correr

Já tinha sentido que a força centrifugadora e trituradora da grande cidade me ia atormentar. Como num fascínio constante, como algo de irresistível, mas que sabe de muito perverso e perigoso. A grande cidade é um inimigo latente que sorri e seduz a cada instante.

O lello-mor revive o seu karma e decidiu juntar os trapos para seguir viagem à grande cidade, terra de oportunidades que na minha cidade lhe são veladas. Buscar emprego não está fácil neste dias de depressão económica, (se não é que seja estrutural no nosso país) e como é tal um homem tem que sujeitar.

Para ser franco não tem que ser um drama, mas eu sei bem o que custa fazer tábua rasa do nosso território, do nosso circulo e do nosso cantinho em que se tem os pés assentes no chão. É piegas, custa a abandonar, eu sei.
Mas só evoluímos quando tomamos decisões e avançamos, nem que seja a custo, ou a ferro e fogo. A vontade de mudar e abrir novas opções, novos caminhos por percorrer, mas principalmente encontrar novos horizontes abre-nos a consciência. É a passagem do televisor a preto e branco da vida para uma Stereo Nikam. É como levar com Full Stereo Dolby Souround quando se está habituado ao rádio a pilhas do relato. É como um reclame da Old Spice após um filme do Manuel de Oliveira. Há o contraste que alarga os tais horizonte e potência a nossa alma, liberta a nossa consciência de impurezas e que em suma nos faz viver ao contrario das pessoas-carneiros.

Abandonamos o rebanho de tempos a tempos para ser raposas errantes em busca da nossa subsistência, nem que para isso tenhamos que atravessar o deserto. Enquanto o rebanho defina, a raposa deambula, come o pão que o diabo amassou, mas cresce e faz-se esperta e autónoma e forte. E é livre.

Ser-se Lello é dificil. A raça gitana é amaldicioda, proscrita e tantas vezes maltratada. Contudo é livre. Livre de fazer, de pensar, de agir. E tudo porque não tem nada a perder. Nem propriedade, nem casa. Apenas respeita os seus iguais. Os outros são os gajos. As pessoas-carneiros.

Coragem Lello-Mor. !

Lello amigo,
o povo está contigo!

De sílabas de letras de fonemas
se faz a escrita. Não se faz um verso
Tem de correr no corpo dos poemas
o sangue das artérias do universo.Cada palavra há-de ser um grito.
Um murmúrio um gemido uma erecção
que transporte do humano ao infinito
a dor o fogo a flor a vibração.

A Poesia é de mel ou de cicuta?
Quando um poeta se interroga e escuta
ouve ternura luta espanto ou espasmo?

Ouve como quiser seja o que for
fazer poemas é escrever amor
a poesia o que tem de ser é orgasmo.

José Carlos Ary dos Santos

Muqueca

Verdade seja dita que os meus ossos hoje estão meios partidos, e que a minha cabeça parece que vai estourar, ao estilo de estar a dar um concerto de uma banda chamada “Acidente genético” ou “Thor’s metal” com o meu craneo como palco.

Aquilo que nuestros ermanos chamam, e bem, «rota del bacalau» é uma armadilha a que é difícil resistir. Durante a semana dá-se no duro mas ao fim-de-semana é uma festa pegada. E depois o corpo é que paga!

Para piorar as coisas 4ª à noite – véspera de feriado – deu mens drink night acabando eu e o Dr. P. a deambular nos piores buracos nocturnos da cidade. Sexta-feira foi dia de repasto no Oxalá com muqueca de gambas na companhia de N, que também se recente de chatices no trabalho. N. raramente é um inconformado mas estava triste e fora de si. Creio que se tomou conta da primeira experiência de injustiça laboral. Algo que eu tive uma grande escola no Passado, para dar e vender, e até para fazer um compendio, ou um anexo de actualização ao “Príncipe” de Maquiavel. Até vi Chi. para recordar isso.

Mesmo assim deu para passar uns momentos com M. J, e A. na galhofa. E no Trivial! 🙂
Escusado será dizer que sábado, apesar da boa companhia não estava capaz de animar para uma noitada, nem às custas de estimulação eléctrica

Agora, a porra do aumento do IVA está a transformar em correria e barafunda o exército de retardatários que querem fazer as ultimas “comprinhas” antes da cartuchada dos 2% extra…

O último dos Lellos

Não será propriamente uma raça em extinção, mas é certamente um caminho difícil que muitos não querem seguir. Não é fácil trazer a casa e os pertences numa mala de cartão e buscar um novo paradeiro, onde afinal não se vai parar.

É a raça e a força interior dos que não vacilam perante os novos desafios e suportam a crueldade do constante abrir e fechar de portas. Talvez o gozo de abrir novas portas e não saber o que está do lado de lá seja a pimenta da vida, mas há sempre aquela bofetada seca quando se ouvem as dobradiças a ranger e a porta a bater. É o sabor do sangue que jorra no nariz depois do baque, que dói bem alma, apesar do trilho que já seguimos.

E muitas portas se têm fechado ultimamente, mesmo para aqueles que menos o merecem.

Mas como um petiz que começa a dar as primeiras pisadas sem andarilhos, cai-se levanta-se, volta-se a cair, tropeçar, esfolar as mãos e os joelhos e a exibir um belo galo na testa, e volta-se a erguer com um sorriso da descoberta e da vontade e levantar-se o orgulho e o corpo até não se cair mais. Até correr e correr.

Os últimos quinze dias de…

Frio? Não, eu uso uma termo tebe e o meu pai também– (segunda parte)

Para ser franco não me apercebi do correr dos dias. Uma nova realidade, novas funções e dezenas de pessoas para conhecer.
Como fiel amigo o sobretudo, novos horários madrugadores, que só se podem conseguir com coragem e determinação e também com a ajuda de uma Termo Tebe.

Como não podia deixar de ser vieram os jantares de Natal com os compinchas de velhas datas e meio atordoado nem me dei conta pelo aproximar da Natividade, se descuidei-me com as compras.

Sexta lá teve que ser com um velho trio: Inspector P e Q num serão de muitos risos e alegria e uns panachés no sabor dos velhos tempos. É bom recordar e continuar velhas mas duradouras amizades.

Compras à pressa. Prendas para a família e para a criançada sempre com mais simbolismo do que valor e cá vai mais um jantar com a velha guarda. Esta quadra já me deixou a ter que apertar o cinto de forma mais masoquista. Que inferno! E vai que M. decidiu demonstrar como se deita abaixo uma meia garrafa de Absolut e se abre um de Eristoff só com o auxilio de uma garrafa de litro e meio de Cola perante o olhar atento mas atónito de uma plateia que se dedicava aquelas delicias que nos eram privadas à uns tempos. A PX1 foi por mim dominada com a técnica do X e Circulo tornando-me quase imbatível perante todos os adversários… Roam-se de inveja!

Ainda sinto na pele o calor do clima e gosto das espetadas em loureiro e da espada. Mas mais que isso sinto na alma uma amizade profunda que a distância e a ausência não conseguiram anular.

Escusado será dizer que como nos bons velhos tempos, enquanto os ossos aguentaram ouve folia e noites sem par e claro as calmarias resultantes de compensação. Felizmente o velhito 205 CTI cabriolet mostrou os 130 cavalos (?) nas subidas até o Pico Ruivo e na Queimada junto a Santana onde foi até ao isolado mas único e de beleza indescritíveis Caldeirão Verde através de uma levada de 4 duras horas para percorrer 13 km. Mas valeu a pena! E voltaria a percorrer aquelas falésias 100 vezes!

Agora na República, longe da RAM e da CMF ando sem vontade para estar online. E vivam as bananas e os furados e as chavelhas … e claro as ponchas de laranja também!

Mais um dia de correria

Algo me diz que vai ser hoje qeu perco o comboio… que stress

Sexta foi uma correria e logo a sair da Casa o meu tijolo foi projectado para o chão. Não sou muito hipocondríaco, nem acredito muito na história das radiações, mas de facto após 2 minutos de conversa ao telemóvel fiquei com umas dores de cabeça que duraram horas.
Para cúmulo, enquanto viajava a minha palm resolveu fazer um rebot e perdi todos os dados ficando tal e qual como veio ao mundo (ou melhor como saiu da fabrica. Como tenho o equipamento todo na grande cidade só hoje pude “sincronizar” os meus posts e notas! Será uma conspiração dos meus gadjets para me porem doido???

quem diria que hoje as coisas correriam tão mal, mas isso me fizesse mais feliz.

Sinto que hoje vai ser uma correria…

Será que é desta que perco o pendular?
Tanta coisa para fazer e tão pouco tempo … e viva o stress e os enfartes!!!

A lei de Murphy que tandos danos faz sempre se abateu sobre mim. Felizmente nada como um bocado de bom humor para colmatar os rios de azar.

Ma. e E. estão a trepar as paredes e Bob vai ficar sozinho enquantos os animais com 300 milhões de anos entregam a sua alma ao criador.

A Fauna que vejo no dia-a-dia está cada vez mais a afectar-me por me não afectar. Como é simples passar a ignorar e a hostilizar pelo desprezo aquelas pobres almas que se arratam nas tristesas que a big city reserva para nós. Estarei a tornar-me naquele ser plástico que usa a sua redoma social e desvia o olhar impávido? Talvez… ou tavez esteja a roer a minha própria alma por me seitir excluido e escorraçado nas raízes que sinto na minha terra Natal.

Ostracismo? Antipatia? Condenado à sombra longe da luz. Onde os cavaleiros de luz não me podem socorrer, nem os anjos chegam. Numa cave de miséria e de sofreguidão.

Volta…

Afinal a minha psicose não está assim tão evoluída.
Como dizem sou um psicótico . comtido que apesar de sonhar acordado e ter muitos desequilíbrios não uso gabardina e procuro senhoras descuidadas para expor o meu falo, nem acredito que os marcianos comunicam comigo e que vivem nas canalizações do aquecimento.
Não tenho nenhum prazer especial na tortura e decapitação de gatinhos, nem em visitar os cemitérios durante a noite nas expectativa de encontrar um corpo feminino fesquinho.
Dentro em breve vou percorrer a grande cidade com um brilho no olhar e quem sabe se trocares o teu olhar com o meu sintas um arrepio. Quem sabe…