouco num novo ser, com uma nova vivência com V graúdo. Foi como se o diário de um meliante me libertasse e me mostrasse um destino que não antecipei e a pouco e pouco me desse aquilo que não tinha sequer atrevido almejar.

Hoje sei que só mantenho este espaço porque é uma espécie de casulo abandonado mas apreciado, que me deixa, decerto recordações de um passado fastidioso, mas também das mudanças que me atraíram para uma subida de divisão, com direito a taça e tudo do desporto que é a Vida.

Talvez o abandone em breve, talvez o reanime de uma comatose intermitente, talvez simplesmente o esqueça parado no tempo, como uma caixa de espelhos feita capsula do tempo.

Mesmo assim parabéns!

Me gustas cuando callas porque estás como ausente,

Y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
Y parece que um beso te cerrara la boca.

Como todas las cosas están llenas de mi alma
Emerges de las cosas, llena del alma mia,
Mariposas de sueño, te pareces a mi alma,
Y te pareces a la palabra melancolia.

Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como qujándote, mariposa em arrullo,
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
Déjame que me calle com el silencio tuyo.

Déjame que te hable tambiém com tu silencio
Claro como uma lámpara, simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.

Me gustas cuando callas porque estás como ausente.

Distante y dolorosa comosi hubieras muerto.
Uma palabra entonces, uma sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.

é triste viver num país sem rei nem roque, onde parece que todos os políticos e eleitores começaram subitamente a desempenhar um estranho papel de órfãos.
Creio que é hipócrita afirmar que se trata de uma crise ou problema de coloração partidária, de falta de postura de cidadania ou ainda de algum deficit de honestidade perante os eleitores.

A política Portuguesa, a meu ver, desde há muito que só tem uma credibilidade equiparada a personagem Carmen Dolóres de uma qualquer telenovela venezuelana de 5ª categoria: chora muito, passa de gata borralheira a princesa depois de muitos desamores e suplicios mas no fim casa-se e fica para sempre feliz. Depois, na próxima novela, basta mudar a fronha à actriz principal e voltamos ao mesmo. Parece-me que na politica portuguesa actual existe esta postura Carmen Dolóres. Mudam-se as caras mas não se muda o enredo. Ao fim de contas o rosa e o laranja são a mesma coisa, apenas com caras diferentes, dado o vazio de líderes, ideologias ou ideias capazes de salvar a nação.

O que me custa mais são os rios de frases demagógicas, os chavões eleitorais, as camisolas partidárias, como se a nossa democracia entorpecida fosse capaz de proporcionar verdadeiras mudanças do comportamento político. Há muito que o desacredito do mundo político português e da lama a que este desceu, tornou o português médio alguém que se limita a preocupar com o próximo carrinho de compras do Continente, de como o Benfica foi roubado e para que destino exótico as suas parcas economias lhe permitem fugir numas semanas de ilusão.

Não censuro o Dr. Barroso por se por a andar para um cargo importante, longe deste barco que está a ir a pique há mais de uma década sem ninguém com coragem ou capacidade para pegar no leme. Também não censuro o Dr. Lopes por querer um cargo que preencha as suas ambições polóticas, apesar de ser um cargo para que nunca esteve preparado.

A única coisa que censuro é que os portugueses só parecem patriotas para agitar cachecóis e bandeiras desde há muito anos e não se interessarem verdadeiramente no que lhes estão a fazer ao país, nem tem verdadeiras convicções politicas: não sabem o que é um programa partidário, nem são capazes de assistir a um debate político na televisão.

É caso para dizer:

Salve-nos D.Sebastião!

É contagiante toda a alegria e moral que o desporto-rei pode movimentar. A Selecção Portuguesa no Euro, esta a desencadear um fenómeno que não era capaz de antever no meu povo. Algures no nosso genoma lusitano está determinado muito orgulho bairrista e nacional que tem vindo a ser recalcado desde à séculos pelos infortúnios de uma Nação mal governada e vitima dos desacatos da história. As bandeiras espalhadas por tudo quanto é canto, a mobilização em torno de um simples desporto de massas, num grito nacionalista algo esquecido.

O nosso hino aguerrido, não deixa de conter um quase fanatismo irracional: marchar contra canhões é no mínimo suicida, mas tendo em conta a época em que ”A Portuguesa” foi escrita, em que os nossos ditos aliados Ingleses nos fazem um ultimato, por causa uns milhões de quilómetros quadrados em África. Todo o Zé povinho reclamou a entrada em guerra com o Bulldog Inglês que com certeza comeria como pequeno almoço o Frango Português do fim do século XIX. E tudo por causa de um mapa cor-de-rosa unindo as costa da Africa Portuguesa. D.Carlos e a monarquia acabaram por cair por se terem rebaixado e aceitado o ultimato na esperança de não irritar mais a Victória, que na altura era a soberana indisputada do mundo. É neste fervor e revolta da humilhação que «A Portuguesa» se canta, como um sintoma de rebeldia e revolta por uma injustiça, por um vexame que custa a engolir.

Com a festa futebolística que hospedamos, muito para além das nossas possibilidades financeiras, revivemos muito do caracter português – culturalmente festas de pompa e circunstancia, casamentos, baptizados de arromba, foguetórios e procissões são uma parte indispensável para ser português. Isto mesmo que não haja dinheiro, há que dar aos convidados a ideia que a casa é farta e não se olha a meios para isso, como é o caso dos dez estádios de futebol, em vez dos 30 hospitais.

O Euro 2004, é a nossa grande festa, em que tentamos mostrar que não somos nenhuns pelintras, e a nossa Selecção e uma injecção de orgulho nacionalista sublimado, uma restia de esperança em que possa o nosso povo se orgulhar e moralizar. Quem sabe ganhar aos Ingleses seja um motivo para mudar algumas consciências e sair da depressão profunda em que os portugueses se enterraram, económica e socialmente, e da maneira que vêm e sentem o facto de serem portugueses.
Espero que a festa continue e não termine abruptamente nas mãos inglesas.

Por vezes deparamo-nos por diante de grandes decisões e fraquejamos, ou pelo menos não optamos pelas melhores opções. Somos feitos de um barro de qualidade, mas que tem as suas imperfeições, razão de sermos meramente humanos.

Percebo mais profundamente que não de deve dar demasiada importância ao que toca a estar errado ou certo, de saber ou ignorar, quando o que tem mesmo peso é se aprendemos, se vimos uma luz mais forte.

Um ser não pode temer de castigos e sobreviver sobe medos de errar ou falhar, mas sim buscar conhecimentos, aprendendo a melhorar os seus passos e acções para que sejam menos imperfeitos. Trata-se de ganhar experiência, e no final – tentar evoluir rumo ao nosso melhoramento íntimo.

Sinto-me como que uma criança que dá os primeiros passos, sofrega e cambaleante, mas insistente. Dá dois passos e estatela-se no chão, chora ou sorri, conforme o impacto, mais eis que em segundos se endireita, cambaleia e espeta mais seis passos rápidos de alegria e moral. Força de viver na sua versão mais pura, na mesma forma que deve ser quando se procura crescer ser ser em altura, ou nas frugalidades do poder mundano.

A taça é nossa!

É uma alegria ver o meu povo contente. É bom sentir os festejos e o contentamento por uma vitória desportiva que enobrece a minha cidade desfraldando um orgulho de ser portista como há 17 anos atrás.

Desta vez foi mais difícil, o que aumenta o mérito dos campeões. São já uma constelação que vai ficar na história, ao terem igualado o Liverpool ao ganharem dois canecos diferentes em épocas consecutivas, um feito quase inatingível num tempo de SADs milionárias por essa Europa fora. Só mesmo o meu clube seria capaz!

Parabéns FCP!!!

A necessidade de abraçar a época em que vivemos está a tornar-se uma obsessão para milhares de trintões como eu. A geração que esteve na adolescência nos anos 80 cresceu embebida num sentimento sem causas nobres, apenas o consumismo e a perspectiva reganomics de que do outro lado não se vivia tão bem como cá.
O Muro caiu e o comunismo também: tudo ruiu.
O crescimento económico estagnou, a industrialização regrediu. A terciarização social está na sua magnitude. A globalização é já a hidra e não uma promessa de riqueza.

Recordo-me da primeira vez que fui até a um restaurante MacDonalds. Era o supra-sumo da sofisticação, um ambiente moderno e inovador, numas férias em Espanha. Hoje não imagino nada mais ridículo do que considerar moderno e sofisticado comer um hamburger e batatas fritas…

O comunismo e a URSS não são mais o bode expiatório, nem a questão do enriquecimento económico parece ser importante. A falência de valores com que crescemos, faz agora que muitos dos trintões actuais se refugiem em saudosismos ou em curas milagrosas para o nosso vazio social e espiritual.
Não vamos ficar ricos num emprego estável de uma grande companhia, nem vamos viver à custa de um canudo. Não vamos prosperar num país europeizado e rico, nem ter uma vida sem preocupações. Esses sonhos de adolescência foram isso mesmo: sonhos de adolescência.

2. A caminhada

Necessito urgentemente de reviver a minha capacidade de escrever como forma de catarse de emoções acumuladas. Em seis meses a minha vida foi revolucionada por inúmeras acções a enredos originais que me fizeram crescer mental e espiritualmente, como nunca antes. Dir-se-ia que em seis meses cresci tanto como em seis anos.

Estou a evoluir categórica e indesmentivelmente para um novo e renovado ser, mais maduro e ponderado, e, sem margem para dúvida, indiscutivelmente mais humilde e sereno. Mesmo assim, ainda subsiste, o refugo e os resíduos de uma alma mais atormentada e perdida, como antes era, e em situações de limite as falhas submergem, para minha insatisfação, mostrando o quão ridículo e mesquinho eu era, e como ainda tenho uma caminhada longa pela frente.

O caminho esta ainda algo por traçar, mas as metas já se vão esboçando, como promessas de uma Terra Prometida, como um paraíso que apesar de estar distante, está apenas a umas quantas léguas de caminhada insistente.