Dias

Saltar o ano, não é propriamente um acto feliz em si. Geralmente fazem-se algumas contabilidades, e coloca-se na balança tudo que se abateu de positivo e negativo nas nossas vidas e por vezes o fiel da balança pode tender para o lado que não gostamos tanto.
Mas mais que pesar o ano, e uma altura de selar arquivos e meter um ponto final em muitos imbróglios que nos perseguiram durante os últimos 365 dias. Acho que eu prefiro usar sempre a mentalidade de que cada ano é uma nova etapa da nossa vida e que usamos o marco das 23:59:59 de 31/12 para fazer um pulo mental, e enterrar tristezas passadas. Passado é passado, agora é só para a frente, rumo ao futuro.
Este método de arrancar a folha do calendário e o queimar totalmente ajuda a nossa higiene mental. Nada de ser carpideira choramingona com toda a sujidade levantada, e sem olhar para trás pensar antes na rota a seguir no novo calendário.

Mas antes de acabar em grande 2002, o ano de todas as capicuas, nada melhor que uma ida até a triste Vigo, que apesar de pesarosa, revoltada e irada, empunhando o “Nunca Mais” por tudo que é canto. M. estava na grande cidade e não deu para atender à nossa escapadela não programada, com o A. e J..
Mas havia algumas coisas mudadas, em especial o mítico Hostal Categoria, que estava fechado para remodelação(?!?!). Fez-me bem levar um último banho do ano, muito embora J. se tenha furtado à noitada. Coisas de iô-iô… É pena saber que J. está a perder o Norte e não quer ver a bússola. A. já veterano nestas andanças é que me acompanhou. Depois foi uma injecção de Senhor dos Anéis de rajada que soube pela vida.

E 31 lá fui rever o lello-mor à grande cidade para uma passagem de ano singela, mas marcante.

Pouca-terra, Pouca-terra, Pouca-terra… Cantanhede !

Na época natalícia que passou não posso afirmar que foi uma época muito especial e repleta de felicidade. Mas não se trata de finalmente ter descoberto que o Pai Natal é uma grande patranha e que quem o vestiu e promoveu como ícone desta altura do ano tão especial foi a Coca-Cola Company. Provavelmente a MacDonalds, ainda não existia na altura, senão poderíamos ter os palhaço Ronald a descer pelas chaminés dos meninos em todo o mundo para distribuir presentes e os patéticos oh-oh-ohsss.

Mas não odeio o estilizado velhinho barbudo (que pode até estar relacionado com o escandalo da Casa Pia), nem as suas renas amestradas e o resto do freak show que inclui duendes no Circo do Pólo Norte. A tenda é outra e não posso defender que o Equinócio de Inverno não me afecta. Nota-se o calor humano, o reencontro de famílias e amigos, a palavra da paz e esperança transbordam e espalham-se pelo povo católico.
Há sempre uma esperança, mas que é transporcada e estripada pelo consumismo desenfreado e pelos seus apelos circunstanciais, as solicitações de última hora.

As prendas, as prendas, as prendas e mais prendas. Os $ifrões, os $ifrões, os $ifrões e mais $ifrões. As compras, as compras, as compras e mais compras.
Parece que tudo se resumiu a isso. E nada como pensar desta maneira algo lúcida para se mergulhar numa revolta contida numa apatia invernal. Venha o próximo s.f.f. Em Novembro de 2003 temos mais.

Mas a canção do Natal não tinha apenas uma letra que falava de misérias humanas.
Houve um ou outro verso que fugia ao refrão. Deram-se dois grandes jantares da praxe, com amigos que estão muitas vezes perto do coração mas longe da vista. A um deses jantares tive o infortúnio de calhar no mesmo dia que a D.Deolinda faz anos, o que me fez chegar só para a sessão de anedotas. O outro foi uma orgia digna do deus Baco. Dizem as crónicas que ele agora anda disfaçado de menino Jesus e os três Reis Magos são as concorrentes a Miss Playboy Portugal… N. até consegui embater nos 130 cavalos ao sair da garagem da vivenda, que obrigatoriamente o inspector P. e Q. queriam investigar.
Era preciso ver que já tinham sido 6 botelhas e as meninas tinham um bilhete a avisar que chegavam só às 4 da matina. Escusado será dizer que estive mais morto que vivo no dia seguinte no escritório.

Depois o Nokia começou a tocar, a apitar. Parecia parvo, debitando telefonemas e SMS´s a torto e a direito de old friends, alguns deles que até já não tinha contacto. Ví-me a dar cabo do meu saldo também. Era a febre que eu também adiro com facilidade. E também ví o meu irmãozito depois de uma longa ausência sem dizer água vai. Como é costume fez umas borradas e tem as suas crises de consciência, saindo da sua Cuba adoptiva para regressar a República por uns dias. Foi uma boa prenda de Natal! E as mensagens das gajas também! Especialmente de…

E depois, o ano aproxima-se do fim. Mas isso é uma outra história.

Questiono-me se perdi a capacidade de escrever um par de frases interessantes. Na minha adolescência fervilhava de ímpetos que só eram refreados com um caneta de tinta permanente e uma folha de papel nívea e espessa. A caneta deslizava velozmente desenfreada e incólume a qualquer interferência externa. Á luz de um candeeiro, a avançadas horas da noite, o fulgor da alma lançava lufadas de palavras sinceras e íntimas, cheias de secretismo e magia.

Hoje, a minha capacidade de escritor desenfreado da noite está quase extinto. Já não ouço a musa, e as veias estão murchas, enquanto matraqueio um teclado gasto. Os ímpetos permanecem, só que esbatidos num nevoeiro serrado de mente cansada, e alma esquecida de como vomitar as ânsias do intimo. As tripas do nosso inconsciente estão amansadas por uma dieta rigorosa, na imagem que seguimos de normalidade.

Se na adolescência alimentava o secreto desejo de produzir poesia ou prosa literária que seria reconhecida, e qui çà, tornar-me um escritor famoso, pelo qual o instinto feminino se derretesse e idolatrasse o chão que eu pisaria. Mas o destino e o fado não o permitiram e condenaram-me ao esquecimento da banalidade dos leigos.

Recordo como se fosse hoje o dia turvo que queimei de impulso todas aquelas folhas já amarelecidas que se esbateram em chamas e fumo. Mais tarde julguei ter sido um mero sonho ou ilusão, e que a “Fênix Renascida” , “Mergulhando no Mar Absurdo”, “Doce terna adormecida”, “Sangue derramado” iam estar ao alcance da minha mão. Erro meu. Estavam mortas, reduzidas a pó e na minha memória só restavam cinzas de um subproduto disforme de noites de vigília.

Foram-se de vez, mas contudo descansam em paz, protegidos do meu revivalismo.
E quem sabe talvez a veia apesar de murcha ainda não secou totalmente. E tal como o mito da Fênix, renasça das suas próprias cinzas, ao contrário dos pelicanos côr-de-fogo.

Há muito anunciado, o fim do Passado, parece que finalmente se está a desenrolar. Digo finalmente, não que desejasse o enterro do Passado, ou o seu fecho, mas sim pelo alivio de ver o fim de uma agonia prolongada e arrastada, que tantas vitimas inocentes fez…

Passado é Passado, e não há necessidade de chorar por tempos idos. Para além de já ter exorcizado há muitos dos meus pesadelos o sapo-boi, (essa Hidra que todos que alguma vez se cruzaram com ela, a odeiam sem excepção por ser um ser vil, interesseiro e mais enganador e traiçoeiro que Judas Iscariotes) a sua morte anunciada há mais de um ano, apenas tarda de tão inexorável que é…

Espero é que a menina dos meus olhos – a d. – sobreviva, em outros moldes e que não seja esquecida ou fique pausada no tempo.

Imagem do  Passado   - R. I. P

Não vale a pena negar.

A vida é uma constante mutação inexorável. O nosso corpo envelhece logo a seguir ao primeiro berro após o parto. A nossa mente e consciência cresçam sempre até ser incapaz de funcionar. É isso. As coisas mudaram bastante na outra semana. O céu não desabou, nem foi preciso lançar os botes salva-vidas, mas a estabilidade quotidiana foi ligeiramente retorcida . Há um par de desvios por motivos de obras no meu dia-a-dia. Os semáforos não estão sincronizados e alguém deixou o carro mal estacionado a dificultar o trânsito. Gasto mais tempo para lá chegar.

Ch. Fazia anos e estive com ele no Sábado. Foi bom rever Ch. e JB. . Apesar de estarem na grande cidade, mantêm uma relação interessante com a minha cidade, e mantêm-se genuínos. Ch. continua a ter uma graça cáustica e a ser um bon vivant e enfant terrible .

E então veio Kitten. – Kitten chegou a uma espécie de estrelato, dominando o underground da cidade. O seu nome bastou para encher o Sá da Bandeira até às 8 da manhã e mesmo não tendo condições nenhumas, a plateia abanava ao ritmo da dança made or inspired in the 80’s. É já uma figura de culto e a produção Hollywoodesca em palco e a sua presença deitaram a casa abaixo. N. ainda teve um cheirinho amargo pois tinha que trabalhar dia seguinte. E Ch. parece ter-se rendido ao Kitten Fan(ky) Club.

Mas a chuva carrega melancolia e o frio a apatia. Os últimos dias são mais lentos a passar e não me apetece fazer nada. O Inverno geralmente tem o dom de me aborrecer e deprimir.
Preciso de novos horizontes urgentemente. Quem sabe N. me endromine uma viagem ao Brasil. Faz 5 anos que lá não vou, e fazia-me falta de voltar a estar empregnado naquele espirito e energia forte.
E mulatas! Miham – miham…
Quem sabe…

A semana passada começou muito triste. Soube que o Lello ia voltar a ser Lello, que a cunhada de J. morrera, que N. está a atravessar um momento de desamparo e esta sem rumo. A. também não tem muita sorte…

Só desgraças, e para piorar só mesmo os intrincados problemas para resolver no trabalho.

Mas o universo é feito de equilíbrios sóbrios e inexplicáveis. A balança da existência sucede inequivocamente equilibrada se pararmos para pensar. Só que esse equilíbrio surge a outros níveis e na nossa miudeza não as apercebemos. Afinal Lello-mor vai para uma situação melhor, por exemplo. O seu benefício talvez seja muito superior, nalguns aspectos e inferior noutros equilibrando-se.

Eu também abracei a notícia de que a empresa que trabalho e a melhor PME do ramo, segundo a revista Exame. Um prémio salutar.
E G. voltou para dar alguma pimenta à minha existência. Afinal não foram só derrotas. Foram também vitórias.

E o fim-de-semana foi muito melhor… mas isso é outra história…

Fica para mais tarde…

Já tinha sentido que a força centrifugadora e trituradora da grande cidade me ia atormentar. Como num fascínio constante, como algo de irresistível, mas que sabe de muito perverso e perigoso. A grande cidade é um inimigo latente que sorri e seduz a cada instante.

O lello-mor revive o seu karma e decidiu juntar os trapos para seguir viagem à grande cidade, terra de oportunidades que na minha cidade lhe são veladas. Buscar emprego não está fácil neste dias de depressão económica, (se não é que seja estrutural no nosso país) e como é tal um homem tem que sujeitar.

Para ser franco não tem que ser um drama, mas eu sei bem o que custa fazer tábua rasa do nosso território, do nosso circulo e do nosso cantinho em que se tem os pés assentes no chão. É piegas, custa a abandonar, eu sei.
Mas só evoluímos quando tomamos decisões e avançamos, nem que seja a custo, ou a ferro e fogo. A vontade de mudar e abrir novas opções, novos caminhos por percorrer, mas principalmente encontrar novos horizontes abre-nos a consciência. É a passagem do televisor a preto e branco da vida para uma Stereo Nikam. É como levar com Full Stereo Dolby Souround quando se está habituado ao rádio a pilhas do relato. É como um reclame da Old Spice após um filme do Manuel de Oliveira. Há o contraste que alarga os tais horizonte e potência a nossa alma, liberta a nossa consciência de impurezas e que em suma nos faz viver ao contrario das pessoas-carneiros.

Abandonamos o rebanho de tempos a tempos para ser raposas errantes em busca da nossa subsistência, nem que para isso tenhamos que atravessar o deserto. Enquanto o rebanho defina, a raposa deambula, come o pão que o diabo amassou, mas cresce e faz-se esperta e autónoma e forte. E é livre.

Ser-se Lello é dificil. A raça gitana é amaldicioda, proscrita e tantas vezes maltratada. Contudo é livre. Livre de fazer, de pensar, de agir. E tudo porque não tem nada a perder. Nem propriedade, nem casa. Apenas respeita os seus iguais. Os outros são os gajos. As pessoas-carneiros.

Coragem Lello-Mor. !

Lello amigo,
o povo está contigo!

Após uma semana de trabalho sem vida própria, esta carcaça velha estava numa de espantar os maus espíritos. Halloween como os anglo-saxónicos lhe chamam…

Por cá a noite das bruxas acaba por ser uma festa recentemente descoberta, com mais carisma wicca que tradição propriamente dita.

Usando um pouco de imaginação, e dando largas à fantasia, eu, M. e A. resolvemos embarcar numa das nossas fantasias preferidas. É verdade!

Feticismo ou não, o imaginário romântico (sec. XVIII) misturado com a sub-cultura vampiresca tem uma estética muito singular de um teor erótico algo estranho mas intenso. E eis-me num bar gótico na festa de Haloween!

Bizarro ou não, os meus olhos deglutiam avidamente aquelas criaturas pálidas, aquelas jovens com ar frágil mas simultaneamente perversamente poderoso e irresistível. O negro largo contrastando com decotes reveladores de zonas níveas. Aqueles pescoços circundados por faixas negras, dois quais nunca consigo desviar o olhar… As sombras negras realçando um olhar penetrante e algo demente…

A libido efervescente numa estética definitivamente fetichista ma non tropo….

A música fazia juiz ao clima e adensava o enredo, passando por alguns locais comuns da minha juventude como Sisters of Mercy, Mission, par citar os mais emblemáticos e kitch dessa vanguarda gótica. Mas havia lugar para sons mais elaborados, chegando mesmo a baixar até ao euro-dance.

Gostei, quero mais!

Vou demorar a recuperar dos exageros festivo-gastronómicos para que fui requisitado durante o fim-de-semana passado

A gula será sem dúvida um pecado muito praticado nos tempos que passam. Acho que a cultura portuguesa sempre foi alicerçada nuns bons comes-e-bebes, tainadas, e vinhaça, mas ultimamente torna-se moda ir mais além… Não que eu me queixe, pois também sou um grande pecador…

MEA CULPA

N. fez anos. Como grande co-mentor do clube gurmet, seria uma irresponsabilidade não fazer um pequeno jantarzinho num dos melhores restaurantes da cidade. A Jo., fofa I., alegre A., loira J. eu, X., e P. tivemos um jantar excepcional, que se não fosse o adiantado da hora e o meu cansaço por uma horrorosa sexta de trabalho duplo, teria ficado nos anais…

Mas a piece de resistence seria o casamento no Sábado do R. e da lisboeta Amelia. J. , M, mais Ma. e a futura, também atenderam à chamada. A boda foi soberba após uma cerimonia bem bonita.

O meu caro amigo “Jonas”, com o qual fiz muitas noitadas estudantis e férias galegas, um louco Don Ruan (nem sempre bem sucedido), era o responsável pelo magnifico copo-de-áqua.

“Jonas” montou um estaminé de catering para bodas. Para ser franco há dois anos atrás, não iria imaginar que aquele complicado louco, muito histérico e amigo de proezas noctívagas indescritíveis, fosse capaz de montar um negócio com tanto sucesso – e diga-se de passagem – com tanta classe. Não que duvidasse da capacidade ou empenho do “Jonas”, mas sim se teria uma oportunidade do destino. E parece que realmente tem uma nova e boa estrelinha!

As estrelinhas do destino somos nós que criamos… As positivas ou negativas. A questão é saber como alcançar aquela que queremos que nos marque a vida.

O M. lá andou a babar-se por uma alfacinha e lá deu uma…
De dom Ruanito, enquanto eu e o J. nos pisgamos da Quinta de S. António para mais umas deambulações…

E o resto foi o cabo dos trabalhos…

Apesar de uma semana exaustiva, a fazer dois serviços em simultâneo (a filha de uma colega adoeceu), o que quase me deixou próximo de voar sobre um ninho de cucus… As ultimas semanas têm escoado entre o cansaço, excesso de horas de trabalho e ainda mais cansaço -> (como quando o disco do servidor do trabalho deu tilte e o backup era da semana passada -> resultado: 16 horas extras para recuperar a facturação e contabilidade).

Mas nem sempre de trabalho vive o homem, e dos cansados não reza a história.

R. velho colega da faculdade, ele também forçado a ser emigrante na grande cidade, está prestes a casar-se com uma ex-candidata a miss Portugal de Azeitão. Com esse mote, M., J. e eu arranjamos um bom pretexto para darmos uma escapadela a Vigo e voltar a nossa Galiza amada.
A principio o meu corpo estava a recusar a ideia de maus-tratos, já de véspera se queixava. Mas o sono veio e 14 horas NON STOP ajudaram a retemperar forças.

Nada dessas despedidas de solteiros que servem de metáfora masculina para ir às putas e tentar organizar, orgias, sorubas ou bacanais. Tratou-se mais de um simples passeio de descompressão, com um bom jantar, regado com “Côto”. Boa conversa, saudades daqueles tempos. «lembraste daquela vez que…», «que é feito da…», «e quando o fulano disse…» … Veio a segunda de “Côto”
Depois a tequilla en ferro da praxe, e as deambulações exigidas pela capela,o Chicago,o Ferrer…

Mas antes de recolher ao hostal “categoria” fomos
à capital do norte ibérico em termos não de má vida, mas sim em música alternativa – o Vademecwm.
Fantantico! O sítio é quase uma descida aos infernos e uma subida aos cêus em simultaneo. Diabinhas e anjinhas q.b.… O ritmo ribombava ao melhor estilo dos clubs mais conceituados da europa, com que nos perdemos para finalizar a noite. É costume ter lá concertos agendados do “quem é quem” da música alternativa, de artistas, DJs e MCs que possivelmente nunca viriam a Portugal.

Ainda segui umas horitas de batida e folia agradáveis.

E dizem as más línguas que aquilo dura até ás 10 da matina… Isso não sei, pois queria dormir umas horitas… E depois dormimos e voltamos a Portugal.

É como tudo. Resta-me uma semanita a tentar ver onde perdi a cabeça e se as dores musculares passam…

Ir até ao médico pode por vezes ser um desespero para mim. Não que tenha uma dessas fobias parvas, como o pavor a dentistas médicos ou hospitais.

Se tenho algo semelhante a pavor isso será em relação a esperar tempos esquecidos nos consultórios, rodeado de pessoas-ovelhas como é costume nestes locais.

O habitat ideal onde podemos observar uma grande concentração de pessoas-ovelhas é sem dúvida nos consultórios médicos. Estão mais dóceis que nunca. Olham com os seus olhitos receosos e aparentemente desinteressados, como que esperando a matança do rebanho.

Eu não… Apenas sinto o desconforto da espera, o fedor da paciência alheia e a minha revolta pelo karma e sentimento de impotência perante a impossibilidade de fazer um fast foward no controlo remoto da vida.

Tenho compaixão pelas pessoas-ovelha, mas estas fazem-me nojo. São previsíveis e simplórias. Doces mas demasiadamente servis. E o lobo anda aí!… Acho que todas as pessoas-ovelhas confiam num pastor fictício e nalguns cães pastores da vida. Não são capazes de abandonar do rebanho. Esse rebanho faz parte da sua protecção e por estranho que pareça, é esse rebanho a sua razão de existir.

Enfim, creio que sou uma ovelha desgarrada.

Sempre fui muito céptico e positivista. Contudo este fim-de-semana tive que rever o descrédito que dava à astrologia.

J. falara-me de Pete, um sujeito inglês muito afável que estava a viver na minha cidade, e que curiosamente é astrólogo amador.

Agora que Peter está sem emprego e se dedica a escrever um livro sobre os astros, decidi dar uma ajuda ao rapaz.
Confesso que fiquei curioso, já que J. ficara KO com a leitura milimétrica que lhe tinha feito…

Peixes com ascendência em Balança, com o que Pete chamou uma personalidade complexa com a antítese a 45° de Neptuno e Urano. Mas explicou porque essa dicotomia, e a par e passo descreveu a minha personalidade. Fiquei KO também.

Pior foi dizer com exactidão cronométrica (acertando mesmo nas semanas!) de eventos que me afectaram, que pelo bem, quer pelo mal, nos últimos anos.

Acho que acabei por saber mais sobre mim. E se muito que sinto esta assim escrito nos astros, de certa forma não me aflige tanto. Acabei por perceber melhor alguns dos meus defeitos e predicados.

Quanto ao futuro:

Vai-te embora Plutão!

Para quem estiver interessado, Pete faz a leitura por 25 ?, mas convém perceber bem inglês, pois o português do moço é algo incipiente. Mas dá direito aos mapas e também a uma cassete audio para se digerir mais tarde toda a explicação.

Deixo mail de Pete Watson a quem quiser marcar uma consulta…

Esta história de formatar computadores já trás água no bico. Depois de passar 15 dias a configurar o PC como eu gosto, a meter uma tonelada de bytes em software (sacado da net e logo crackado como deve ser), passado horas a tentar todas as minhas 300.000 passwords antigas dos 107 web$ervices que tenho, eis que o Windows dá tilt não recuperável dos backups que tenho.

format c: /a

Volta a estaca zero…

Depois a placa gráfica da problemas. E o sistema não faz upgrade.

format c: /a

Volta a estaca zero…

Assim fico psicótico… E sem poder escreveraqui!

Zil!!!

Não há musa inspiradora que aguente!

Faz bastante tempo que não escrevo! Mas tenho tido algumas razões para isso. Não é indesculpável de todo mas justifica a minha “ausência psicótica”.

  • Novas paixões,
  • novo computador (de *uta madre, e respectivas configurações intermináveis – afinal o XP é uma valente merda),
  • casa de praia lonqe de netcabos, ADSLs, SICs Radicais e afins
  • FÉRIAS versão 1 – com o M. e A. literalmente perdidos em España! – Fazendo o roteiro dos hostais, com muito Aseréje
  • Curso de Baleias voadoras com treino semi-militar, mas com contratempos climatéricos e avionetas ausentes,
  • FÉRIAS versão 2 – repouso absoluto a 200 mts da minha praia por uma semanita
  • FÉRIAS versão 3 – compadres stile em Mina da Juliana, no mais profundo Alentejo, entre Ferreira do Alenteio e a singela Beja.
    Ah Sopa de Cação, ah Gaspacho, ah Bolo de Ralo, ah queijinhos de Serpa, ah Coentrada… Que pecadilhos cometi que se converteram em uns kilitos extra… Piscina exterior, interior, banho turco, btt a assustar avestruzes, cavalos do picadeiro e uns touritos no monte!
    Gaijas!!! Gaijas!!! Gaijas!!!
  • Gripe e afins no regresso do guerreiro.

E assim foi… !

Parte IV- A batalha do alho porro

Os estragos acumulam-se ao longo das semanas. Tuda a minha ” TO DO LIST” privada está já pendurada e acumulado dezenas de entradas. Contudo se a preguça e o lamber das feridas me paralisam, não consigo dizer não a fazer parte de mais desacatos. A semana foi uma espécie de vazio existencial, como uma ponte entre duas margens.
Tentativas de apanhar Sol e afins. Sábado à noite recatado embora as meninas estivessem cheias de folia. E o mexicano estava uma cantina.

J. fazia anos e fiz um pequeno estágio no que se antevia uma grande noite. Mas nunca me poderia passar pela cabeça que pelo terceiro ano consecutivo teria uma das melhores noites da minha vida, justamente na noite doida mais longo.
Ofereci o holy grall a J. e fomos ao chinês.

Logo Car. e a vianense Lia lideraram a quimera desde o Amial até Miragaia onde adquirimos aquelas belas armas de guerra chamadas Alhos Porros. Rapidamente eu A. J. e M. formamos uma falange capaz de trespassar qualquer moçoila mais engraçada, chegando mesmo a acatar as ordem de Car. qual Alexandre Magno. Lia sorria extasiada com os hábitos latinos e os nossos esforóos patéticos para levantar um balão mostraram-se realmente patéticos. Pareciamos canalha, mas foi realmente divertido.

A batalha durou e os heróis que arduamente se bateram não bateram em retirada antes do bailarico dar sinais do seu fim. N. e Jo. também não faltaram, já como reincidentes. Até Chi e JB vieram de rompante.

Quanto ao S.João só me resta esperar pelo próximo ano. Tou viciado.

Os danos causados foram imensos e a mente mostrou-se corrompida. Felizmente até deu para ver o amanhecer no Douro, ali bem por detrás do Voice num daqueles sítios secretos que a cidade tem. Foi refrescante e enternecedor.

Parte III- Kitten versão 4 – Bild 62002

A tarde não se mostrava particularmente interessante. Apesar de estar na esplanada da minha praia a conspirar a noite com N. estava letárgico, como naqueles momentos em que se sabe que só se pode esperar.
Encontrei-me com os veteranos sobe o lema da visita do emigrante R..que partiu para a grande cidade. Os velhos senhores, entre os quais M. e J. faziam uma alegre cavaqueira em honra aos caídos como Ma. e cucaman.

Não se poderia prever nem descrever em palavras o que se seguiu. O jantar soberbo no TX só serviu de prenúncio para uma noite mágica e sem regras. I. dançava freneticamente no seu debut no kitten revelando-se a party girl que eu nunca imaginei que fosse. Mesmo quando a “gente gira” dominava o centro dos acontecimentos marcávamos presença aos apelos hipnóticos e revivalistas de kitten.
N. e Jo. renderam-se mutuamente numas tréguas de reconciliação que está a abrir caminho a uma nova empreitada. J. apesar do cansaço, sorria e pulava em êxtase. Dr.P até polvilhou um very-ligth quando já se fazia dia.

As nossas expectativas eram satisfeitas muito para além do recomendável.
De novo Domingo foi comatose total com danos evidentes a nível muscular, pulmonar e cerebral. Ainda tentei apanhar Sol, mas antes do lanche voltava a ressonar com inegáveis mazelas. Mas sem qualquer tipo de remorsos!

A preguiça, o cansaço, o stress – e as doces loucuras tem afastado esta alma penada das suas reflexões. Mesmo assim tento hoje repor alguns fotogramas das últimas semanas.

Parte I – Melros e Afins

O sol não cumpriu a sua promessa e mais uma vez não me pude deliciar de papo para o ar… S.Pedro este ano está um estupor verdadeiramente sádico. Durante a semana transporca-nos com calor insuportável e Sol e ao fim de semana toma lá céu nublado.

Algumas pontas soltas que ensombravam o trabalho quase me tiraram o sono. Eram rajadas de stress injectadas nas veias logo de manhã cedo e cujo efeito durava até as 7, altura em que o meu cérebro preferia jogar ao iô-iô emocional e recusava-se a desferir mais de que um pensamento de 5 kb por hora.

O sofá e a TV eram só um pronuncio para um adormecer rápido a ver uma treta qualquer… !! Take 2 ! Take 3! Take 4! Take 5! Que semana estúpida!

Em raiva o clube “Groumet” foi mudar de ares para o “Solar dos melros” mas não ficou convencido. Mesmo assim a conversa foi aprazível e até profunda. Não muito matcho e bastante sincera. E onde ir depois?

Surpresa das surpresas no TX – uma madrilena arrebentava a escala mostrando que kitten ñ estay solo.-Se Dr.P. não tivesse armado um esquema pouco próprio com umas chavalas, teríamos lá ficado muito para além das 5! E lá tivemos que ir até ao Estado Negro. Pra variar deixou o telemóvel no carro do N.! 

Domingo foi comatose total! Só me levantei quase quando o dia se punha… Felizmente havia o feriado. Conversa de café com M. em apuros com a tubagem (pobre moço). Gasto com os amigos… ou melhor aproveitado.

Escusado será dizer que sexta-feira a festa foi de outro tipo… Decididamente para os portugueses ”aficionados” foi um dia negro. Mas mais negra é a palhaçada e o mau perder que me embaraça como português…
Afinal no desporto é preciso fair play, algo que o povinho português não consegue assimilar. Os jogadores jogaram mal, o treinador teve falhas e pior que tudo as expectativas eram demasiado altas.

Depois há a cisma do bode expiatório atribuindo as culpas a alguém em particular…
Como diriam certos velhos do Restelo – ”é por essas e por outras que este pais não vai para a frente”…